POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DO CINEMA NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA
Introdução
O presente trabalho versa sobre alguns dos
resultados obtidos na pesquisa final do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em
História – Licenciatura pela Universidade Feevale a qual, teve como objetivo
“refletir sobre a importância do cinema como recurso didático nas aulas de
História e as possibilidades de utilização desse recurso”.
Optamos então, por
realizar uma pesquisa com enfoque local na Rede de Ensino de Campo Bom. Essa escolha ocorreu em função de tratar-se de
um município que desde o ano de 2009, vem investindo diversos recursos
financeiros na área de Tecnologias aplicadas à Educação, atualmente, todas as
salas contam com lousas interativas, notebooks
e projetores, desta forma os professores que desejam utilizar filmes ou
documentários em suas aulas, não encontram empecilhos (como a falta de
equipamentos), diferente da realidade encontrada em outras redes municipais,
com menos recursos, por exemplo.
Através dessa pesquisa com os professores de
História de Campo Bom, buscamos refletir como o cinema vem sendo utilizado
pelos professores em suas aulas, e se as metodologias aplicadas alçam os
objetivos esperados por eles, tendo como foco o processo de aprendizagem. Uma
vez que o cinema pode enriquecer uma aula, desde que utilizado com métodos que
estimulem a reflexão e curiosidade dos educandos, orientado-os a interpretar e
dialogar com o filme, levando em consideração a fonte histórica que o mesmo
representa.
Da tela de cinema à
sala de aula: práticas docentes
Para
a realização desta pesquisa, foram visitadas as três escolas da Rede Municipal
de Campo Bom, sendo que os professores de História foram entrevistados
individualmente. O grupo era formado por três homens e duas mulheres, que
possuem idade entre 28 e 41 anos de idade, todos concursados no município.
Foram
utilizadas entrevistas estruturadas, utilizando-se da conceituação de análise
de dados e de uma pesquisa qualitativa no campo social, que foi construída a
partir dos Saberes Docentes, segundo Tardif (2002) , em seu livro “Saberes Docentes e a Formação Profissional”,
a obra leva em consideração um conjunto de fatores que podem e influenciam as
práticas docentes.
Para
esta entrevista os professores serão denominados professor: A, B, C, D e E,
visando manter o anonimato dos mesmos.
Protagonismo estudantil: produção de curtas metragens
Esta
proposta da realização de curtas metragens foi relatada tanto pelo professor A,
quanto pela professora B.
Na
turma do professor A, quando ele trabalhou o conteúdo de Egito Antigo, ao invés
de assistir com as turmas, filmes que retratassem este período, o professor
propôs que os alunos produzissem seus próprios filmes, sobre o assunto. Nas
palavras do professor:
“Então os alunos
criaram o roteiro, a gente fez roupas, fizemos a filmagem em um fundo verde e
colocamos eles inseridos num contexto próprio do Egito. Foi uma experiência
muito bacana, porque eles aprenderam muito mais do que se fosse só o professor
falando ou através de um texto”.
Já a
professora B, quando trabalhou as Revoltas na Primeira República, inicialmente
ela começou sua prática com materiais visuais, utilizando charges da época, bem
como HQ, que abordassem o assunto. Após, os alunos assistiram um compilado, de
1 hora e 20 minutos, do filme A Guerra de
Canudos (1996), e responderam um questionário com algumas perguntas para
reflexão sobre o filme. Em outro momento assistiram um trecho do filme Lampião o Rei do Cangaço (1964) e debateram o trecho em aula. Como finalização do
conteúdo e atividade avaliativa, os alunos se dividiram em grupos e cada um
deveria produzir, um curta metragem sobre uma das revoltas abordadas em aula:
Revolta da Chibata, Canudos, Contestado ou Cangaço. Os alunos poderiam escolher
se eles mesmos atuariam em seus filmes, se utilizariam fantoches, bonecos, etc.
Em
sua opinião, foi uma atividade muito significativa para os alunos, “alguns
confeccionaram túnicas para se parecer com Antônio Conselheiro [...] os grupos
se puxaram, teve grupos que no meio do filme criou propagandas, comerciais, que
imaginavam que poderiam existir na época”.
