Rosilene Dias Montenegro


SOBRE AS FERRAMENTAS DA INTERNET NAS AULAS DE HISTÓRIA. OU SENTINDO-SE COMO UM CEGO TATEANDO UM NOVO CAMINHO



Apresentação
A compreensão de que a humanidade vive na atualidade um estágio de desenvolvimento científico tecnológico extremamente avançado, denominado de quarta revolução industrial, faz parte das discussões da área da ciência e tecnologia, em análises de confederações e organizações patronais com atividades em ambientes estratégicos, organizações financeiras, ambientes científicos ou empresariais voltados para ações em inovação e empreendedorismo, e nos grupos de gestores em política cientifica e tecnológica.

As mudanças estão em curso, acontecem em ritmo cada vez mais acelerado em que as inovações em equipamentos e serviços tecnológicos têm sido incorporados no cotidiano de bilhões de pessoas em todo o mundo. Parte da população mundial já se beneficia com o acesso aos produtos e/ou resultados de descobertas e invenções científicas tecnológicas. Mas, ainda é pequena a inclusão social.

O dinamismo dos setores de pesquisa, produção de conhecimento, investimento seguem a lógica mercadológica, e estratégias comerciais para difusão das tecnologias visando retornos monetários e lucratividade, não só objeto de preocupação de historiadores.

Nossa proposta para o debate neste IV Simpósio Internacional de Ensino de História parte da reflexão sobre nossa experiência própria em sala de aula, como professora de um curso de graduação em História em uma universidade federal do interior do Nordeste.

O problema que apresentamos diz respeito com nossa experiência em sala de aula do curso de graduação em História em uma universidade federal, no interior do Nordeste brasileiro. Como ministramos nossas aulas? E que (ou quais) experimentações poderíamos fazer na ministração dessas aulas para aproveitar, usar as tecnologias em benefício do maior envolvimento dos alunos, objetivando um maior aprendizado?

Lugar do qual falamos ou compreensão que temos da educação
“Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.” Partimos dessa filosofia. Disponível em:

Nesse sentido, é que compartilhamos com os colegas deste Simpósio sobre Ensino de História nossa experiência em andamento do uso das ferramentas da internet para a ilustração das aulas e o desenvolvimento do senso crítico para não estacionarmos no tempo. Uma vez que o uso das tecnologias de informação tornou-se uma necessidade para o trabalho em sala de aula nos pressionando a desenvolver habilidades para o uso das ferramentas da internet, e também para a interação com os alunos.

O professor deve ser mais do que o indivíduo com a habilidade de <professar>, ou seja, transmitir de forma clara, objetiva e fluente informações e conteúdos para o aluno. Deve ser um <educador>. Um sujeito comprometido com a construção coletiva e crítica de conhecimentos e saberes sociais para um mundo melhor.

Temos nos sentido provocada a experimentar métodos e técnicas de ensino de História ainda com o uso das ferramentas da internet. Estamos experimentando o uso dessas ferramentas em nossas aulas, não obstante as condições precárias de trabalho e nossas dificuldades própria de habilidade com essas tecnologias. Coisa que nossos alunos parecem já ter nascido sabendo.

Como a geração dos anos 60-70 foi ensinada a aprender a conhecer
Somos da geração que foi aluno/a que teve sua instrução formal no ensino fundamental e médio, e ensino médio técnico na escola pública. Nossa formação no ensino fundamental (antigo Primário) e no ensino médio (antigo Científico, ou Científico técnico) entre 1968 e 1980. Com exceção dos dois últimos anos do Científico, que optamos pelo curso Técnico em Contabilidade, nossa formação foi no ensino público, do Primário ao Doutorado.

Nesse tempo, aprendemos desde o ensino fundamental ao médio a respeitar os professores. Foi-nos ensinado a respeitar a coletividade, a escola, tendo bom comportamento, sendo assíduos e cuidadosos com a aparência, sendo disciplinados (que significava estudar as matérias e estar em dia com as tarefas de casa). Nos era transmitida uma moral baseada em valores para o convívio em sociedade e a paz. Nos era cobrado um comportamento que abria espaço para o coleguismo e solidariedade. Desenvolvemos sentimento de cooperação para com os colegas de classe, a nossa turma na escola.

