ENTRE
TAMBORES, GUITARRAS E MARACÁS: HEAVY METAL COMO SUPORTE PARA O ENSINO DE
HISTÓRIA
Introdução
Com o presente
trabalho apresentaremos reflexões sobre o ensino de história indígena por meio
da música. Entendemos que, para que haja uma melhor relação entre o
ensino-aprendizagem, o professor deve incluir em sua lida diária diversos tipos
de suportes de ensino, como textos literários, documentos, novas tecnologias de
informação e comunicação, filmes, músicas, entre outros. Entretanto, quando a
música é utilizada em salas de aula por professores de história, elas parecem
ter uma limitação ou um lugar comum, ou seja, trabalhadas essencialmente sobre
temas específicos, como a ditadura civil-militar, e a partir de certos estilos,
como a MPB e o Rock. Nossa proposta é ampliar a possibilidade de estudos de
temas e o uso de outros estilos, no caso específico do trabalho, o estudo da
cultura indígena por meio da banda de heavy metal Arandu Arakuaa. Tomamos, como
fontes, letras das músicas e entrevistas com os artistas.
A historiografia reconheceu a música
enquanto fonte de pesquisa muito recentemente, ao menos no Brasil. Foi apenas a
partir da década de 1970 que a música começou a ser tema de dissertações e
teses nas Universidades, cujo boom se
deu na década de 1980. Entretanto, ao longo do final do século XX, a
preocupação inicial de historiadores e sociólogos era de analisar apenas as
letras separadas das músicas, contexto
separado da obra, autor separado da sociedade, estética separada da ideologia.
Marcos Napolitano (2006) traz novos enfoques teórico-metodológicos para os
pesquisadores interessados neste fenômeno cultural. Sem hierarquizar questões
sociais, econômicas, estéticas e culturais, o autor propõe articulá-las a fim
de valorizar a complexidade do objeto estudado. Assim, quem pesquisa música por
um viés histórico não deve fechar-se em sua torre de marfim, mas considerar
outras disciplinas auxiliares das Ciências Humanas, como a sociologia, a
antropologia, a comunicação social, os estudos culturais, a crítica literária e
linguística.
Para Oliveira Pinto (2001) a inserção
da música e suas inúmeras atividades sociais com seus significados múltiplos
que interagem no tempo e no espaço constituem um plano de análise na
antropologia da música, tendo como enfoque as relações entre som, imagem e movimento
de forma primordial neste tipo de pesquisa. Nesse aspecto a música não seria
entendida apenas a partir de seus elementos estéticos mas, em primeiro lugar,
como uma forma de comunicação que possui, semelhante a qualquer tipo de
linguagem, seus próprios códigos. Para o autor, música é manifestação de
crenças, de identidades, e é universal quanto à sua existência e importância em
qualquer que seja a sociedade, e ao mesmo tempo é singular e de difícil
tradução, quando apresentada fora de seu contexto ou de seu meio cultural.
É próximo a estes termos que inserimos Arandu
Arakuaa, uma banda brasileira que mistura Heavy Metal com música indígena e
regional surgida em 2008 na periferia de Brasília (Taguatinga). As letras das
músicas são cantadas nos idiomas tupi-guarani, akwê xerente, xavante e também
em português. O grupo faz parte do Levante
do Metal Nativo, um movimento de bandas brasileiras que misturam Heavy
Metal com elementos musicais típicos do país, folclore e/ou escrevem letras em
línguas indígenas. É importante salientar que este estudo não tem intenção de
exaltar nem denegrir ou depreciar a banda e sim inseri-la em seu contexto atual
de busca pela preservação da cultura indígena, verificando de que maneira isso
ocorre e o que ela representa para o Heavy Metal
brasileiro atual.
Arandu
Arakuaa e a história indígena
Após um longo período da história em
que os indígenas brasileiros foram vistos como inferiores ou apagados da
história enquanto povos ativos e autônomos no período colonial, imperial e
republicano, começam a surgir legislações que preveem considerá-los componentes
efetivos da identidade brasileira. A Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973
dispõe sobre o estatuto do índio e traz, em seu artigo primeiro:
“Art. 1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou
silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua
cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional.
Parágrafo
único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do
País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados
os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares
reconhecidas nesta Lei.”
