Marcelo Gonçalves Ferraz

ENSINO DE HISTÓRIA E CINEMA: A PRÉ-HISTÓRIA DE ANNAUD EM A 'GUERRA DO FOGO'


O ensino de história pode ser potencialmente enriquecido com a utilização do cinema. Com o advento dos Annales, um novo mundo de fontes se abriu para o historiador. Além disso, a Pré-História encontra um importante aliado nas obras cinematográficas, como agente facilitador da assimilação do tema exposto, mostrando-nos o quão vantajoso pode ser a utilização do cinema na sala de aula, respeitando-se seu caráter ficcional, não sendo encarado como a realidade, mas como uma imitação desta.

Prova disso é o filme do cineasta francês, Jean-Jacque Annaud, A guerra do fogo (La guerre du feu, 1981), exaustivamente utilizado em sala de aula com o objetivo de ilustração de época, mas bastante profícuo na discussão referente ao recorte, e tema de nosso trabalho.

Nos idos do século XIX, com a prevalência da Escola Positivista, consideravam-se fontes somente os documentos oficiais, limitando-se aos documentos de Estado.

Entretanto, a partir do advento da Escola dos Annales, no início do século XX, começa-se a questionar a limitação das fontes oficiais.

A partir daí, dá-se como fonte de pesquisa também as fontes orais, arqueológicas, audiovisuais, periódicos, entre outros que possam servir para a narrativa histórica.

Mais recentemente, a partir da década de 1970, através de trabalhos de Marc Ferro e da Nova História (SANTIAGO JÚNIOR, 2001), começa-se, inclusive, a considerar as obras cinematográficas, como de importância historiográfica, em um claro sinal da multiplicidade de fontes.

A essa altura, convém questionarmos a possibilidade de o cinema como ferramenta auxiliar no processo ensino-aprendizagem de história.

Segundo Napolitano (2008, p. 236) “vivemos em um mundo dominado por imagens e sons”, corroborando com Ferro (2010), que nos diz que a imagem está por toda parte, o que por si só já seria suficiente para fazermos incorporar o cinema e outras tecnologias na sala de aula.

O cinema, palavra de origem etimológica grega, KINEMA (imagem em movimento), “possibilita aqueles que o assistem de terem diante de seus olhos uma representação da realidade social da época em que vivem ou até mesmo de épocas passadas” (LIMA, 2015, p. 94), facilitando a assimilação de assunto exposto em sala.

Mesmo o filme, sendo “imagem ou não da realidade, documento ou ficção, intriga autêntica ou pura invenção, é História” (FERRO, 2010, p. 32), acima de tudo.
Cabe a nós, como profissionais do ensino de História, utilizarmos de seu potencial, com o objetivo de enriquecermos a aula expositiva da forma mais vantajosa possível, com o objetivo de incremento na absorção de conteúdo por parte do aluno.

Entretanto, apesar de termos tal ferramenta disponível, “o uso de recursos cinematográficos ainda carece de melhoramentos por parte dos profissionais que o utilizam” (SOUZA; SOARES, 2003, p. 1). Há muito ainda o que se extrair de benefício da utilização das obras cinematográficas em sala de aula.
De certo, com o auxílio do cinema “é possível aprender História, e esse processo de cognição serve para interpretar a ação humana em tempos e lugares diferentes” (PEREIRA; SILVA, 2014, p. 318).
A utilização do cinema no processo ensino-aprendizagem favorece o estabelecimento de diálogos teóricos entre as posturas em relação à iconografia e imagens, trazidas pelas novas abordagens historiográficas (SOUZA; SOARES, 2003), além de facilitar a “assimilação de conteúdos por parte dos alunos despertando o interesse pelo tema tratado” (LIMA, 2015, p. 95).

Alguns autores observam a existência de algumas dificuldades na aplicação do material fílmico na sala de aula. Uma dessas dificuldades, refere-se à duração do filme, maior que a duração da aula. Para contornar tal problema Pereira e Silva (2014) sugerem a utilização de recursos de edição, realizando-se recortes de trechos que sirvam para valorizar o tema abordado.

Outro problema apresentado por Souza e Soares (2003) é referente ao uso indevido de tal tecnologia. Segundo os autores, em muitos casos é observado a utilização do cinema na sala de aula como forma de apenas preencher os espaços no planejamento didático, trazendo implicações negativas para o alcance dos objetivos propostos no estudo de História.

