Heraldo Márcio Galvão Júnior e Jessica Teixeira Careon


ENTRE TAMBORES, GUITARRAS E MARACÁS: HEAVY METAL COMO SUPORTE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA



Introdução

Com o presente trabalho apresentaremos reflexões sobre o ensino de história indígena por meio da música. Entendemos que, para que haja uma melhor relação entre o ensino-aprendizagem, o professor deve incluir em sua lida diária diversos tipos de suportes de ensino, como textos literários, documentos, novas tecnologias de informação e comunicação, filmes, músicas, entre outros. Entretanto, quando a música é utilizada em salas de aula por professores de história, elas parecem ter uma limitação ou um lugar comum, ou seja, trabalhadas essencialmente sobre temas específicos, como a ditadura civil-militar, e a partir de certos estilos, como a MPB e o Rock. Nossa proposta é ampliar a possibilidade de estudos de temas e o uso de outros estilos, no caso específico do trabalho, o estudo da cultura indígena por meio da banda de heavy metal Arandu Arakuaa. Tomamos, como fontes, letras das músicas e entrevistas com os artistas.

A historiografia reconheceu a música enquanto fonte de pesquisa muito recentemente, ao menos no Brasil. Foi apenas a partir da década de 1970 que a música começou a ser tema de dissertações e teses nas Universidades, cujo boom se deu na década de 1980. Entretanto, ao longo do final do século XX, a preocupação inicial de historiadores e sociólogos era de analisar apenas as letras separadas das músicas, contexto separado da obra, autor separado da sociedade, estética separada da ideologia. Marcos Napolitano (2006) traz novos enfoques teórico-metodológicos para os pesquisadores interessados neste fenômeno cultural. Sem hierarquizar questões sociais, econômicas, estéticas e culturais, o autor propõe articulá-las a fim de valorizar a complexidade do objeto estudado. Assim, quem pesquisa música por um viés histórico não deve fechar-se em sua torre de marfim, mas considerar outras disciplinas auxiliares das Ciências Humanas, como a sociologia, a antropologia, a comunicação social, os estudos culturais, a crítica literária e linguística.

Para Oliveira Pinto (2001) a inserção da música e suas inúmeras atividades sociais com seus significados múltiplos que interagem no tempo e no espaço constituem um plano de análise na antropologia da música, tendo como enfoque as relações entre som, imagem e movimento de forma primordial neste tipo de pesquisa. Nesse aspecto a música não seria entendida apenas a partir de seus elementos estéticos mas, em primeiro lugar, como uma forma de comunicação que possui, semelhante a qualquer tipo de linguagem, seus próprios códigos. Para o autor, música é manifestação de crenças, de identidades, e é universal quanto à sua existência e importância em qualquer que seja a sociedade, e ao mesmo tempo é singular e de difícil tradução, quando apresentada fora de seu contexto ou de seu meio cultural.

É próximo a estes termos que inserimos Arandu Arakuaa, uma banda brasileira que mistura Heavy Metal com música indígena e regional surgida em 2008 na periferia de Brasília (Taguatinga). As letras das músicas são cantadas nos idiomas tupi-guarani, akwê xerente, xavante e também em português. O grupo faz parte do Levante do Metal Nativo, um movimento de bandas brasileiras que misturam Heavy Metal com elementos musicais típicos do país, folclore e/ou escrevem letras em línguas indígenas. É importante salientar que este estudo não tem intenção de exaltar nem denegrir ou depreciar a banda e sim inseri-la em seu contexto atual de busca pela preservação da cultura indígena, verificando de que maneira isso ocorre e o que ela representa para o Heavy Metal brasileiro atual.


Arandu Arakuaa e a história indígena


Após um longo período da história em que os indígenas brasileiros foram vistos como inferiores ou apagados da história enquanto povos ativos e autônomos no período colonial, imperial e republicano, começam a surgir legislações que preveem considerá-los componentes efetivos da identidade brasileira. A Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973 dispõe sobre o estatuto do índio e traz, em seu artigo primeiro:

Art. 1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional.
Parágrafo único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei.”