Embora importante avanço, a legislação,
ao propor “preservar a sua cultura”, também prevê
“integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional”, ou seja,
pode-se interpretar que a intenção da legislação era integrá-los ao restante do
país, reconhecendo sua cultura, mas ainda de maneira inferiorizada. Com a
Constituição de 1988 houve garantias dos direitos antes negados aos indígenas,
adentrando a década de 1990 com a reformulação da educação brasileira a partir
da LDB, em 1996. Assim, escolas indígenas foram criadas e formuladas sistemas
de ensino indígenas com o objetivo de educar crianças, jovens e adultos na
cultura, idioma e costumes de seus povos, garantindo a preservação de sua
cultura e identidade.
Em 2008 é promulgada a Lei
11.645, de 10 de março, em que é prevista a obrigatoriedade do ensino de história
e cultura indígena nas nossas instituições de ensino, assim como a história e
cultura africana e afro-brasileira, previstas já na lei 10. 639/03. A partir
daí, aumentaram as intenções da sociedade brasileira em relação à preservação
da cultura indígena, com visíveis reflexos na arte, no caso da pesquisa a banda
Arandu Arakuaa.
Durante muito tempo pesquisadores da
arte oriundos de diversas disciplinas interpretaram – e alguns até hoje o fazem
– a arte como universo autônomo, desligado de seu contexto, a arte pela arte. A
arte, para estes críticos, seria apenas estética, não tendo funções sociais,
morais ou pedagógicas. Pelos parâmetros da história, tal maneira de pensar por
si só já se exclui haja vista que a intenção de uma “arte pela arte” é datada,
com início em Aristóteles e consolidada a partir do século XVIII. A maneira
encontrada pela crítica para se desvincular deste problema foi conceber a arte
em seu contexto de produção, entretanto a arte passou a ser vista apenas como
mero reflexo do seu contexto. Fugindo dessa perspectiva, temos as ideias de
Raymond Willians (2011), em que a obra de arte é considerada como um processo
ativo de uma pessoa, grupo e tempo, e não apenas o reflexo social. Sendo assim,
Arandu Arakuaa é membro de uma realidade social, mas atua sobre ela produzindo
e veiculando sua interpretação do mundo em que vive, materializando tudo isso
em sua produção artística.
A banda é formada por Karine Aguiar (Vocais/Maracá), Zândhio
Aquino (Viola/Guitarra/Vocais/Instrumentos Indígenas), Pablo Vilela
(Guitarra/Vocais), Saulo Lucena (Contrabaixo/Vocais) e Ygor Saunier
(Bateria/Percussão). Apenas Zândhio Aquino, que também
escreve as músicas, é de origem indígena, mas não totalmente, como aponta em
entrevista concedida aos autores deste texto:
Ser índio é parte do meu cotidiano
desde sempre, e realmente não ligo se algumas pessoas acham que não sou índio
por ter também sangue não indígena e viver na cidade. No fim o que importante é
meu sangue, minha ancestralidade e meu compromisso com a cultura e a luta dos
Povos Originários dessa terra. (AQUINO, 2017)
As músicas da banda Arandu Arakuaa
possuem o peso clássico do Heavy Metal, guitarras distorcidas, pedal duplo na
bateria e tônicas de baixo acentuadas, na maioria dos versos a viola caipira de
doze cordas se destaca, e surgem chocalhos, tambores, batuques, sons de
berimbaus, maracá, instrumentos de música tipicamente indígenas, um vocal
feminino limpo e melódico intercalado com um contundente e agressivo vocal
gutural cantado em idiomas indígenas. Ao ouvir as músicas e visualizar a
proposta da banda é natural que nos cause “estranheza”. Um estilo que une duas
culturas distintas: O Heavy Metal (de cultura europeia) e a música com
elementos Indígenas (língua e instrumentos). Um choque cultural emerge neste
entrelaço de culturas, uma fusão entre o opressor e oprimido, uma contaminação
entre culturas.
A mistura de Heavy Metal com elementos Indígenas
e/ou Afro-brasileiros já havia sido incorporada em duas bandas brasileiras: a
Banda Sepultura com o álbum Roots de
1995, misturou Thrash Metal aos tambores da tribo indígena Xavantes (gravação
das músicas "Itsári" e "Jasco" na aldeia. A banda de Heavy
Metal Melódico Angra também acrescentou batuques negros em seu segundo disco Holy Land de 1996. Vemos
aqui o movimento Levante do Metal Nativo repensando a si mesmo e não apenas
repetindo o discurso da cultura do colonizador, músicas essas que carregam um
discurso pró-valorização das raízes da cultura brasileira. Segundo Eckert;
Rocha (2008) as performances e as etiquetas próprias do grupo revelam suas
orientações simbólicas e traduzem seus sistemas de valores para pensar o mundo,
além disso todas as redes sociais tem sua forma própria de pertencer e viver.
