HISTÓRIA
E LITERATURA: O TEXTO LITERÁRIO E O ENSINO DE HISTÓRIA
A literatura como
suporte do histórico
“Literatura
e história querem, pois, ao serem escritas, evitar a perda definitiva de um
sujeito, de uma vida, de uma sociedade. Negam a perda, fingindo, no presente,
privilégio de recapitular o passado num texto, de perenizar e estabilizar uma
verdade sobre os outros e si mesmo. Ambas fazem o trabalho do luto, querem ser
a voz do morto”. (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2008, p. 353).
As palavras de Albuquerque Junior nos
remetem para pensar a discursividade presente na Literatura e na história, discursos
que adquirem funcionalidades análogos, guardadas as proporções, de modo que
ambas vivificam os mortos, tonalizam presenças que antes foram ausências,
tentam imortalizar os mortais, enfim a História e a Literatura também são
recursos discursivos que traduzem experiências e vivências da realidade. Para
Pesavento (2008), a História e Literatura, “ ambas são formas de explicar o
presente, inventar o passado, imaginar o futuro”, todavia, ainda considera que
existem diferenças entre as duas e a História é controlado pela relação com o
seu objeto de estudo, não perdendo, assim, o seu estatuto de ciência. Este
texto busca apresentar, em linhas gerais, o debate que envolve a relação entre
História e Literatura, atentando para a utilização do texto literário no ensino
de História.
Além disso, assim como já citado, a
literatura passou a ser utilizada no metier
do historiador com mais ênfase a partir da segunda metade do século XX, pois
antes ela estava afastada das produções historiográficas, haja vista seu
estatuto ser considerado como avesso a pretensa cientificidade da História.
Este afastamento pode ser explicado em grande parte por o que Michel de Certeau
(2011, p. 49) chama de “Legendário das instituições”, pois com relação ao
discurso histórico, esse historiador elenca que este discurso pretende
representar o real, mas não o representa, uma vez que “[...] esconde, por trás
da figuração de um passado, o presente que o organiza. Formulado sem rodeios, o
problema é o seguinte: a encenação de uma efetividade (do passado), ou seja, o
próprio discurso historiográfico, oculta o sistema social e técnico que a
produz, isto é, a instituição profissional”.
Ou seja, para Michel de Certeau a legenda
colocada pela instituição impõe os ditames das produções, assim, a instituição
representa a ordem que comanda as operações historiográficas, de modo que o
apego a cientificidade, objetividade, racionalidade e verdade são atributos de
uma história que pretende caminhar lado a lado do real, ser representante
efetiva dele, seu discurso leva a crer pela outorga da instituição. Na esteira
desse processo, a História entre os séculos XVII e XIX separou-se do mundo das
letras (Literatura) mediante a organização universitária. Além do mais, se a
história não representa totalmente o real, a divisão realidade versus ficção é arrefecida, sua
fronteira torna-se tênue, pois este fosso entre a História e a Literatura perde
em dimensionalidade, até porque grande parte das produções ficcionais tem suas
raízes no real, pois é elaborada por indivíduos (escritores) que vivem em
sociedade, estes criam seus mundos, utopias ou desejos com base em condições de
existência.
Além disso, é com a chamada virada linguística
nos anos de 1960, notadamente da aproximação entre História e outras
disciplinas que proporcionaram discussões no campo da linguagem como a própria Linguística,
Psicanálise, Etnografia, entre outras que os ideais de universalidade,
racionalidade, unidade são questionados e neste movimento registram-se os
intensos debates no âmbito da epistemologia da História no tocante ao retorno
da narrativa ou a questão da narrativa em história. Além das produções do filósofo
Michel Foucault, a década de 1970 registrou como sintoma desta virada linguística
a produção e divulgação de três obras que abalaram os fundamentos
epistemológicos do saber histórico, a saber: A escrita da história (1975) de Michel de Certeau, Meta-história (1973) de Hayden White e Como se escreve a história (1992) de
Paul Veyne.
Desse modo, as aproximações entre História
e Literatura já se prenunciaram com Paul Veyne, pois este considerou que “os
historiadores narram fatos reais que têm o homem como ator: a história é um
romance real” (1992, p.8). Assim, para Veyne a História seria uma narrativa de
eventos, de modo que esta última se desencadearia de maneira romanceada. Já
Hayden White, em outra obra intitulada Trópicos
do discurso (1994, p.138), verticalizou as relações com a Literatura a
ponto de argumentar que “[...] a imagem da realidade assim construída pelo
romancista pretende corresponder, em seu esquema geral, a algum domínio da
experiência humana que não é menos “real” do que o referido pelo historiador”.