Um filme é um excelente recurso didático. Entretanto, como qualquer outro, ele por si só, “não resolve os problemas no processo ensino-aprendizagem” (LIMA, 2015, p. 95), porém, os filmes “tem sempre alguma possibilidade para o trabalho escolar” (NAPOLITANO, 2004, p. 12).
Dentro do contexto da pré-história, o foco principal do presente trabalho, utilizamos da obra cinematográfica de Jean-Jacques Annaud, A guerra do fogo (La guerre du feu), realizada em 1981.
O filme apresenta a temática do homem pré-histórico, mostrando-se de grande utilidade em se tratando da utilização cinematográfica para o processo de ensino-aprendizagem de pré-história.
De acordo com Alves (2006, p. 285), a interpretação das obras cinematográficas deve ser realizada de forma crítica, pois é isso “que irá nos dar o fundamento metodológico das iniciativas pedagógicas de utilização do cinema em sala de aula”.

Cinema e pré-história
Segundo Ferro (2010, passim), o cinema deveria ser visto como uma contra-análise da sociedade, com a possibilidade de apelar-se para outros saberes para melhor compreendê-lo.
Para Miceli (2014, p. 44), a maioria das pessoas considera como filmes históricos, apenas aqueles que tratam dos romanos, dos faraós ou sobre guerras, não considerando a importância dos demais gêneros para a História.

Ricon (2016, p.9) sustenta a ideia de que qualquer filme pode ser pesquisado das mais diversas formas, e essa possibilidade é das mais crescentes atualmente em nosso país.
Alves (2006, p. 286) chama o cinema de arte total, demonstrando a sua importância no processo ensino aprendizagem, onde nos diz que, “Além da capacidade de ser reflexo verdadeiro do real, o filme consegue ser forma mediada da própria realidade efetiva”.

Na obra cinematográfica analisada, partindo do pressuposto elencado por Ferro, criamos uma ideia do que poderia ter sido o cenário e contexto do Homem pré-histórico, de forma ficcional, respeitando, até o possível o aspecto plausível.

O termo Pré-História, segundo Gosden (2012, p.31) surgiu entre os séculos XVI e XIX, envolto em questões de ordem religiosa, especialmente depois do lançamento de A origem das espécies, de Charles Darwin (1859). De acordo com o autor, após 1865, com o lançamento de Prehistoric times, de Sir John Lubbock, o termo adquiriu uso corrente.

Além disso, Gosden (2012, p. 17) nos alerta sobre o cuidado ao se tentar recriar esse cenário pré-histórico:

“A dificuldade e a escassez de evidências nos tornam desconfortavelmente cientes de que o esforço imaginativo necessário para compreender o passado pode facilmente nos levar à fantasia, a projetar nossas visões prosaicas do mundo na grande tela da pré-história humana”).

De acordo com o autor, o lapso temporal que nos separa da pré-história torna muito sedutora a possibilidade de fantasiarmos sobre determinados aspectos da vida cotidiana humana de então. Da mesma forma, a inexistência de provas escritas leva-nos à sugestão do que poderia ter acontecido. Entretanto, não nos permite assegurar o fato.

No texto de abertura da película elencada podemos observar que:

“80.000 anos atrás, a sobrevivência do homem, em uma terra vasta e inóspita dependia da posse do fogo. Para aqueles humanos primordiais, o fogo era um objeto de grande mistério, desde que ninguém o tivesse criado. O fogo tinha que ser subtraído da natureza. Tinha que ser mantido vivo – abrigado do vento e da chuva, a salvo das tribos rivais. O fogo era um símbolo de poder e um sentido de sobrevivência. A tribo que possuísse o fogo, possuiria a vida” (ANNAUD, 1981).

Além disso, didaticamente, é possível observar a utilização de peles com o objetivo de proteção contra o frio, construção de tendas rudimentares, fabricação de lanças e utilização do próprio fogo para a alimentação e proteção do seu grupo social.

Tais artifícios, responsáveis pela sobrevivência e multiplicação da raça humana, são chamados de equipamentos por Childe (1981, p. 10), onde, graças a esse equipamento, “o homem atua sobre o mundo exterior e reage em função dele”.

Ao contrário de outros animais, que nascem providos de seus equipamentos naturais, o homem precisou criar e adaptar seus próprios recursos para sobreviver.