Os autores citam Clifford Geertz (1978) que sugere que estaremos desvendando o
tom e a qualidade da vida cultural, interpretando um sistema simbólico que
orienta a vida e conforma os valores éticos dos grupos sociais em suas ações e
representações acerca de como viver em um sistema social.
A única pesquisa encontrada sobre a
banda Arandua Arakuaa foi o artigo de Natasha Aleksandra Bramorski, intitulado:
“Práticas religiosas através de três cantos de Arandu Arakuaa”. A autora faz
uma análise canções (letra/melodia) e de performances em videoclipes da banda
que estão hospedados no Youtube, os dois primeiros são Gûyrá e Aruanãs, faixas
do álbum Kó Yby Oréde 2013, e os dois
últimos, são Hêwaka Waktû e Ĩpredu do álbum Wdê Nnãkrda de 2015. A autora também analisa as fotos dos álbuns e
do projeto gráfico da banda, assim como seus logotipos. Para Bramoski (2016,
p.13) os integrantes da banda Arandu Arakua “estão se tornando indígenas em sua
alma” e ainda cita um ditado: “existem pessoas que tem sangue indígena nas
mãos, umas em suas veias, enquanto outras em sua alma”.
A única música cantada em português,
“Povo Vermelho”, dá ideia das intenções da banda:
“Tocar maracá fazia planta nova crescer
Homem chumbo no meu povo
Acertava na cabeça e o coração parava
Índio caia, eu chorei muito
Homem. Mulher, menino bonito, morrer
tudo
Alguns de nós fugimos, escondemos na
mata
Lutamos até hoje, lutamos até hoje
O povo vermelho resiste, o povo
vermelho resiste
Enquanto houver terra, enquanto houver
mata
Depois tudo ficou diferente
Os espíritos chamados de demônios
Cada dia menos árvores, animais,
histórias, cantoria
Hu ha hu ha hi
Os monstros do progresso continuaram a
matar
Com armas, doenças, pregando a sua fé
Ganância e ignorância comandam seus
corações
Matavam nossos homens, roubavam nosso
saber
Entraram para a história como heróis”
Como se percebe na letra, a música pode
ser usada tanto em discussões sobre etnias anteriores à chegada do europeu
quanto no processo de colonização do Brasil e em novas formas de resistência
indígena, como o conflito atual pela demarcação. Aquino, sobre as letras, afirma:
As letras são sempre no contexto
indígena e na estética da música indígena. Não temos interesse em escrever
aquelas letras gigantes sobre heróis e guerras tão comuns nas bandas de Heavy
Metal, nossa maior inspiração são as histórias contatas pelos anciões, o
contato com a natureza, os ritos, e a luta atual dos indígenas por seus
direitos (AQUINO, 2017).
Sobre a contribuição da banda para a
preservação da cultura Indígena e para o Heavy Metal Nacional, Aquino (2017)
acrescenta, na entrevista, que:
“Temos contato com muitos indígenas e o
feedback em relação a nosso trabalho é sempre bastante positivo por parte
deles. O trabalho da banda é apenas chamar atenção para as culturas nativas
dessa terra, para as pessoas irem pesquisar mais a fundo. Você não entende de
cultura indígena apenas por ouvir nossa música ou de qualquer outra artista
indígena, a arte é apenas uma porta de entrada.Creio que nosso papel é tão
somente o de chamar atenção para as culturas e as lutas dos Povos Indígenas do
Brasil. As culturas indígenas estão em toda parte, as pessoas só precisam
tomarem consciência da sua existência. Para o Heavy Metal nacional imagino que
nosso papel seja como o de qualquer outra banda, a cena é uma construção
coletiva de todos que são parte dela de alguma forma”.
A banda Arandu Arakuaa buscou nas raízes
do Brasil elementos para produzir a sua arte, contribuiu diretamente na
exaltação da cultura indígena e trouxe conscientização sobre os problemas
indígenas através de suas músicas, - o que tiveram de particular e único - dentre
tantas bandas no cenário musical nacional. Reconhecer essas raízes e essa
contribuição torna possível o debate sobre as condições indígenas
contemporâneas.