Nesse sentido, compreende-se que a história
se constituiu ao longo do tempo em uma grande maquinaria discursiva que se liga
ao que está identificado, “iluminado”, racionalizado, é um discurso que se
territorializa caminhando assim na contramão da Literatura, esta que não tem
medo percorre regiões opacas, do nomadismo, do que está por vir, do irracional,
do não lugar. De acordo com Albuquerque Junior (2007), essa diferença entre as
duas áreas, pode ser mesmo uma questão de gênero não só discursivo, pois o
discurso historiográfico na tradição ocidental moderna passou a ser tido como
masculino, enquanto a literatura seria o feminino, convencionou-se a se ver na
História o discurso da razão, da consciência, do poder e na literatura o
discurso da paixão, com as sensibilidades e outras emoções.
Michel de Certeau apresenta resposta sobre
as preocupações dos historiadores em trabalharem com a literatura, tendo em
vista que em consonância com sua postura de sujeito inconformado com os cânones
disciplinares, situado num não lugar, pois transitava por vários campos do
saber, além de não aceitar a ordem passivamente, Certeau mostra como maior
exemplo da relação História e Literatura as produções do teórico da psicanálise
Sigmund Freud, pois este situado num lugar próprio da ciência consegue
transgredir os muros do cientificismo, primeiramente por se dedicar em seus
estudos a região do inconsciente, depois por adotar o romanesco como narrativa
de suas experiências científicas. Além do mais adotou como estilos narrativos a
tragédia e a retórica (CERTEAU, 2011).
Assim, o trabalho com a literatura precisa
de algumas observações. Necessita-se em primeiro lugar, além de conferir o
gênero literário que a ser trabalhado, muito mais prioritário é questionar qual
o público se destinou determinada obra e que papel ela cumpriu em dada época.
Também precisamos situar bem o trabalho com obras de ficção, pois esta como já
evidenciado acima participa das construções na e da realidade, todavia, para
nos localizarmos no âmbito da história devemos confrontar tais obras de ficção
com outras fontes, pois conforme Ferreira (In: PINSKY; LUCA, 2011, p. 77)
deve-se confrontar com outros registros que “[...] permitam a contextualização
da obra para assim se aproximar dos múltiplos significados da realidade
histórica”. Esse comentário de Ferreira se coaduna para o que alguns
historiadores que trabalham com a ideia de ficção controlada, ou seja, embora
necessitemos transgredir determinadas barreiras nesta discussão, também temos
que realizar um trabalho de historiador que, por sua vez, possui sua
especificidade de historiador ao compreender as questões humanas e sociais no
tempo/espaço ancoradas em uma metodologia da História que articula fontes,
texto e contexto.
Nesse sentido, o historiador que trabalha
com História e Literatura deve ter clareza na proposição do problema à fonte
literária, pois esta pode se tornar promissora para sua pesquisa. Deve-se
indagar na formulação do problema de pesquisa quem é o escritor da obra,
período de produção, suporte do impresso, conteúdo, conexões com outras
linguagens, como a plástica, cinematográfica, teatral, etc.; como situam as
representações sociais e culturais em tais textos; as sensibilidades
expressadas na escritura; os intercâmbios dos significados históricos e
literários de cada obra, entre outras.
Todavia, acredita-se que o epicentro
dos debates não está necessariamente nos usos da literatura, mas em um
componente que perpassa o universo literário: a ficção. Embora saibamos que nem
toda obra de literatura seja de caráter fictício, o rótulo na tradição
ocidental persiste, ou seja, literatura virou sinônimo de ficção. Nesse sentido, algo que ainda se manifesta
como um desafio para a comunidade historiadora foi trabalhado pela historiadora
estadunidense Natalie Zemon Davis, de modo que impactou muitos historiadores à
época (décadas finais do século XX) e forneceu forte exemplo da utilização de
fontes literárias e até fictícias em procedimentos de produção histórica.
Davis permite pensar na relação entre
História e Literatura e, consequentemente com a ficção através da obra O Retorno de Martin Guerre (1983).