Embora importante avanço, a legislação, ao propor “preservar a sua cultura”, também prevê “integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional”, ou seja, pode-se interpretar que a intenção da legislação era integrá-los ao restante do país, reconhecendo sua cultura, mas ainda de maneira inferiorizada. Com a Constituição de 1988 houve garantias dos direitos antes negados aos indígenas, adentrando a década de 1990 com a reformulação da educação brasileira a partir da LDB, em 1996. Assim, escolas indígenas foram criadas e formuladas sistemas de ensino indígenas com o objetivo de educar crianças, jovens e adultos na cultura, idioma e costumes de seus povos, garantindo a preservação de sua cultura e identidade.

Em 2008 é promulgada a Lei 11.645, de 10 de março, em que é prevista a obrigatoriedade do ensino de história e cultura indígena nas nossas instituições de ensino, assim como a história e cultura africana e afro-brasileira, previstas já na lei 10. 639/03. A partir daí, aumentaram as intenções da sociedade brasileira em relação à preservação da cultura indígena, com visíveis reflexos na arte, no caso da pesquisa a banda Arandu Arakuaa.

Durante muito tempo pesquisadores da arte oriundos de diversas disciplinas interpretaram – e alguns até hoje o fazem – a arte como universo autônomo, desligado de seu contexto, a arte pela arte. A arte, para estes críticos, seria apenas estética, não tendo funções sociais, morais ou pedagógicas. Pelos parâmetros da história, tal maneira de pensar por si só já se exclui haja vista que a intenção de uma “arte pela arte” é datada, com início em Aristóteles e consolidada a partir do século XVIII. A maneira encontrada pela crítica para se desvincular deste problema foi conceber a arte em seu contexto de produção, entretanto a arte passou a ser vista apenas como mero reflexo do seu contexto. Fugindo dessa perspectiva, temos as ideias de Raymond Willians (2011), em que a obra de arte é considerada como um processo ativo de uma pessoa, grupo e tempo, e não apenas o reflexo social. Sendo assim, Arandu Arakuaa é membro de uma realidade social, mas atua sobre ela produzindo e veiculando sua interpretação do mundo em que vive, materializando tudo isso em sua produção artística.

A banda é formada por Karine Aguiar (Vocais/Maracá), Zândhio Aquino (Viola/Guitarra/Vocais/Instrumentos Indígenas), Pablo Vilela (Guitarra/Vocais), Saulo Lucena (Contrabaixo/Vocais) e Ygor Saunier (Bateria/Percussão). Apenas Zândhio Aquino, que também escreve as músicas, é de origem indígena, mas não totalmente, como aponta em entrevista concedida aos autores deste texto:

Ser índio é parte do meu cotidiano desde sempre, e realmente não ligo se algumas pessoas acham que não sou índio por ter também sangue não indígena e viver na cidade. No fim o que importante é meu sangue, minha ancestralidade e meu compromisso com a cultura e a luta dos Povos Originários dessa terra. (AQUINO, 2017)

As músicas da banda Arandu Arakuaa possuem o peso clássico do Heavy Metal, guitarras distorcidas, pedal duplo na bateria e tônicas de baixo acentuadas, na maioria dos versos a viola caipira de doze cordas se destaca, e surgem chocalhos, tambores, batuques, sons de berimbaus, maracá, instrumentos de música tipicamente indígenas, um vocal feminino limpo e melódico intercalado com um contundente e agressivo vocal gutural cantado em idiomas indígenas. Ao ouvir as músicas e visualizar a proposta da banda é natural que nos cause “estranheza”. Um estilo que une duas culturas distintas: O Heavy Metal (de cultura europeia) e a música com elementos Indígenas (língua e instrumentos). Um choque cultural emerge neste entrelaço de culturas, uma fusão entre o opressor e oprimido, uma contaminação entre culturas.

A mistura de Heavy Metal com elementos Indígenas e/ou Afro-brasileiros já havia sido incorporada em duas bandas brasileiras: a Banda Sepultura com o álbum Roots de 1995, misturou Thrash Metal aos tambores da tribo indígena Xavantes (gravação das músicas "Itsári" e "Jasco" na aldeia. A banda de Heavy Metal Melódico Angra também acrescentou batuques negros em seu segundo disco Holy Land de 1996. Vemos aqui o movimento Levante do Metal Nativo repensando a si mesmo e não apenas repetindo o discurso da cultura do colonizador, músicas essas que carregam um discurso pró-valorização das raízes da cultura brasileira. Segundo Eckert; Rocha (2008) as performances e as etiquetas próprias do grupo revelam suas orientações simbólicas e traduzem seus sistemas de valores para pensar o mundo, além disso todas as redes sociais tem sua forma própria de pertencer e viver. Os autores citam Clifford Geertz (1978) que sugere que estaremos desvendando o tom e a qualidade da vida cultural, interpretando um sistema simbólico que orienta a vida e conforma os valores éticos dos grupos sociais em suas ações e representações acerca de como viver em um sistema social.