A
prática relatada pelos professores A e B, como podemos analisar, foi um momento
que além do envolvimento dos alunos, precisou do planejamento articulado por
parte dos professores, pois se os alunos não tivessem compreendido o conteúdo,
não poderiam representá-lo através das câmeras. Como destaca Bittencourt (2011,
p.375), não existe uma maneira simplista de se realizar um trabalho
significativo, principalmente no que diz respeito ao cinema:
“Fica evidente que
não existe um modelo simplificado para introduzir os alunos na análise crítica
da imagem cinematográfica, mas pode-se destacar a impossibilidade de deter-se
apenas na análise do conteúdo do filme. É preciso ir além”.
Também podemos perceber pelo relato da
professora B, que ela fez recortes no filme A
Guerra de Canudos, deixando apenas trechos que considerava necessário para
a compreensão do conteúdo. Esta intervenção nos filmes, tão pouco explorada
pelos professores, muitas vezes é fundamental para otimização do tempo em sala
de aula, “o professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo, assim como
ele interfere num texto escrito, modificando-o, acrescentando novos dados,
novas interpretações, contextos mais próximos do aluno” (MORAN apud NAPOLITANO, 2011, p. 35).
Quanto
à proposta de elaboração de um filme produzido totalmente pelos alunos,
consideramos de extrema importância este protagonismo estudantil, pois para que
pudessem executar a proposta, os alunos precisaram observar importantes
elementos da produção cinematográfica como composição do conteúdo, roteiro,
figurino, cenários, atuação e filmagem. Uma vez que “o filme pode ser produzido
pelos próprios alunos, situação que possibilita a compreensão do processo de
produção das imagens cinematográficas” (BITTENCOURT, 2011, p.376). Também ressaltamos a importância de o
professor conhecer a linguagem cinematográfica e recursos tecnológicos, como
programas de edição de imagem e som, conseguindo assim, aprimorar a produção
dos alunos. Para Moran, nesses momentos de produção de vídeo, a aprendizagem
torna-se significativa, pois o aluno se vê atuante e vivenciando o conteúdo:
“As crianças adoram
fazer vídeo e a escola precisa incentivar ao máximo a produção de pesquisas em
vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica.
Moderna como meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica pela
miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, levá-la junto
para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes, tanto para
crianças, como para adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro
de uma matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar”. (MORAN apud
NAPOLITANO, 2011, p.36).
Nesse
sentido podemos perceber como um ambiente significativo de aprendizagem, que
propicie o protagonismo do aluno, é importante para uma boa prática e para bons
resultados.
Filmes, debates e questionários:
Todos os professores entrevistados relataram
que utilizam filmes ou trechos desses para finalizarem com debates/seminários
ou questionário. Uma das práticas desenvolvidas pela professora B foi com a
temática de Segunda Guerra Mundial. Como existem muitos filmes sobre esta
temática, ela estudou bastante a escolha do filme, e os alunos assistiram o
longa A vida é bela (1997), segundo a
entrevistada a escolha se deu em função de, “escolher um filme que fosse um
clássico, e que a grande maioria não tenha assistido, que fosse contra os
padrões hollywoodianos, então
encontrei, A vida é bela, que é uma
narrativa italiana”.
Continuando na linha de filmes que abordem as
Guerras Mundiais, o professor E, relata que para a escolha dos filmes recorre a
seguinte didática:
“Levo vários
títulos sobre a mesma temática e faço uma breve sinopse de cada um deles e
pergunto qual eles querem assistir, faço uma votação, assim bem democrático.
Quem já viu o filme, o viu em um contexto diferente, e agora com o conteúdo já
trabalhado terá uma nova percepção. Quem já foi meu aluno já está acostumado,
sabe que funciona assim”.