Esses valores do ensino Primário foram levados para o ensino Científico, onde os laços de turma já não eram tão fortes, e chegamos na graduação com uma realidade diferente, de turma passamos a grupo. Tornando-se basicamente individual na fase da pós-graduação.

No decorrer da formação, em geral não nos damos conta de que a educação é um processo em continua construção.

Esses valores ensinados à nossa geração são em parte as recomendações do relatório da Comissão Internacional da UNESCO sobre Educação para o século XXI, intitulado: “Educação, um Tesouro a descobrir” (1996). Comissão coordenada pelo político e intelectual francês Jacques Delors que organizou e elaborou o Relatório a partir do que definiram como os Quatro Pilares da Educação. O texto “Educação um tesouro a descobrir”, encontra-se disponível em:

Compreendendo que a educação deve ser libertadora e um processo contínuo de aprendizado para a vida em sociedade e construção da paz e um mundo melhor, menos desigual e menos injusto, o Relatório para a Educação para o Século XXI, foram propostos os quatro pilares da Educação. Estes, segundo Jacques Delors, são: aprender a conhecer (aprender); aprender a fazer; aprender a conviver; e, aprender a ser. Ver matéria disponível em:


Como “aprendi a conhecer”
No nosso Primário (ensino Fundamental) e depois no nosso Científico (ensino Médio), os professores ministravam as aulas copiando os conteúdos dos livros no quadro-negro. Alguns professores explicavam o que tinham copiado de forma expositiva, e outros professores somente liam o que tinham copiado. Independentemente da matéria, “aprender a conhecer” era memorizar conteúdos. O espaço da não memorização era o das Artes, quase sempre perpassadas por alguma dificuldade, porque tínhamos que pensar.

Nossa experiência em “aprender a fazer” não se deu na escola, mas no trabalho.

A metodologia tradicional deve ter funcionado para uma parte das pessoas. Aprendemos alguma coisa de disciplinados, respeito, sociabilidade. Mas ainda temos dificuldade em relacionar, articular conteúdos, administrar as rotinas que vivemos. Mas nos falta avançar em soluções para os grandes desafios do ensino em tempos de revolução informação.

Sobre alguns recursos de informática e internet e a familiaridade dos alunos com essas tecnologias
As dificuldades do trabalho condições precárias são comuns às universidades federais do interior do país. Falta-nos um ambiente de trabalho com as condições mínimas como: wi-fi nas salas de aula, projetores de imagem e computadores nas salas e em perfeitas funcionamento.

As condições financeiras dos alunos das ciências humanas são em geral mais baixas do que a da saúde e da tecnológica. No curso de História os alunos são em maioria das classes médias baixas. Segundo a classificação de influência neoliberal baseada nos aspectos eminentemente econômicos: renda (cerca de três salários mínimos, ou seja, o mínimo para não passar fome); propriedade de algum bem móvel ou imóvel; e escolaridade (ser alfabetizado). Todos possuem smartphone, mas só alguns têm acesso à internet. 

Para experimentar técnicas não tradicionais, adquirimos com nossos recursos financeiros os equipamentos e acessórios necessários: notebooks, projetores de imagem, caixa de som, extensão elétrica, e pacote de dados suficientes para uso em sala de aula, os quais levamos quase todos os dias para a aula.

Coisas que acontecem em sala de aula
Há tempos constatamos que os alunos de uma mesma turma não se conhecem pelo nome. Como ministramos disciplinas alocadas a partir do quinto período do currículo, não sabemos como acontece no início, mas  no quinto período os alunos que ingressaram numa mesma turma ainda não se conhecem pelo nome, e pouco ou nada trocam de informações entre si.

A turma é só uma abstração para fins do diário de classe. De fato o que existe são pequenos grupos de três a no máximo seis alunos que interagem. Eles se distribuem espacialmente na classe, em claras delimitações de territórios. Não tem hábito de pontualidade. Alguns têm dificuldade de assiduidade. Poucos são os que leem sistematicamente os textos. E se ministrarmos toda a disciplina com aula expositiva relaxam da leitura.

Esse comportamento à primeira vista desinteressado contrasta com a observação de situações em que revelam muita inteligência, ou seja: “faculdade de conhecer, compreender e aprender”.