Considerado o livro mais polêmico escrito por Natalie Davis e publicado em
1983, O Retorno de Martin Guerre carrega
procedimentos narrativos como a verossimilhança, as conjecturas e as analogias
para narrar à história de impostura e de falsa identidade ocorrida numa aldeia
francesa na região do Languedoc, na metade do século XVI. No livro, Davis
levanta reflexões em torno da pesquisa e da relação entre narrativa histórica e
narrativa literária.
Nos anos de 1540, no Languedoc, um camponês
abandona sua mulher, filho e propriedade, e durante anos não há notícias suas;
sete anos depois Martin Guerre reapareceu no povoado de Artigat. Foi recebido
com festas e a alegria da esposa e por 3 anos foram felizes. Até o dia em que,
como consequência de uma briga de família, um processo foi instaurado. Aquele Martin
Guerre não era o verdadeiro Martin Guerre, embora que quase convenceu a corte.
Assim, como desfecho registra-se a volta do verdadeiro Martin e a morte do
impostor.
Para produção desta obra, Davis recorreu a
duas fontes principais, a saber: a obra produzida pelo juiz Jean de Coras,
intitulada O Arrest Memorable (1561),
obra esta que para essa historiadora combinava aspectos jurídicos e literários;
já a outra obra refere-se a Breve história sobre o caso Martin produzida por
Guilherme Le Sueur. Embora recorra às duas fontes para reconstruir os
acontecimentos, Davis explora com mais afinco o livro de Coras porque ele
testemunhou os acontecimentos enquanto juiz, construindo uma narrativa a partir
dos autos do processo, que não existem mais, e de suas próprias dúvidas e das
dificuldades de julgar as provas, testemunhas, verdade, mentira, invenção. Além
destas fontes, Davis visitou dioceses e outros espaços em busca de
documentação.
Um ponto que oferta questionamento ao
método usado por Davis parece ser a invenção. Mas não a invenção astuciosa e de
fantasia, como oposição à verdade. Invenção, segundo Davis refere-se a uma ação
criativa, a um procedimento analítico frente às lacunas documentais. Nestes
termos, ressalta-se o caráter literário da narrativa do livro, que foi
considerado como romance histórico. A própria titulação dos capítulos segue um
tom romanesco. Esse estilo adotado por Davis, ao mesmo tempo que conquistou
muitos leitores, também angariou muitas críticas, uma vez que foi acusada de
transgredir os limites do histórico. A situação foi agravada, na medida em que
na introdução do livro essa historiadora evidenciou que “[...] o que aqui
ofereço ao leitor é, em parte, uma invenção minha, mas uma invenção construída
pela atenta escuta das vozes do passado (DAVIS, 1987, p. 21)”. As palavras de Davis acima
citadas se tornam importantes para pensarmos que embora ela considere seu
trabalho uma invenção, ancora-se nas fontes e na pesquisa realizada.
Por sua vez, é importante trazer para o
debate autores que foram citados pela própria Davis, haja vista que estes nos
possibilitam pensar que essa autora não tentou “inventar a roda”, mas, por
outro lado, realizou uma incursão historiográfica que muitos não se ariscam.
Assim, os posicionamentos de dois autores sobre a relação entre História e
ficção se tornam relevantes neste debate, a saber: Hayden White e Paul Ricoeur.
Para o primeiro, “os leitores de histórias e de romances dificilmente deixam de
se surpreender com as semelhanças entre eles. Há muitas histórias que poderiam
passar por romance, e muitos romances que poderiam passar por histórias (WHITE,
1994, p. 137) ”. Já Paul Ricoeur elenca que os historiadores modernos:
[...] não deixam
de recorrer, de formas muitos sutis, ao gênio romanesco, tão logo se empenham
em reefetuar, ou seja, repensar, um certo cálculo dos fins e dos meios. O
historiador não se proíbe, então, “pintar” uma situação, “restituir” uma cadeia
de pensamento e dar a esta a “vivacidade” de um discurso interior (RICOEUR, 1997, p.
323).
Assim, ambos os autores coadunam suas
ideias neste ponto para pensar que o romanesco e, consequentemente o ficcional
não estão tão distantes da prática dos historiadores. Todavia, Paul Ricoeur
ainda adverte que “o recurso aos documentos marca uma linha divisória entre
história e ficção”(RICOEUR, 1997, p.242), ou seja, embora a história possa ter
um pouco de ficção, ela se diferencia da mesma, pois as produções do
historiador visam a representação do passado ancorado em documentos. Daí,
podemos pensar os trabalhos de Davis, tendo em vista que, não obstante a autora
trabalhar com elementos ditos ficcionais, estar, por sua vez, foi amparada por
escuta atenta as fontes. É preciso registrar que existe outra perspectiva
teórica que pensa diferente dessa posição assumida por tais autores acima
citados. Assim, historiadores como Carlo Ginzburg e Roger Chartier combatem
principalmente as ideias de Hayden White por acreditarem que este radicaliza o
estatuto epistemológico da História.