A única pesquisa encontrada sobre a banda Arandua Arakuaa foi o artigo de Natasha Aleksandra Bramorski, intitulado: “Práticas religiosas através de três cantos de Arandu Arakuaa”. A autora faz uma análise canções (letra/melodia) e de performances em videoclipes da banda que estão hospedados no Youtube, os dois primeiros são Gûyrá e Aruanãs, faixas do álbum Kó Yby Oréde 2013, e os dois últimos, são Hêwaka Waktû e Ĩpredu do álbum Wdê Nnãkrda de 2015. A autora também analisa as fotos dos álbuns e do projeto gráfico da banda, assim como seus logotipos. Para Bramoski (2016, p.13) os integrantes da banda Arandu Arakua “estão se tornando indígenas em sua alma” e ainda cita um ditado: “existem pessoas que tem sangue indígena nas mãos, umas em suas veias, enquanto outras em sua alma”.

A única música cantada em português, “Povo Vermelho”, dá ideia das intenções da banda:

“Tocar maracá fazia planta nova crescer
Homem chumbo no meu povo
Acertava na cabeça e o coração parava
Índio caia, eu chorei muito
Homem. Mulher, menino bonito, morrer tudo

Alguns de nós fugimos, escondemos na mata
Lutamos até hoje, lutamos até hoje
O povo vermelho resiste, o povo vermelho resiste
Enquanto houver terra, enquanto houver mata

Depois tudo ficou diferente
Os espíritos chamados de demônios
Cada dia menos árvores, animais, histórias, cantoria
Hu ha hu ha hi

Os monstros do progresso continuaram a matar
Com armas, doenças, pregando a sua fé
Ganância e ignorância comandam seus corações
Matavam nossos homens, roubavam nosso saber
Entraram para a história como heróis”

Como se percebe na letra, a música pode ser usada tanto em discussões sobre etnias anteriores à chegada do europeu quanto no processo de colonização do Brasil e em novas formas de resistência indígena, como o conflito atual pela demarcação. Aquino, sobre as letras, afirma:

As letras são sempre no contexto indígena e na estética da música indígena. Não temos interesse em escrever aquelas letras gigantes sobre heróis e guerras tão comuns nas bandas de Heavy Metal, nossa maior inspiração são as histórias contatas pelos anciões, o contato com a natureza, os ritos, e a luta atual dos indígenas por seus direitos (AQUINO, 2017).

Sobre a contribuição da banda para a preservação da cultura Indígena e para o Heavy Metal Nacional, Aquino (2017) acrescenta, na entrevista, que:

“Temos contato com muitos indígenas e o feedback em relação a nosso trabalho é sempre bastante positivo por parte deles. O trabalho da banda é apenas chamar atenção para as culturas nativas dessa terra, para as pessoas irem pesquisar mais a fundo. Você não entende de cultura indígena apenas por ouvir nossa música ou de qualquer outra artista indígena, a arte é apenas uma porta de entrada.Creio que nosso papel é tão somente o de chamar atenção para as culturas e as lutas dos Povos Indígenas do Brasil. As culturas indígenas estão em toda parte, as pessoas só precisam tomarem consciência da sua existência. Para o Heavy Metal nacional imagino que nosso papel seja como o de qualquer outra banda, a cena é uma construção coletiva de todos que são parte dela de alguma forma”.

A banda Arandu Arakuaa buscou nas raízes do Brasil elementos para produzir a sua arte, contribuiu diretamente na exaltação da cultura indígena e trouxe conscientização sobre os problemas indígenas através de suas músicas, - o que tiveram de particular e único - dentre tantas bandas no cenário musical nacional. Reconhecer essas raízes e essa contribuição torna possível o debate sobre as condições indígenas contemporâneas.