Por vezes nos deparamos com alunos mexendo no smartphone enquanto nós professores ministramos as aulas, ou um colega apresenta um texto. O que fazer numa situação dessa? Abrir uma guerra com a turmas ou encarar como um desafio. Então, você pode dar uma bronca nos alunos, e até abrir uma queda-de-braço com o aluno ou com a turma. O que seria um desgaste imenso com consequência certamente muito ruim para o objetivo de ensino-aprendizagem.  Ou tomar essas situações como desafios na experiência de sala de aula.

Como estamos ensinando
Diante do testemunho acima, optamos por enfrentar os desafios. Isso significa optar por aprender sempre. Por não ter medo de aprender, que em nossa condição de professores significa também mais exposição de nossas limitações e inabilidades. Mas, por entender o ensino como parte imprescindível da Educação e a Educação como processo emancipatório e, dependendo da filosofia que fundamenta suas opções pelos modos de fazer. Dentre eles certamente o de provocar os alunos a construir conosco uma disciplina em que possamos no ensino-aprendizagem aprender a aprender.

Precisamos aprender a aprender porque vivemos em mundo globalizado, informatizado e interconectado em internet, em redes sociais. Precisamos aprender a usar as ferramentas da internet não somente para a busca de informações sobre os assuntos relacionados às atividades que desenvolvemos, mas, também da ampla e quase infinita oferta de possiblidades que disponibiliza ao estudante. Precisamos, também, aprender a fazer as questões mais apropriadas à logica de funcionamento da internet. E, por fim, precisamos aprender a fazer a seleção das informações, para em passos seguintes aprender a formar o posicionamento crítico.

Esse pode ser um grande desafio em termo de ensino-aprendizagem, em tempos da quarta revolução industrial. Momento do desenvolvimento tecnológico marcado “pela convergência de tecnologias digitais, físicas, e biológicas”.

Sobre a chamada 4ª. Revolução industrial, ver matéria de jornal ilustrativas de transformações em curso, disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/geral-37658309 (Acesso em 3 Mar. 2018).

São vários os vídeos sobre a quarta revolução industrial como, por exemplo, o vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TXq1TZblc-Q
(Acesso em 3 Mar. 2018) que faz uma prospecção do que poderá acontecer a partir da “convergência de tecnologias digitais, físicas, e biológicas”, e suas implicações na aceleração das transformações.

Logo, como serão necessárias mudanças na prática docente? É possível que o uso de recursos de internet e de mídia resulte na atração do interesse dos alunos pelos conteúdos ministrados. O que certamente será um desafio enorme para os professores que tiveram sua formação da forma tradicional e milenar – nos livros e bibliotecas – ter que substituir seu material por livros e bibliotecas virtuais, para uma geração na qual já se encontram alunos que prefere ler por meios digitais; e considerando os alunos com dificuldades para o acesso à reprodução do texto (popularmente chamado de xerox do texto).

Como, então, elaborar e fazer as aulas com recursos da internet e equipamentos eletrônicos, ou seja: os meios físicos, os digitais, e os virtuais já incorporados ao nosso cotidiano e particularmente à vida de nossos alunos da atual geração?

Como construir uma aula preparada para a participação significativa dos alunos com informações de conteúdo de qualidade intelectual, com contribuições para o entendimento dos temas, com questionamento, suspeita e problematização?

Aprendendo a conhecer com as ferramentas da internet
Este ano de 2018 nos colocamos como meta aprender a manusear os equipamentos de internet. Primeiro para nos livrarmos do constrangimento de sempre depender de alguém que soubesse fazer o projetor de imagens funcionar, a imagem ser finalmente exibida, etc. Investimos parte de nosso salário em um projetor de imagem, um novo notebook com todas as funções possíveis para que o plano de aula proposto desse certo, um caixa de som com bluetooth, incluindo no pacote os adaptadores de padrões de tomadas, e extensão (cabo) de tomada de 5 metros; e um plano de dados no smartphone pessoal que permite a o acesso a internet.

Ou seja, depois de todos esses cuidados, não admitimos mais não conseguir usar os recursos de informática e internet. Sejam em aulas expositivas ministradas pela professora, sejam aulas com apresentações de texto ou seminário realizados por alunos, temos pedido que alguém da turma busque em seu smartphone informações sobre algum assunto surgido na aula. Quando preparo a aula já penso em provocar o uso do smartphone para a busca de uma determinada informação.