Os
últimos filmes escolhidos pelos alunos do professor E, foram O menino do pijama listrado (2008) e Cavalo de
Guerra (2012), sendo que o último, que aborda sobre a Primeira Guerra, ele
utilizou para mostrar como funcionavam as três fases da guerra. O professor E,
ainda destaca que, como sempre passa o filme como fechamento do conteúdo, não
pede textos ou resumos do filme, nem passa questionários para os alunos
responderem, segundo ele “eu a fiz isso de pedir resumos e questionários, mas
daí os alunos assistiam ao filme sem vontade, obrigados, e daí perdia todo o
sentido”. Apesar de não solicitar esses registros escritos para os alunos,
relata sempre realizar um debate, relacionado o conteúdo ao filme.
O
professor C relatou, que um dos filmes, que ele sempre trabalha em suas aulas,
todos os anos, é Lutero (2004),
segundo o professor:
“Eu acho ele bem
didático, pois mostra todos os detalhes da reforma protestante, aquilo que em
uma aula de História tradicional tu não ia utilizar. Eu gosto muito de utilizar
ele, por mostrar o surgimento das várias religiões”.
Segundo
o professor, após passar o filme ele propõe debates e pede um resumo do filme
relacionando-o com o conteúdo, ou passa questões para os alunos responderem. Um
filme que o professor C relata dar bastante certo
com suas turmas, é O Incrível Exército de
Brancaleone (1966), ele
passa este filme para abordar o conteúdo de Idade Média e relata que mesmo
sendo um filme antigo, em função de ele ser engraçado, os alunos gostam
bastante e conseguem compreender e visualizar o contexto histórico da Baixa
Idade Média, quando o trinômio peste, fome e guerra marca a crise do século XIV
e do próprio sistema feudal. Após assistido ao filme aplica a mesma dinâmica de
debate, resumo ou questões. Napolitano, também propõe que se trabalhe com o
filme a partir de questões bem elaboradas e articuladas com o conteúdo:
“A análise pode ser elaborada na forma de um conjunto de questões
(assertivas ou interrogativas) que dirija o olhar do aluno para aspectos mais
importantes do filme, baseado nos princípios, no conteúdo disciplinar e nos
objetivos da atividade proposta. Não é necessário um grande número de questões,
mas é fundamental que sejam bem direcionadas e formais, pois são neles que
encontramos a “mensagem” e os valores veiculados com o filme”. (2011, p.85-86).
Outro filme que é escolha do professor E,
trata-se de Jazão e os argonautas
(1963), para ele o conteúdo de mitologia é bastante complexo para os alunos, e
através do filme ele acredita que os alunos consigam visualizar esta relação.
Ele ainda destaca que “esse filme é muito melhor que o Percy Jackson e outros
desenhos da Disney que ensinam totalmente errado”. Então prefere versões mais
antigas sobre as mitologias. Porém, como já abordamos anteriormente, o filme
possui uma linguagem própria e não tem compromisso em retratar fatos
históricos, tal qual, aconteceram, pois, “cinema é metáfora” (SEVERO,2004, p.128), e
o
“Potencial pedagógico, do filme, estará
mais no professor, em sua capacidade de reconhecer o momento ideal de
introdução de um filme e criatividade para extrair-lhe potencialidade, do que
do próprio filme”. (IDEM)
Sendo assim, o filme de Percy Jackson, poderia
ser utilizado, sem nenhuma perda pedagógica, mas precisaria da interferência do
professor, estimulando os alunos a analisarem a narrativa proposta pelo filme,
o que está de acordo com o conteúdo previamente trabalhado, o que não está, por
quê não está. Esta é a função do docente, atuar como mediador.
Uma das maiores dificuldades para os alunos,
segundo os professores, trata-se da compreensão de períodos históricos muito
distantes de sua realidade, com paradigmas e valores totalmente diferentes.
Dessa forma, para que os alunos conseguissem compreender como se daria o choque
entre duas épocas distintas, a professora B, relatou trabalhar, o filme Loucuras na Idade Média (2001), “contei
para um colega medievalista que eu usava este filme em sala de aula, e ele
disse “Tu tá louca! Esse filme é uma afronta a tudo, ele deturpa totalmente a
Idade Média” mas, esse é um filme que os alunos sempre assistem na Sessão da Tarde, então acho válido
trabalhar” (PROFESSORA B). Para os autores já citados, todo o filme pode ser
histórico, se for bem trabalhado pelo professo. Nesse filme, o personagem
principal trabalha em um parque temático sobre a Idade Média, quando uma bola
bate em sua cabeça levando-o ao desmaio. Ao acordar, percebe que está em pleno
ano 1328. Nesse novo cenário, ele precisará ajudar um ex-cavaleiro e uma
camponesa a derrotarem um rei malvado.