Pinsky (2001, p. 7) nos diz que o homem é o animal mais inadequado a sobreviver em nosso planeta, entretanto, o mais poderoso. Em A guerra do fogo, o cineasta deixa evidente a utilização de equipamentos por parte do homem.

O filme conta a história de um grupo humano pré-histórico que, atacado por uma tribo rival, perde a posse do fogo, um bem precioso para a sua sobrevivência.
Dessa forma, alguns membros do grupo são obrigados a partirem em busca de outra fonte de fogo para garantirem a sobrevivência da coletividade, o que Lima (1985, p. 22) chamou de “uma fantástica reflexão sobre o poder”.

O filme de Annaud, trata de temas relevantes no cenário humano pré-histórico, como socialização, proteção contra predadores e tribos rivais, além de antropofagia e sexualidade.
Pontuando e criando os momentos de emoção, tensão e alegria, a música criada por Phillipe Sarde, em A guerra do fogo, serve para envolver o espectador, além de servir de linguagem em um filme onde não se utilizam de diálogos intelegíveis. Para os diálogos dos personagens foi criada uma linguagem própria, derivada do alemão primitivo e de línguas latinas pelo escritor e linguista Anthony Burguess (LIMA, 1985, p. 22).

Na obra de Annaud, as relações sociais e sexuais do homem pré-histórico também são discutidas. Inicialmente percebe-se a formação da família endogâmica, como característica do grupo inicialmente tratado.

Friedrich Engels, em sua obra A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884), trata da formação familiar, baseado em estudos antropológicos de Lewis Morgan, em A sociedade antiga (1877), que procurava tecer o desenvolvimento social dos grupamentos humanos, o qual foi classificado em estágios de selvageria, barbárie e civilização.

Segundo Morgan, as famílias surgiram de forma endógena, formando laços entre irmãos, onde havia um antepassado comum a todos, sendo chamada de família consanguínea, até que, com o tempo, essas uniões fossem formadas de forma exógena, ou seja, por elementos de grupos distintos, sendo chamada de família sindiásmica, tal qual se observa nas cenas finais de A guerra do fogo.
A obra de Annaud abre com uma tomada panorâmica do que parece ser uma savana africana, onde na distância, podemos ver uma grande fogueira, sinal da presença do homem nesta inóspita paisagem.
O grupo humano, provavelmente endogâmico e consanguíneo, dorme tranquilamente amontoado, protegido das feras, pela presença do fogo, que é conservado em uma espécie de recipiente, de onde sempre se pode utilizá-lo para gerar as fogueiras. Percebe-se assim, que o grupo representado não detém o conhecimento sobre a produção do fogo, o que o torna de grande valor.

O fogo, segundo Annaud, tem um papel também social, onde os integrantes da grande família pré-histórica se juntam para preparar as peças subtraídas de suas caças e manufaturar lanças, além de proporcionar o aquecimento de todos.

Ao acordarem na manhã seguinte, os homens são surpreendidos por uma tribo rival. Aqui, para diferenciarmos os grupos antagônicos, o diretor deu feições menos humanas para o segundo bando. Trava-se um duelo mortal entre as tribos, utilizando-se de madeira e pedras, onde há vários mortos de ambos os lados.

Na fuga desesperada, alguns carregando companheiros feridos nos braços, o membro responsável pela guarda do fogo, deixa que o recipiente onde se encontra o mesmo caia na água (por volta dos 17 minutos de exibição da película), extinguindo-o.

A partir daí, inicia-se uma expedição em busca do fogo. Atravessando pântanos, regiões desérticas e florestas, os três membros do grupo responsável pela captura do fogo acabam sendo perseguidos por tigres dentes-se-sabre (após os 25 minutos de filme).

Por volta de 1:12:00 de exibição, podemos assistir a uma das mais belas cenas da obra cinematográfica relatada, quando o líder da jornada descobre que o fogo pode ser produzido por mãos humanas.

Inicialmente sem entender o que se passa, o nosso personagem observa um membro da tribo que o capturou utilizar-se de dois pedaços de madeira, previamente preparados, e promovendo o atrito entre os mesmos, gerar o fogo. Esse momento é determinante no filme, pois ao descobrir, surpreso, que alguém consegue fabricar o fogo com suas próprias mãos, o personagem, inicialmente incrédulo, vai às lágrimas, não conseguindo conter a emoção. O climax é potencializado pela evolução do tema musical criada por Phillipe Sarde, que na ausência de diálogo, consegue exprimir toda a emoção da descoberta.