Feitas as aquisições dos equipamentos necessários às condições materiais ao uso dos equipamentos de informática e acesso à internet, passamos a parte mais difícil: pensar as aulas de modo que possamos aprender, não somente com a exposição da professora, incluindo-se os textos indicados à leitura, mas também com os usos de conteúdos digitais dos conteúdos propostos ou a ele relacionados.

Estamos na fase inicial dessa experiência. E temos usados esses equipamentos de informáticas e ferramentas de internet em disciplinas diferentes.

Assim, no curso de uma fala, paro em uma informação que destaquei ou que mencionei aparentemente sem maiores pretensões e pergunto: “- tem alguém da turma com acesso à internet? Veja pra gente isso, por favor”. Em geral, peço buscas rápidas, breves: o titulo desse ou daquele livro, desse ou daquele filme, etc.

Ou peço a algum aluno com acesso a internet que verifique para turma a exatidão de uma data (sou professora de História e as datas ainda são importantes), ou uma informação de conhecimento público que por ventura precisemos de mais detalhes.

Temos preparado as aulas selecionando filmes, textos, matérias de jornais, propagandas e músicas disponíveis na internet. Material que é apresentado e depois analisado do ponto de vista das análises dos discursos que transmitem. Nesse sentido, temos observado principalmente o seguinte. Primeiro, constatamos que em geral os alunos estão acostumados ao professor deixar tudo pronto, previamente indicado para que procurem na xerox. Pouco se tem utilizado os textos disponíveis em pdf na internet.

Segundo, os alunos em geral, não buscam outros textos além dos indicados em meios físicos (papel). Mas, a partir dessa nossa experiência em curso de privilegiar a indicação dos textos disponíveis na internet, de modo a sempre indicar um texto clássico e alguns artigos científicos que lhe fazem comentário. Temos já visto mudança nas práticas de estudo de alguns alunos.

Terceiro, os alunos não tem trazido para a sala de aula suas curiosidades, suas duvidas, encontradas nos espaços virtuais em que circulam. Ou seja, os inúmeros fragmentos de informações, as inúmeras incitações às suas sensibilidades, ocorrem como se não fossem objetos para reflexão para contraponto aos conteúdos que lhes são transmitidos em sala de aula. Não estão sendo provocados a fazer as ilações, interconexões entre os conteúdos vistos nas disciplinas e as inúmeras informações que acessam diariamente nas internet e redes sociais.

A experiência de ensino que estamos desenvolvendo ainda é muito limitada. Mas estamos atentos para que os usos das tecnologias e dos assuntos que acessamos a partir desses meios não sejam complementação da exposição de determinado assunto/conteúdo, mas provocação à inter-relação de assuntos com o cotidiano e, sobretudo, o desenvolvimento da problematização, da crítica, das perspectivas de assimilação, o imediato (que ocorre na apropriação do entendimento do fragmento) e “abrangente” (que seria a elaboração de uma visão ampliada, menos fragmentada) das experiências humanas.


Considerações finais
Ministramos aulas de História para alunos de História e de Ciências Sociais nos horários diurno e noturno. E apesar de ainda tateando no desenvolvimento de habilidades no uso das ferramentas de internet, achamos que estamos no caminho certo. Já percebemos o aumento do interesse, envolvimento com as disciplinas, maior participação nas aulas a partir das invenções que temos ousado. Seja com um vídeo de Nina Simone cantando "Ain't Got No / I Got Life" para provocar a turma uma sensibilidade que refute a discriminação e o preconceito de cor, gênero e classe social, seja quando selecionamos trechos de propagandas, matérias de bolgs e grande mídia online pretensamente “imparciais”, seja quando provocamos os alunos a questionarem o que veem, leem. Realizando o desenvolvimento da crítica e mostrando a inevitável politização e ideologização que encontra-se em tudo e em todo o lugar, segundo as leituras que trazemos de nossa experiência como indivíduo consciente ou não consciente das diferenças, desigualdades e injustiças que perduram em nossa sociedade e em todo o planeta Terra.

Certamente ainda é pouco para aprender a fazer diferente. Mas é um começo de uma busca e um fazer que não devem ser interrompidos.

“Mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se propõem a si mesmos como problema. Descobrem que pouco sabem de si mesmos como problema. Descobrem que pouco sabem de si, de seu “posto no cosmos”, e se inquietam por saber mais. Estará, aliás, no reconhecimento do seu pouco saber de si uma das razões desta procura. Ao se instalarem na quase, senão trágica descoberta do seu pouco saber de si, se fazem problemas a eles mesmos. Indagam. Respondem, e sua resposta as levam as novas perguntas”. (FREIRE, 1985, p. 29). Disponível em:

Buscando conteúdos no youtube, encontrei uma fala de Marilena Chauí (2013), no vídeo (trechos de 14:00 a 18:00, e de 50:00 a 55:00), que nos fez pensar sobre uma possível inflexão que a revolução nos meios de comunicação e internet provocaram na forma como vemos o mundo, levando a visão fragmentada de si e da sociedade. Disponível em:

O ensino de História constitui um lugar privilegiado de crítica social e questionamento das culturas de dominação, sendo relevantes as buscas por desenvolvimento de habilidades no uso das ferramentas da internet com fins de definição de novas metodologia e técnicas de ensino em História.

Referências:
Rosilene Dias Montenegro. Doutora em História pela UNICAMP (2001). Professora de História, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Coordenadora do laboratório de história e memória chamado “Projeto Memória da Ciência e Tecnologia”, em funcionamento desde 2004.

3 comentários:

  1. Muito obrigado pelo Texto Dra.Rosilene Dias Montenegro! Mostra uma realidade o qual está bem vivo para os professores de uma formação mais antiga e que constantemente tem que se "atualizar" para dar conta da tecnologia que constantemente evolui. Como aluno e futuro professor dessa nova geração de informação, não sinto ainda as mesmas dificuldades de alguém que se formou nas décadas anteriores aos hardwares e softwares. Gostaria de perguntar a respeito dos professores que não se atualizam. Como fica os professores que não se atualizam na realidade de hoje, por motivos econômicos ou pessoais? A educação seria um trabalho frustante para esse professores por conta de um desinteresse do método arcaico por parte dos alunos?

    Abraço,
    Ygor Yuji Utida Porto.

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  2. Oi Ygor Yuji, obrigada pela atenção. Passei bom tempo de minha carreira no magistério dividida entre sala de aula e gestão acadêmica. Com exceção do afastamento para o doutorado e mais recentemente em 2015 quando no cargo de Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão tive que me afastar para não prejudicar os alunos devido frequentes faltas minhas e nenhum tempo para preparar as aulas. Tendo retornado à exclusividade das atividades de ensino, pesquisa e extensão desde segunda metade do ano de 2016, senti que tinha por obrigação aprender minimamente a usar os recursos de informática e os recursos das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC´s). Esta sigla aprendi aqui, neste simpósio e neste grupo de discussão, ao ler a comunicação “Tecnologias digitais no ensino de História: o desafio da cultura escolar”, de Fabiano Viana Andrade. Aliás, este Simpósio Eletrônico está sendo muito importante para mim. E um grande desafio. Quanto ao seu comentário, realmente existe uma dificuldade enorme de nós professores mais antigos em aprender os usos das tecnologias digitais de informação e comunicação. E no tocante a História, parece-me serem ainda maiores. Há uma resistência que é compreensível quando considerada a desvantagem que nossa geração leva em relação a sua geração. Nossa cultura escolar está ainda mais sedimentada, arraigada em nossa prática docente. Além disso enfrentamos os problemas da falta e/ou precariedade da infraestrutura em nossas instituições (equipamentos, acesso a internet, acesso a rede wi-fi, dificuldades de manutenção de equipamentos), somadas às dificuldades financeiras de alunos e também de professores em adquirir junto às operadoras os serviços de dados. Então você pergunta Como fica os professores que não se atualizam na realidade de hoje, por motivos econômicos ou pessoais? RESPOSTA: Acho que ficamos fora da sintonia com o mundo de possibilidades de conhecimento, estudo, e problematização que as novas tecnologias nos permitem DESDE QUE SAIBAMOS ter acesso às informações. Você também pergunta: A educação seria um trabalho frustante para esse professores por conta de um desinteresse do método arcaico por parte dos alunos? RESPOSTA: Se não houver uma atualização/reflexão/adoção/inserção dessas novas tecnologias e as possibilidades de fontes documentais que elas geram e/ou permitem acessar, estaremos, sim, cada vez mais distantes dessa realidade que se impõe nesse aspecto da cultura escolar. Obrigada pela atenção e espero ter me feito compreender. Forte abraço.
    Rosilene Dias Montenegro.

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