A
professora relata trabalhar com os estranhamentos entre as culturas, começando
pela maneira de falar, que embora fosse a mesma língua, as palavras utilizadas
eram totalmente diferentes, as vestimentas, “os banheiros medievais chamam
muito a atenção dos alunos”. Também chama a atenção para uma cena do filme onde
o personagem do século XXI paga por alimentos com cédulas de dinheiro e os
camponeses ficam furiosos. A professora relata que questiona os alunos do
motivo para essa reação, até eles se darem conta que aquele tipo de dinheiro
não tinha valor nenhum na Idade Média.
Momento de socialização: ida ao cinema
A
professora B, relatou que com as turmas de 6º ano, gosta de realizar um momento
de socialização, como a ida ao cinema, uma vez que estes alunos ainda estão se
adaptando ao novo formato escolar, dividido por disciplinas, vários
professores, novos colegas e uma realidade totalmente diferente da que estavam
habituados. Então a professora sempre observa se estão em cartaz no cinema do
CEI (Centro de Educação Integrada), que pertence ao município, e disponibiliza,
uma vez por mês, sessões gratuitas para as escolas, se está passando algum
filme que ela possa relacionar com o conteúdo.
Neste
ano levou suas turmas para assistirem à produção brasileira Os dez Mandamentos (2016). A professora
conta que foi criticada por alguns colegas, por escolher um filme, que eles
consideraram, de conotação religiosa, porém ela justificou que estava terminado
o conteúdo de Egito Antigo e iniciando o estudo sobre o povo hebreu e o filme,
em questão, abordava entre outras temáticas, choque de crenças e realidade
entre as duas culturas, desta forma o longa estava sim, relacionado com o
conteúdo.
Para
Napolitano, quando se trabalha com filmes voltados para grandes públicos, como
é o caso desta produção que os alunos foram assistir, cabe ao professor
conduzir a análise-reflexiva dos alunos, quanto a mensagem que o filme quis
passar e o que, ou não, relacionar com o conteúdo de aula:
“É preciso que o
professor estimule o debate sobre a mensagem principal que o diretor ou o
sistema que produziu a obra quis fixar no receptor. Quase sempre estas
mensagens são de natureza político-ideológica ou ético-moral e, nesse sentido,
o cinema tem uma função ideológica cognitiva fundamental no mundo moderno”.
(2011, p. 94).
Segunda
a professora A, o “ritual”, de comprar o ingresso, se dirigir ao cinema,
comprar pipoca e assistir ao filme, é extremamente valido e significativo para
os alunos, “eles precisam desses momentos de socialização”. A educadora também
relatou, que as turmas comentaram tanto, posteriormente, sobre a ida ao cinema,
que agora todas as turmas estão pedindo para irem também. Para Bittencourt
(2011, p.236) é extremamente importante estes momentos de socialização, pois o
aluno se percebe como um sujeito social,
pois “ela permite às pessoas inserir-se em um grupo e realizar trocas, intervindo
na definição individual e social, na formação pela qual o grupo se expressa”.
Destaco também, que mesmo a cidade tendo o
cinema comunitário e o dia de isenção de ingresso para os estudantes, a
professora B foi a única que relatou ter levado seus alunos ao cinema. Também
vai ressaltar que a escola onde a professora trabalha é próxima ao cinema, não
necessitando gastar com transporte para levar os estudantes ao local.
Cabe ao professor em fazer essa transposição
entre os personagens reais e os fictícios, e extrair as potencialidades da
obra, relacionado-a com o conteúdo, podendo articular o filme biográfico, com a
elaboração de análise de obras literárias, sobre a mesma personalidade. Fazendo
com que o aluno perceba a diferença entre a elaboração de ambos.