Conclusão

Apresentamos, neste trabalho, uma pequena análise das relações entre história e música, de uma das bandas do movimento Levante do Metal Nativo, Arandu Arakuaa, e algumas das possibilidades pedagógicas para o uso de suas músicas em sala de aula. Entretanto, muitas questões ainda podem ser colocadas pelo pesquisador/docente a si mesmo e em discussões em sala de aula, como: Arandu Arakuaa é uma banda de índios, não-índios ou índios e não-índios? As músicas da banda são tipicamente indígenas? Heavy Metal? Mista? É uma nova proposta de gênero musical? Um índio que vive na cidade e toca guitarra cantando em língua tupi com rosto pintado representa o quê? Há outra coisa mais importante na constituição da identidade do seu povo, mas que não seria compreendida e ele resolveu usar algo mais palpável? É um protesto político? O que a banda representa para o Heavy Metal atual? O que possibilitou a banda escrever músicas com letras de línguas indígenas compreendendo que a banda canta em três línguas indígenas complexas? Quais assuntos são abordados nas letras? Qual a intenção da banda ao produzir este tipo de música? Questões estas a serem comparadas com outras fontes, compartilhadas e discutidas para uma melhor compreensão acerca da história indígena.

Referências
Heraldo Márcio Galvão Júnior é Professor Assistente-A do curso de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Atualmente cursa doutorado em História Social da Amazônia na Universidade Federal do Pará.

Jéssica Teixeira Careon é graduada em História no Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva. Especialista em História e Cultura Indígena e Afro-brasileira no Instituto Graduarte.

BRAMORSKI, Natasha Aleksandra. Práticas religiosas através de três cantos de Arandu Arakuaa. In: II Simpósio Internacional da ABHR: História, Gênero e Religião: Violências e Direitos Humanos. Florianópolis, 2016.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.

NAPOLITANO, Marcos. A historiografia da música popular brasileira. ArtCultura, Uberlândia, v. 8, n. 13, p. 135-150, jul.-dez. 2006

OLIVEIRA PINTO, Tiago de.  “Som e Música:  Questões de uma Antropologia Sonora”. Revista de Antropologia, São Paulo: USP, v. 44, no 1, 2001.

WILLIAMS, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.


7 comentários:

  1. Primeiramente, parabéns pelo excelente texto! Achei muito legal a proposta de vocês ao trabalharem a história indígena, pensarem também a banda Arandu Arakuaa.
    Vocês já colocaram essa ideia em prática na sala de aula? Se sim, como foi a experiência?

    Desde já agradeço,
    Anna Luiza Pereira

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    1. Obrigada Anna Luiza!

      Ano passado um amigo e professor de História me convidou para dar uma palestra para duas turmas de 9 ano da escola onde ele leciona sobre Cultura Indígena e utilizei a banda Arandu Arakuaa como objeto.
      Os alunos foram bem receptivos e ficaram bastante curiosos.
      O bacana foi poder desconstruir questões indígenas que estão muito enraizadas, por exemplo: o indígena que usa celular, o que dirige um carro e aquele que toca uma guitarra. É que importante que os alunos e a sociedade no geral saibam que utilizarem esses objetos não os tornam menos indígenas, não há anulação da sua identidade e não há uma perda cultural. Posso citar aqui o exemplo dos Mendi que fazem jóias a partir do lixo europeu e que isso não comprometeu a sua tradição.
      É índio quem se considera índio e é considerado como tal pelo grupo, simples assim.

      Jéssica Teixeira Careon.

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  2. Olá, Bom dia!
    A Participação em um projeto de Extensão intitulado “Dos poetas românticos a inclusão étnico/racial” me fez ingressar fundo na literatura e em muitas coisas que envolve negros, afrodescendentes e indígenas. A banda Arandu Arakuaa foi utilizada em nosso projeto numa intervenção em uma escola da cidade de Xinguara-PA tendo uma ótima recepção entre alunos onde os mesmo começaram a se interessar um pouco sobre a pronuncia e cantos indígenas, pois esta proposta da banda foi bem atrativa sendo que além disso introduzimos também cantos de algumas etnias em sala reforçando ainda mais as discussões e interesses dos alunos. A musica é um recurso excelente para obter a atenção dos alunos e fazemos ingressar no contexto ou cultura. Embora o senhor Heraldo Marcio Galvão tenha participado desde projeto não ficou até o fim do mesmo por motivos de doutoramento e ficou de fora de alguns resultados obtidos. Então a pergunta que tenho é a seguinte vocês já pensaram e puseram em pratica o uso da letra e demais suportes em sala de aula? Além desta banda que retrata tão bem a língua indígena em sua letra vocês tem conhecimento de outras?