Após este momento, os outros membros da equipe conseguem levá-lo de volta, acompanhado da fêmea. Voltam para seu grupo original trazendo consigo, muito mais importante que o fogo: o conhecimento necessário para criá-lo, independentemente de sua guarda e posse. Libertando-os, dessa forma, da obrigação de guardar o fogo como um bem material.

Ao final, há a formação de um novo tipo de família, sindiásmica, com a união de membros de tribos distintas, em detrimento do modelo de família consanguíneo, composto por membros endogâmicos de uma mesma linha ancestral.

Annaud fecha sua obra como a começou: realizando uma tomada panorâmica semelhante à cena inicial, entretanto, trocando o dia pela noite, mostrando, dessa forma, que o homem venceu e dominou o fogo, estando apto a aspirar outras conquistas.

Conclusão

O filme A guerra do fogo é positivo no estudo e no processo ensino-aprendizagem de Pré-História por tratar de questões pertinentes ao contexto do homem pré-histórico.
Mesmo sendo apenas representações da realidade, permite-nos criar um cenário plausível sobre o espaço-tempo analisado.

Da mesma forma, percebe-se a mensagem, no filme de Annaud, sobre a interação entre diferentes grupos, bem como seus costumes e sua tecnologia, mostrando-nos as possibilidades de multiplicação de conhecimento quando se colocam frente a frente, culturas distintas.

A guerra do fogo, antes mesmo de tratar sobre a captura e guarda de um bem valioso, mostra-nos que o conhecimento tem um valor superior ao próprio bem.

Da mesma forma, podemos, através da película, tratar sobre questões pertinentes ao mundo humano pré-histórico, tais como morte, disputas, equipamentos, socialização, manufaturas de artefatos e distinção entre os variados grupos hominídeos.

Mesmo sem a classificação de “filme histórico” – classificado como ficção – a obra estudada, como muitas outras, é reconhecidamente objeto de estudo histórico.

Tal condição, de reconhecer as obras fílmicas como fontes de pesquisa histórica, só foi possível graças ao advento dos Annales, e posteriormente à dedicação do historiador francês Marc Ferro, que encontrou eco na História Cultural.

Cabe ao professor e pesquisador de história saber explorar, da melhor maneira possível, este cabedal de informações, em prol do desenvolvimento da História.

Referências
Marcelo Gonçalves Ferraz é graduando de História pela Universidade de Pernambuco (UPE). Lattes: http://lattes.cnpq.br/4457383452407545

ALVES, Giovanni. Trabalho e cinema: o mundo do trabalho através do cinema. Londrina: Praxis, 2006.
CHILDE, Vere Gordon. O que aconteceu na história. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Centauro, 2006.
FERRO, Marc. Cinema e história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
GOSDEN, Chris. Pré-História. Porto Alegre: L&PM, 2012.
LIMA, César Garcia. A guerra do fogo. Bizz. n. 18, jan. 1987, p. 22.
LIMA, Daniel Rodrigues. Cinema e história: o filme como recurso didático no ensino/aprendizagem da história. Revista Historiador, [S.l.], n. 07. p. 94-108, jan. 2015.
MICELI, Paulo. Uma pedagogia da História? In: PINSKY, Jaime (org.). O ensino de história e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 2014. p. 37-52.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.
NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais:a história depois do papel, In: PINSKY, Carla Bessanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2008.
PEREIRA, L.R; SILVA, C.B. Como utilizar o cinema em sala de aula? Notas a respeito das prescrições para o ensino de História. Espaço Pedagógico, Passo Fundo, v. 21, n. 2, p. 318-335, jul./dez. 2014.
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2001.
RICON, Leandro. Apresentação. In: SOUZA NETO, José Maria; SCHURSTER, Karl; RICON, Leandro. Imagens em movimento. Ensaios sobre cinema e história. Rio de Janeiro: Autografia, 2016.
SANTIAGO JÚNIOR, Francisco das Chagas Fernandes. Cinema e historiografia: trajetória de um objeto historiográfico (1971-2010). História da historiografia, ouro preto, n.8, abr/2012, p. 151-173.
SOUZA, Polyana Jessica do Carmo; SOARES, Valter Guimarães. Cinema e ensino de história. XXVII Simpósio Nacional de História. Natal. 22-26 jul. 2003.