Das propostas citadas até aqui, podemos
perceber que os professores possuíam um objetivo ao qual buscavam atingir,
através de determinada sequência didática, bem como planejaram antecipadamente
para consegui executar seu planejamento, demonstrando a importância da
articulação entre a aula de História e o uso de filmes, como já nos trouxeram
Severo e Napolitano.
Todo o docente que assim faz torna sua aula
mais dinâmica, atraente e os objetivos traçados têm mais chance de serem
alcançados. Além disso, consegue tornar a sala de aula um verdadeiro local de
pesquisa e de aprendizagem mútua (de professor para aluno e de aluno para o
professor). Na construção do planejamento o professor tem como checar mais
precisamente as características de sua turma bem como suas dificuldades, para a
partir daí saber como passar os conteúdos disciplinares com maior êxito tanto
para si como para o alunado, como relatado pela professora B, que traça um
perfil da turma, lavando em conta seus gostos pessoais, ou o professor E, que
faz votações com os alunos para a escolha dos filmes.
Considerações finais
Em
nenhum momento esta pesquisa teve o objetivo de realizar avaliações acerca da
atuação dos professores da Rede de Ensino Fundamental, mas sim analisar
propostas relativas ao uso do cinema em sala de aula e como este recurso pode
ser uma ferramenta para uma aprendizagem significativa. Também ressaltamos que
este projeto não é detentor da verdade, é apenas o início de um estudo que traz
algumas sugestões do uso do cinema, bem como sua relevância como recurso
didático para as aulas.
Observamos
que todos os professores, planejam antecipadamente as atividades que propõe as
suas turmas, além do mais as atividades propostas possuem objetivos bem
delineados, o que é fundamental para uma boa aula. Pois vários citaram a
produção de filmes, o recorte de obras, a análise de recortes diferentes que só
são possíveis de se executar com um planejamento prévio. Demonstrando assim,
que um bom professor, é um eterno planejador e pesquisador, na busca por
aprimorar sua prática pedagógica.
Esperamos que essa pesquisa tenha contribuído
para a compreensão da importância do cinema como fonte histórica. Bem como
tenha conseguido refletir sobre os usos que os professores de História que os
professores fazem a partir dos filmes e como esses colaboram para uma
aprendizagem significativa e eficaz.
REFERENCIAS
Vitória Duarte
Wingert é Mestranda do PPG de Processos e Manifestações Culturais da
Universidade Feevale, sendo bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. Historiadora graduada pela
Universidade Feevale. Atualmente atua como professora concursada na Rede
Municipal de Campo Bom. E-mail:vitoriawingert@hotmail.com
Jander
Fernandes Martins é Mestre em Processos e Manifestações Culturais (22/02/2018).
Pedagogo graduado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente
atua como professor concursado na Rede Municipal de Campo Bom. E-mail: martinsjander@yahoo.com.br
BITTENCOURT,
Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São
Paulo: Cortez, 2011.
______________Capitalismo e cidadania nas atuais propostas
curriculares de História in O saber
histórico em sala de aula, org: Circe Bittencourt, São Paulo: Contexto,
2006, p 11-28.
NAPOLITANO,
Marcos. A História depois do papel,
in Fontes Históricas, org: Carla
Bassanezi Pinsky. 3ª Ed, São Paulo: Contexto, 2014, p. 235-291.
______________.
A Escrita fílmica da história e a
monumentalização do passado: uma análise comparada de Amistad e Danton, in História e Cinema: Dimensões do audiovisual, org: Maria Helena
Capelato...[et. al.] 2ª Ed. São Paulo:Alameda, 2008, p. 65-84.
______________.
A televisão como documento, in O saber histórico em sala de aula, org:
Circe Bittencourt, São Paulo: Contexto, 2006, p. 149-162.
______________. Como usar o cinema em sala de aula. 5ª
Ed.São Paulo: Contexto, 2011.
SEVERO,
Gerson Egas. Com Lumière em sala de aula: uma contribuição. Erechim:
Edifapes, 2004.
TARDIF,
Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes,
2002.
Olá. Os autores conhecem a obra de Robert Rosenstone, "A história nos filmes, os filmes na história"?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, José! Obrigado pelo seu questionamento.