Conclusão
Apresentamos, neste trabalho, uma
pequena análise das relações entre história e música, de uma das bandas do
movimento Levante do Metal Nativo, Arandu Arakuaa, e algumas das possibilidades
pedagógicas para o uso de suas músicas em sala de aula. Entretanto, muitas
questões ainda podem ser colocadas pelo pesquisador/docente a si mesmo e em discussões
em sala de aula, como: Arandu Arakuaa é uma banda de índios, não-índios ou
índios e não-índios? As músicas da banda são tipicamente indígenas? Heavy
Metal? Mista? É uma nova proposta de gênero musical? Um índio que vive na
cidade e toca guitarra cantando em língua tupi com rosto pintado representa o
quê? Há outra coisa mais importante na constituição da identidade do seu povo,
mas que não seria compreendida e ele resolveu usar algo mais palpável? É um
protesto político? O que a banda representa para o Heavy Metal atual? O
que possibilitou a banda escrever músicas com letras de línguas indígenas
compreendendo que a banda canta em três línguas indígenas complexas? Quais
assuntos são abordados nas letras? Qual a intenção da banda ao produzir este
tipo de música? Questões estas a serem comparadas com outras fontes,
compartilhadas e discutidas para uma melhor compreensão acerca da história
indígena.
Referências
Heraldo Márcio Galvão Júnior é
Professor Assistente-A do curso de História da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (Unifesspa). Atualmente cursa doutorado em História Social da
Amazônia na Universidade Federal do Pará.
Jéssica Teixeira
Careon é graduada em
História no Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva. Especialista
em História e Cultura Indígena e Afro-brasileira no Instituto Graduarte.
BRAMORSKI, Natasha Aleksandra. Práticas
religiosas através de três cantos de Arandu Arakuaa. In: II Simpósio Internacional da ABHR: História, Gênero e Religião:
Violências e Direitos Humanos. Florianópolis, 2016.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
NAPOLITANO, Marcos. A historiografia da
música popular brasileira. ArtCultura, Uberlândia,
v. 8, n. 13, p. 135-150, jul.-dez. 2006
OLIVEIRA PINTO, Tiago de. “Som e
Música: Questões de uma Antropologia
Sonora”. Revista de Antropologia, São Paulo: USP, v. 44, no 1, 2001.
WILLIAMS,
Raymond. Cultura e materialismo. São
Paulo: Ed. Unesp, 2011.
Primeiramente, parabéns pelo excelente texto! Achei muito legal a proposta de vocês ao trabalharem a história indígena, pensarem também a banda Arandu Arakuaa.
ResponderExcluirVocês já colocaram essa ideia em prática na sala de aula? Se sim, como foi a experiência?
Desde já agradeço,
Anna Luiza Pereira
Obrigada Anna Luiza!
ExcluirAno passado um amigo e professor de História me convidou para dar uma palestra para duas turmas de 9 ano da escola onde ele leciona sobre Cultura Indígena e utilizei a banda Arandu Arakuaa como objeto.
Os alunos foram bem receptivos e ficaram bastante curiosos.
O bacana foi poder desconstruir questões indígenas que estão muito enraizadas, por exemplo: o indígena que usa celular, o que dirige um carro e aquele que toca uma guitarra. É que importante que os alunos e a sociedade no geral saibam que utilizarem esses objetos não os tornam menos indígenas, não há anulação da sua identidade e não há uma perda cultural. Posso citar aqui o exemplo dos Mendi que fazem jóias a partir do lixo europeu e que isso não comprometeu a sua tradição.
É índio quem se considera índio e é considerado como tal pelo grupo, simples assim.
Jéssica Teixeira Careon.
Olá, Bom dia!
ResponderExcluirA Participação em um projeto de Extensão intitulado “Dos poetas românticos a inclusão étnico/racial” me fez ingressar fundo na literatura e em muitas coisas que envolve negros, afrodescendentes e indígenas. A banda Arandu Arakuaa foi utilizada em nosso projeto numa intervenção em uma escola da cidade de Xinguara-PA tendo uma ótima recepção entre alunos onde os mesmo começaram a se interessar um pouco sobre a pronuncia e cantos indígenas, pois esta proposta da banda foi bem atrativa sendo que além disso introduzimos também cantos de algumas etnias em sala reforçando ainda mais as discussões e interesses dos alunos. A musica é um recurso excelente para obter a atenção dos alunos e fazemos ingressar no contexto ou cultura. Embora o senhor Heraldo Marcio Galvão tenha participado desde projeto não ficou até o fim do mesmo por motivos de doutoramento e ficou de fora de alguns resultados obtidos. Então a pergunta que tenho é a seguinte vocês já pensaram e puseram em pratica o uso da letra e demais suportes em sala de aula? Além desta banda que retrata tão bem a língua indígena em sua letra vocês tem conhecimento de outras?