Além do mais, Davis em O Retorno de Martin Guerre levanta o problema da identidade no
século XVI, haja vista que através de um caso de falsificação a problemática em
torno da identidade aflora. A autora propõe problematizar temas como verdade,
invenção e a dúvida. A documentação disponível era escassa e lacunar. Para
tanto, Davis estabelece argumentos conjecturais que as fontes permitiam e
elabora uma narrativa de estrutura literária, usando termos que expressam a
dúvida como “talvez” e “certamente” ou expressões como “pode-se conjecturar” e
“meu palpite”.
Além
de Davis, outros autores, desta feita do campo da crítica literária tem
demonstrado o profícuo trabalho com a Literatura para o estudo da história, a
exemplo do escritor e crítico marxista Raymond Williams que na obra O Campo e a Cidade na História e na
Literatura (1973), compreende que na história da Inglaterra, ao longo de
séculos, foi recorrente a atitude de autores que remetiam às suas próprias
infâncias ou à geração de seus pais e avós como um período idílico e saudoso.
Outro autor é o crítico literário palestino Edward Said, uma de suas principais
obras é Cultura e Imperialismo (1993),
na citada obra, Said estuda a influência do imperialismo sobre a cultura e a
política no Ocidente, de modo que utilizou obras literárias para o referido
livro, a exemplo de Coração de Trevas e
Robson Crusoe, advertindo que não se
deve considerar as referidas obras como meras abstrações, mas especializadas no
tema que tratam.
No
Brasil, várias produções de historiadores têm privilegiado o uso de fontes
literárias. Segundo Ferreira (In: PINSKY; LUCA, 2011), no âmbito da História,
somente a partir da década de 1980 foi que a literatura passou a ser objeto de
interesse dos historiadores brasileiros, sobretudo, influenciados pelas novas
abordagens advindas da história social e cultural já conhecidas do mundo europeu
e estadunidense. O livro Machado de
Assis, historiador foi escrito por Sidney Chalhoub em 2003, uma das obras
mais interessantes que promoveram o diálogo entre História e Literatura,
oportunidade em que entre outros aspectos, Chalhoub perscrutou a percepção de
Machado sobre a história social e política do Brasil em meados do século XIX,
atentando para as políticas de dominação no Brasil no período.
Literatura
e Ensino de História
Para a autora Circe Bittencourt (2003) a
Literatura pode ser trabalhada no ensino de História como documento
interdisciplinar. Segundo a autora o uso de fontes literárias por outras
disciplinas faz parte de uma tradição escolar. Enfatiza que o enlace com a
literatura é sempre desejável, dado que muitas práticas de ensino optam pelos
relatos literários como introdução de conhecimentos históricos.
Para Ruiz (in, KARNAL, 2013), o trabalho
com a literatura nas aulas de História é uma nova forma de abordagem, um tipo
de novo método de viés comparativo com atenção ao ponto de vista do narrador.
Para Pinto e Turazzi (2012, p.16), a História e Literatura no ensino de
História, “trata-se de um aprendizado que parte da base ficcional e chega à sua
situação histórica. [...] a elucidação do texto que a análise provoca permite
que o maravilhoso trazido pela ficção seja articulado ao mundo real”.
Fonseca (2012) elenca que a leitura de
textos literários permitem a observação de traços, pistas e referências do modo
de ser e de vida dos sujeitos. Ainda de acordo com Fonseca, as obras literárias
são produções que expressam indícios, detalhes de lugares, paisagens, culturas,
entre outros. Segundo esta pesquisadora, no ensino fundamental, é possível o
desenvolvimento de projetos inter/transdisciplinares (História, Literatura e
outras disciplinas), constando de obras nacionais e internacionais capazes de
incentivar a compreensão da História, leitura e criticidade, ponto pelo qual
adverte a autora que “os textos literários devem ser incorporados nas aulas de
História não como meros complementos ou ilustração, mas como fonte a ser
problematizada por professores e alunos” (FONSECA, 2012, p.317). Fonseca ainda
enfatiza que:
“A literatura, como linguagem constitutiva
da realidade social, expressa contradições, relações sociais e culturais; ao
problematizar a realidade, oferece ao historiador, ao professor e aos alunos
pistas e propostas reveladoras da identidade social e coletiva” (FONSECA, 2012,
p.317).