ResponderExcluirTemos conhecimento desta obra, que é muito boa, por sinal! Porém optamos, dentre tantas escolhas que tínhamos, por não utilizá-la. Entretanto não descartamos seu potencial acadêmico, e ela pode e deve ser lida por professores que querem aprimorar sua prática pedagógica no que diz respeito ao uso do cinema como fonte histórica
Vitória Duarte Wingert
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Vitória e Jander.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho, uma pesquisa assim onde as pessoas são expostas mesmo que somente para os pesquisadores, sempre causa receio de quem participa com medo de ser "avaliado".
Sobre o assunto eu procuro trabalhar com os meus alunos do 6º ao 9 ano do Ensino Fundamental um filme de três meses, como muitos não tem acesso ao cinema ou não tem o costume de assistir filmes com cunho histórico, procuro despertar o interesse em todos. Um problema que eu ainda enfrento é que muitos alunos veem a exibição de um filme como algo para "tapar furo", a o professor não veio, vamos passar um filme. Então eles não veem isso com "bons olhos", mas estou tentando romper com isso.
Na sua opinião a falta de obras voltadas ao público infantil (6º ao 9º ano do E. Fundamental) bem como o tempo dos filmes existentes, com mais de 2 horas de duração, tendo em conta que as aulas geralmente tem dois períodos, totalizando 1h50min, você acha que isso é um dos motivos para a utilização incorreta ou não utilização dos filmes voltados a disciplina de História?
Obrigado
Anderson da Silva Schmitt
Olá, Anderson desde já agradeço pelo teu questionamento!
ExcluirPara José Moran , sendo citado por Napolitano (2011, p.34), os filmes podem estar sendo erroneamente utilizados pelos professores, e destaca cinco tipos de utilizações errôneas: TAPA BURACOS, quando há ausência de algum professor,ou ocorre um imprevisto e se decide colocar um filme para preencher o tempo, desta forma o aluno acaba sempre associando o assistir filmes, com o não ter aula. VÍDEO ENROLAÇÃO, passar um filme sem contexto com a aula, apenas para passar períodos e preencher a aula. VÍDEO DESLUMBRAMENTO, o professor que descobriu as maravilhas do cinema, mas o utiliza em todas as aulas e se esquece de outras dinâmicas importantes. VÍDEO PERFEIÇÃO procuram filmes, sem problemáticas e que representam a “verdade”. SÓ VÍDEO, quando se passa um filme, sem depois discuti-lo com os alunos, ou sem ressaltar os pontos importantes.
Vessentini (2006) destaca outra possibilidade para a utilização dos filmes:
• Dossiê cinematográfico: O dossiê cinematográfico ou desmontagem do filme resolveria o problema de muitos professores que desejam utilizar um filme como recurso em suas aulas, o tempo. Para Vessentine (2006) o dossiê trata-se de uma seleção de filmes com uma determinada temática a ser enfatizada:
Denominei desmontagem a um trabalho prévio à projeção em sala de aula (...). Trata-se de subdividir o filme em vários blocos, em pequenas cenas, atendendo a interesses de conteúdo. É difícil sua efetivação em sala de aula de aula, dado ao tempo exigido. Mas por ela o professor amplia tanto seu domínio sobre o filme, quanto define melhor uma bibliografia de leitura prévia para o trabalho com o filme. (VESSENTINE, 2006, p.165).