    De fato a banda remonta e nos faz ingressar numa mistica indígena embora tenha instrumentos que não são de sua cultura... de que maneira vocês pensam que essa banda pode contribuir para o ensino da cultura indígena em escolas?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa noite, Jeremias.
      Muito obrigado pela leitura e participação. Infelizmente não pude estar presente na finalização do projeto, mas adianto a quem interessar que foi muito produtivo.
      Acredito que sua primeira pergunta tenha sido respondida por Jessica Teixeira Careon na pergunta feita por Anna Luiza logo acima. A sua segunda questão foi respondida, em partes, no seguinte trecho do texto: “A mistura de Heavy Metal com elementos Indígenas e/ou Afro-brasileiros já havia sido incorporada em duas bandas brasileiras: a Banda Sepultura com o álbum Roots de 1995, misturou Thrash Metal aos tambores da tribo indígena Xavantes (gravação das músicas "Itsári" e "Jasco" na aldeia. A banda de Heavy Metal Melódico Angra também acrescentou batuques negros em seu segundo disco Holy Land de 1996”.
      A título de complementação, temos o Movimento Levante do Metal Nativo, que é um movimento de bandas brasileiras que misturam Heavy Metal com elementos musicais típicos do país, folclore e/ou escrevem letras em línguas indígenas. O movimento vem tomando forma dentro da cena do Heavy Metal nacional. Bandas como Aclla, Armahda, Cangaço, Hate Embrace, MorrigaM, TamuyaThrashTribe, Voodoopriest e Arandu Arakuaa, abraçaram a ideia da integração de elementos brasileiros à suas músicas e lutam para a consolidação do novo gênero musical no Brasil.

      Acreditamos que a utilização da banda e suas letras em sala de aula extrapolam o ensino acerca da cultura indígena passada e atual. Além de poder fazer uma abordagem linguística, cultural, mítica, política e social a partir de suas letras, acreditamos que o uso da banda em si pode abrir espaço para discussões que perpassam o protagonismo indígena e que questionem um caminho de mão única dos estudos culturais, ou seja, não são apenas elementos indígenas que estão presentes no metal, mas também o metal presente nas músicas indígenas. Há a união de culturas e não uma sobreposição.

      Heraldo Márcio Galvão Júnior

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  3. Meus cumprimentos, sem duvida o trabalho de vocês e muito feliz no debate da questão étnica, além de apresentar uma proposta interessante para o ensino de História. Gostaria de enfatizar a importância das linguagens no ensino, e gostaria que me esclarecessem por meio das leituras feitas, como podemos usar a música/banda que vocês apresentam como uma forma educacional para se trabalhar o dia do índio nas escolas públicas, retirando das escolas as atividades que muita das vezes reproduzem esteriótipos contra a população indígena? Aproveito a oportunidade, e faço uma nova indagação, qual a visão de vocês, ou se pensaram no momento que discutiam sobre a banda Arandu Arakuaa e o uso do Heavy Metal para o ensino de História, pensaram na questão educacional no nosso país ser tão desigual e mais especificamente no interior/sertão e que há uma possibilidade de essa linguagem ser trabalhada por questões de estrutura a qual a escola não dispõe dos recursos necessários para tal atividade, assim como o professor pode fazer uso desta linguagem por meio de outra ferramenta educacional que passe o mesmo debate a qual seria feito com a musica da banda Arandu Arakuaa?

    Rafael Sousa Nogueira

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  4. Parabéns professores, pelo texto que levanta questões importante a cerca dos povos indígenas e sua cultura.Como esse tema é atual e que precisa ser debatido em sala de aula e fora dos murros da escola.A música perece ser algo interessante e lúdico que chama atenção dos discente. Nesse sentido o professor de história tem uma missão de fazer com que esse tema seja lembrado e discutido em sala com seus alunos, não somente na semana ou na data que comemora o dia dos indígenas. Meu questionamento é: seria somente o Heavy Metal ou outro gênero musical?
    Atenciosamente,

    Rildo Bento Tavares

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