Abud, Silva e Alves (2010, p.46) ao debater
sobre o Aprender História por meio da
literatura, evidencia que:
“[...] o ensino de história pode utilizar a
literatura para discutir com os alunos como os autores literários constroem as
representações de um passado (i)memorial ou mesmo de um futuro ficcional para
dialogar com seu presente”. Além disso, é um meio para estudar os diferentes
discursos apresentados num tempo, o erudito e o popular, o conservador e o
progressista, o reacionário e o revolucionário [...]”.
Abud, Silva e Alves em seu texto Aprender
História por meio da literatura, oferece importante sugestão de trabalho
com a literatura nas aulas de História, recomendando sobre a escolha do tipo de
texto e as formas de explorá-lo na aula, observando a percepção de mudança e
permanência de mentalidades, lugares geográficos, grupos sociais, entre outros
aspectos. Os autores ainda compreendem que o trabalho com o documento literário
no ensino de História “[...] dota os alunos de habilidade descritiva,
versatilidade na apresentação da temporalidade histórica e qualificação na
interpretação da mentalidade de uma época” (ABUD, Et. all, 2010, p.46).
Referências
Roberg Januário dos Santos: Doutorando em História pelo Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Pará. Professor efetivo do
curso de História do Instituto de Estudos do Trópico Úmido, da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará.
Rosenaldo Januário dos Santos. Graduado
em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
ABUD,
Katia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; Ronaldo Cardoso Alves (Org). Aprender
História por meio da literatura. In: Ensino
de História. São Paulo: Cengage, 2010, p. 41-58.
ALBUQUERQUE
JUNIOR, Durval Muniz de. Nos destinos de
fronteira: história, espaços e identidade regional. – Recife: Bagaço, 2008.
ALBURQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado.
Ensaios de teoria da história. Bauru, SP: Edusc, 2007.
BITTENCOURT,
Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e Métodos. São
Paulo: Cortez, 2004.
CERTEAU, Michel de. História e Psicanálise: entre a história e
a ficção. Tradução Guilherme João de Freitas Texeira. – Belo Horizonte:
Autentica Editora, 2011.
Davis, Natalie Zemon. O retorno de Martin Guerre. Tradução:
Denise Bottmann. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de História: experiências, reflexões e
aprendizados. 13 ed. Campinas: Papirus, 2012.
PESAVENTO,
Sandra Jatahy. História & história
cultural. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 2ª .ed. São Paulo:
contexto, 2010.
FERREIRA, Antônio Celso. Literatura. In: PINSKY.
Carla Bassanezi. LUCA, Tania Regina (Org.) O
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RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa – Tomo III. Tradução: Roberto Leal Ferreira.
Campina, SP: Papirus, 1997.
RUIZ, Rafael. Literatura: novas formas de
abordar o ensino de História. In: KARNAL, Leandro. (org.) História
na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo:
Contexto, 2005.
SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras. 2011.
VEYNE,
Paul Marie. Como se escreve a história; Foucault revoluciona
a história. Trad. Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp. 3ª ed. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1992.
WHITE, Hayden. Trópicos do Discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
Sem dúvida a literatura é uma fonte gigante de pequisa da histórica. Como argumentar uma concepção por meio do texto literário? Quais fontes posso relaciona com o texto literário que auxilia o embasamento teórico?
ResponderExcluirPrezado Douglas, obrigado pelo comentário. Acerca da primeira questão, depende muito de que concepção se defende. Mas, penso que é importante perceber as representações presentes na literatura que possam embasar, no caso da História, a sua argumentação histórica sobre determinado objeto. Sobre as fontes, depende do seu objeto de estudo, tema, etc. Por exemplo, no caso do tema da escravidão, supondo uma determinada abordagem de um problema histórico no século xix, podem ser cruzadas fontes literárias e fontes paróquias, bem como documentos oriundos de registros cartoriais. Depende muito do estudo, tema, recortes, etc.
ExcluirContinuemos...