Na obra de Severo (2004), Com Lumière em sala de aula, o autor destaca algumas combinações temáticas de recortes de filmes, como através de recortes de Indochina , Platoon e Bom dia, Vietnã , ele conseguiu trabalhar imperialismo, descolonização, Guerra Fria e Guerra do Vietnã. Outro exemplo são recortes dos filmes Quilombo e Missisipi em chamas , que foram utilizados para trabalhar questões de escravidão, preconceito, entre outros conceitos levantados pelos alunos. Cabe destacar, a atuação do professor ao selecionar cenas especificas de cada um dos filmes, que teriam conexão uma com as outras, montando um bloco temático através destes recortes. Gradualmente o docente terá um grande acervo fílmico, com recortes certeiros, podendo recorrer ao mesmo sempre que achar necessário. Lembrando que estes recortes não necessariamente precisam ser da mesma época histórica, desde que correspondam a temática desejada, “os filmes principalmente sobre os romanos, nos informam muito sobre o momento histórico em que foram realizados” (BALDISSERA, 2014, p.29). Para Severo, “cinema é metáfora” (SEVERO,2004, p.128), e o
O uso do filme deve estar mais vinculado às ideias, conceitos e proposições do que com ele mesmo, da mesma forma, o potencial pedagógico, do filme, estará mais no professor, em sua capacidade de reconhecer o momento ideal de introdução de um filme e criatividade para extrair-lhe potencialidade, do que do próprio filme. (IDEM)
Espero ter respondido teu questionamento, deixo aqui a bibliografia que citei, que pode te auxiliar também:
BALDISSERA, José Alberto & RUINELLI, Tiago de Oliveira. 'Tempo e Magia' - A história vista pelo Cinema. Porto Alegre: Escritos, 2014.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. 5ª Ed.São Paulo: Contexto, 2011.
SEVERO, Gerson Egas. Com Lumière em sala de aula: uma contribuição. Erechim: Edifapes, 2004.
Vitória Duarte Wingert e Jander Fernandes Martins
Sabemos o quanto a mídia é importante para o ensino, principalmente o cinema!
ResponderExcluirMesmo tendo essa consciência da importância, ainda é comum encontrarmos desafios para o uso desses recurso. O que deve ser feito para demostrar a relevância dessa ferramenta para aqueles pessoas que ainda resistem em utilizar ou mesmo proibi o uso nas escolas?
Antonio Francisco de Souza
Olá Antônio, obrigada por sua pergunta e leitura do nosso trabalho!
ResponderExcluirAo longo de nossa pesquisa, contatamos que Também constatamos que o cinema já vem sendo utilizado em sala de aula, pelos professores de História, há muito tempo, desde 1912. Porém esta prática, poucas vezes foi refletida e debatida, e poucas foram as analises que visassem propostas didáticas que estão sendo aplicadas do dia-a-dia de uma escola, e que proporcionam uma aprendizagem significativa. O que gerou um uso superficial dos filmes, apenas para ilustrar o passado, uma espécie de “máquina do tempo”.Para Severo outro grande problema quanto ao uso do cinema é que os professores nunca procuraram saber mais sobre esta linguagem, continuam apenas com conhecimentos do senso comum, e somente “conhecendo suas reais potencialidades, alcançaremos maiores consequências pedagógicas a partir de seu uso” (SEVERO, 2004, p.44).
Outro ponto que o autor chama a atenção é para a preocupação com a aprendizagem significativa. Para ele, um professor preocupado com aprendizagem significativa de sua turma, nuca escolhe um filme aleatoriamente, ele sempre consegue justificar suas escolhas, pois “pretende fazer um uso inteligente e consequente do cinema” (SEVERO, 2004, p.62).
Com essa pesquisa, percebemos que a escolha por se utilizar o cinema em sala de aula, está diretamente ligado com os Saberes Docentes trazidos por Maurice Tardif, que serviram de base para estruturar as entrevistas da presente monografia. Uma vez que pudemos perceber que os professores são constituídos por distintos saberes e influências. Nesses casos não existem exceções, o pessoal do professor está vinculado no seu profissional, e vice-versa, ambos trabalham unidos para que se construa “o professor”. Dessa maneira, percebemos o professor sofre influências tanto de sua formação, quanto de suas vivências e essas auxiliam ou interferem no desenvolvimento de sua prática docente.
Quando ao preconceito que existe por parte de várias escolas, sugerimos que texto validando o uso do cinema como recurso pedagógico sejam disponibilizados à coordenação pedagógica, para que a mesma compreenda que para nós, historiadores, o cinema é uma rica fonte de pesquisa, e nós como especialista em nossas áreas temos a autonomia em optar, com bom censo, pelo recurso que melhor se adeque ao aluno, que é o centro da aprendizagem.
Vitória Duarte Wingert e Jander Fernandes Martins