De fato a banda remonta e nos faz ingressar numa mistica indígena embora tenha instrumentos que não são de sua cultura... de que maneira vocês pensam que essa banda pode contribuir para o ensino da cultura indígena em escolas?
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBoa noite, Jeremias.
ExcluirMuito obrigado pela leitura e participação. Infelizmente não pude estar presente na finalização do projeto, mas adianto a quem interessar que foi muito produtivo.
Acredito que sua primeira pergunta tenha sido respondida por Jessica Teixeira Careon na pergunta feita por Anna Luiza logo acima. A sua segunda questão foi respondida, em partes, no seguinte trecho do texto: “A mistura de Heavy Metal com elementos Indígenas e/ou Afro-brasileiros já havia sido incorporada em duas bandas brasileiras: a Banda Sepultura com o álbum Roots de 1995, misturou Thrash Metal aos tambores da tribo indígena Xavantes (gravação das músicas "Itsári" e "Jasco" na aldeia. A banda de Heavy Metal Melódico Angra também acrescentou batuques negros em seu segundo disco Holy Land de 1996”.
A título de complementação, temos o Movimento Levante do Metal Nativo, que é um movimento de bandas brasileiras que misturam Heavy Metal com elementos musicais típicos do país, folclore e/ou escrevem letras em línguas indígenas. O movimento vem tomando forma dentro da cena do Heavy Metal nacional. Bandas como Aclla, Armahda, Cangaço, Hate Embrace, MorrigaM, TamuyaThrashTribe, Voodoopriest e Arandu Arakuaa, abraçaram a ideia da integração de elementos brasileiros à suas músicas e lutam para a consolidação do novo gênero musical no Brasil.
Acreditamos que a utilização da banda e suas letras em sala de aula extrapolam o ensino acerca da cultura indígena passada e atual. Além de poder fazer uma abordagem linguística, cultural, mítica, política e social a partir de suas letras, acreditamos que o uso da banda em si pode abrir espaço para discussões que perpassam o protagonismo indígena e que questionem um caminho de mão única dos estudos culturais, ou seja, não são apenas elementos indígenas que estão presentes no metal, mas também o metal presente nas músicas indígenas. Há a união de culturas e não uma sobreposição.
Heraldo Márcio Galvão Júnior
Meus cumprimentos, sem duvida o trabalho de vocês e muito feliz no debate da questão étnica, além de apresentar uma proposta interessante para o ensino de História. Gostaria de enfatizar a importância das linguagens no ensino, e gostaria que me esclarecessem por meio das leituras feitas, como podemos usar a música/banda que vocês apresentam como uma forma educacional para se trabalhar o dia do índio nas escolas públicas, retirando das escolas as atividades que muita das vezes reproduzem esteriótipos contra a população indígena? Aproveito a oportunidade, e faço uma nova indagação, qual a visão de vocês, ou se pensaram no momento que discutiam sobre a banda Arandu Arakuaa e o uso do Heavy Metal para o ensino de História, pensaram na questão educacional no nosso país ser tão desigual e mais especificamente no interior/sertão e que há uma possibilidade de essa linguagem ser trabalhada por questões de estrutura a qual a escola não dispõe dos recursos necessários para tal atividade, assim como o professor pode fazer uso desta linguagem por meio de outra ferramenta educacional que passe o mesmo debate a qual seria feito com a musica da banda Arandu Arakuaa?
ResponderExcluirRafael Sousa Nogueira
Parabéns professores, pelo texto que levanta questões importante a cerca dos povos indígenas e sua cultura.Como esse tema é atual e que precisa ser debatido em sala de aula e fora dos murros da escola.A música perece ser algo interessante e lúdico que chama atenção dos discente. Nesse sentido o professor de história tem uma missão de fazer com que esse tema seja lembrado e discutido em sala com seus alunos, não somente na semana ou na data que comemora o dia dos indígenas. Meu questionamento é: seria somente o Heavy Metal ou outro gênero musical?
ResponderExcluirAtenciosamente,
Rildo Bento Tavares