OBRA CINEMATOGRÁFICA

A GUERRA do fogo. Direção: Jean-Jacques Annaud. França/Canadá: 20th Century Fox, 1981. 1 DVD (100 min).

6 comentários:

  1. Com a renovação historiográfica, o termo "pré-história" tornou-se nulo e errado. Porém, como construir e ensinar a história da mesma sem deixar lacunas ? Por exemplo: como entrelaçar junto da história do Egito, sem deixar a impressão que deu-se um grande salto temporal ?
    Jessica Monteiro Viana de Andrade.

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    1. Boa tarde, Jessica. Agradeço a sua participação. Existem dois pontos importantes que eu gostaria de levantar, em relação ao seu questionamento: a cronologia e a divisão dos períodos históricos. Como tratar a História sem considerar a sua cronologia, a sua linearidade? Isto se torna de extrema importância quanto ao salto temporal que você tão bem citou, e nos leva ao segundo ponto, referente à divisão dos períodos históricos realizada por meio de concepções europeias, considerando aquele continente como o mundo, sem levar em conta, por exemplo, que enquanto o Velho Mundo abandonava a Idade Média e adentrava na Idade Moderna, na América ainda seencontravam sociedades ágrafas. Além disso, a renovação historiográfica, resultado dos debates acadêmicos, ainda não se fez plenamente presente nos livros didáticos de nossos alunos, o que justificaria a utilização de filmes que tratem da presença do homem em sociedades primordiais.

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  2. Boa tarde Marcelo,

    Uma obra ficcional, muitas vezes, é mais atraente aos estudantes do que uma obra documental, visto a linguagem utilizada ser mais próxima ao tipo de cinematografia a qual os mesmos estão acostumados. Essa obra de Annaud é muitas vezes vista como a representação da verdade, algo pela qual nós professores sempre desconstruímos. Além disso, nossa ação sempre busca familiarizar os conteúdos espaço-temporalmente distantes dos estudantes para com suas realidades. Que conexões poderíamos realizar a partir do filme de Annaud com o atual contexto brasileiro ou mundial?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar

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  3. Boa tarde, Maicon.
    Concordo plenamente quando você diz que essa obra de Annaud é muitas vezes vista como a representação da verdade, algo pela qual nós professores sempre desconstruímos. Como citei, Gosden nos faz esse alerta, lembrando-nos de não cair na fantasia. O filme pode ser levado à sala de aula, como fonte ou discussão, mas sempre respeitando sua natureza ficcional. Como conexão com o contexto atual, é proveitoso elencar o espírito humano beligerante, observando que se primordialmente utilizávamos esse força para nos mantermos vivos, para sobrevivermos às dificuldades de então. Hoje o homem utiliza dessa força como meio de poder. Interessante seria contextualizarmos esse espírito beligerante com o contexto atual em nosso país, onde as polarizações religiosas e políticas nos levam ao embate físico.

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  4. Bom dia Marcelo.
    O texto apresenta uma comunicação fluida entre o saber prático e teórico, num diálogo relevantíssimo no campo do ensino de História e seus desafios na atualidade, afinal, o docente da área mencionada é um sujeito influenciado pelas tecnologias, o qual sua didática e metodologia devem estar em constantes transformações. Partindo do pressuposto de uma sociedade imagética, como a área de Cinema e História pode ser útil na reversão de um processo de “atroafição” da escrita ocasionada pelo uso exagerado dos meios tecnológicos entre o público jovem? E se pode haver um diálogo do campo mencionado para com a perspectiva de História da arte?

    Israel Lima Vieira

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  5. Bom dia, Israel. Ótima colocação. As redes sociais possibilitaram que surgisse uma nova "língua" entre os internautas. Isso permitiu que as pessoas relaxassem na escrita. Entretanto, isso é um acontecimento mundial. No Brasil, percebemos que os jovens que ingressam na universidade apresentam, em sua maioria, problemas de leitura e escrita, advindos do ensino médio. Em relação a esse processo de diminuição da capacidade de escrita, observado em nossos jovens alunos, acredito que o caminho é leitura, leitura e leitura. O cinema tem muito a oferecer na sala de aula, desde que sirva como ponto inicial de discussão. Trabalhos de resenha, com o objetivo de exercício de escrita, e seminários sobre determinado tema exposto nos filmes devem ser fomentados pelo professor.

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