Att,
Roberg
Rosenaldo
Prezados comunicadores, primeiramente parabéns pelo texto. Sem duvida os debates no âmbito historiográfico sobre Literatura e História juntas ou história versus literatura como se cada uma tivesse seu lugar e não se misturasse, são amplos mesmos além de ser um debate acirrado, Natalie Davis me atrai muito pela escrita, no âmbito historiográfico e de produção historiográfica a gente consegue ver notoriamente essa diferenciação entre quem é a favor e contra . Acredito que no meio escolar para o ensino de história elas podem estar juntas, e ate no meio acadêmico ser usadas como fontes, o texto dos senhores me lembrou recentemente uma tese que li, da Sa Jussara Bittencourt a Nação brasileira em cena, no trabalho dela , ela faz uso de variadas obras e vai contextualizando o cenário político e social e ate questões sociais como o estrangeiro como imigrante, nas fontes que ela utiliza como algumas obras ela sintetiza muito bem esse cenário histórico e social, acredito que a escrita de peças teatrais levadas para sala como uma fonte a ser usada e problematizada no ensino de historia com nossos alunos, enriquecem as aulas, pois não so na academia mais na própria pratica escolar, acredito que devemos lançar e ampliar o olhar para alem das fontes documentais oficiais , como os Anais do parlamentos, os relatórios, os registros de casamento e óbitos etc. Acredito que certas peças teatrais possam nos ajudar e podem até mesmo ser fontes históricas para nossas composições de tese por historicizar o autor , o contexto em que a peça ou a obra foi escrita, alem das obras de Machado de Assis, obras como Sergio Buarque de Holanda podem ser problematizadas e contextualizadas nas nossas pesquisas historiográficas, acredito que pensar a literatura como Fonte para escrota da historia e a Literatura como metodologia e estratégia de ensino em sala de aula precisa ser maior maior difundido entre nós. Pois acredito nessa possiblidade de literatura e historia andarem juntas, um artigo que me chamou bastante atenção recentemente foi do historiador Adrin Figueiredo em que ele trabalha o medo a honra e a marginalidade sobre a imagética de Jacob patachó e literatura do século XIX, na qual ao lermos o conto de Inglês de Souza A quadrilha de Jacó Patacho podemos ver muito alem da efervescência cultural da época as motivações e interesses, por exemplo inglês de Souza em sua obra , situa o contexto histórico amazônico de 1830 , processo da cabanagem, ali é possível destacar em nossas aulas aspectos do oitocentos amazônico com nossos alunos. Pra os prezados o maior problema envolto perpassa pela "estatuto epistemológico da História? " gostei bastante do texto dos senhores, mais ao ler fiquei em duvida sobre essa colocação dos senhores no texto. Atenciosamente :)
ResponderExcluirEliandra gleyce dos Passos Rodrigues
Elisandra Rodrigues, obrigado pela leitura!
ExcluirSobre estatuto epistemológico da História queremos nos reportar à construção epistemológica realizada por gerações de historiadores acerca do seu metier. Ou seja, para além da discussão se a História é uma ciência ou disciplina, consideramos que os historiadores, assim como outros profissionais de outras áreas do saber, construíram ao longo do tempo um instrumental teórico-metodológico para a História, de modo que rigores de pesquisa, linguagem conceitual e modos de fazer são reconhecidos como uma operação historiográfica, gestando um tipo de estatuto epistemológico que permite certas "garantias" de credibilidade ao trabalho histórico.
Att,
Roberg Santos
Rosenaldo Santos
Olá. Eu vi que o recém-falecido Hayden White está em sua bibliografia. QUal a importância dele pro trabalho de vocês?
ResponderExcluirolá
ResponderExcluirinicialmente gostaria de parabenizar pelo texto e pela seleção de autores que o deixaram extremente rico!
agora, gostaria de entender, a relação das ideias durval muniz de alburquerque jr. (mais precisamente a que abre o inicio do texto)e que conceitua as delimitações entre história e literatura, e as de Paul Veyne, percursor do tema em questão?
att
Maria Marciene Andrade de Oliveira
Prezada Maciene, obrigado pela leitura do texto!
ResponderExcluirOs historiadores Durval Muniz A. Junior e Paul Veyne se aproximam quando discutem a presença de elementos do romance perpassando a narrativa histórica. Ambos demonstram a importância dos acontecimentos e fontes para a História, mas observam a literatura como algo próximo a História.
Att,
Roberg Santos
Rosenaldo Januário