Esdras Carlos de Lima Oliveira


CAPAS DE LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E A REPRESENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO: UMA ANÁLISE DAS COLEÇÕES DIDÁTICAS HISTÓRIA - INTEGRALIS, HISTÓRIA GLOBAL – BRASIL E GERAL E HISTÓRIA: SOCIEDADE E CIDADANIA



Patrimônio e suas dimensões
Se o livro, por si só, pelos seus usos, constituição e formato, é algo polissêmico, o conceito de cultura e suas reverberações no conceito de patrimônio, colabora para que essas dimensões sejam múltiplas e que, apenas uma definição não seja suficiente para caber todas as possibilidades que os conceitos abarcam. Sendo assim, as linhas que se seguem abaixo, são algumas considerações sobre o conceito de patrimônio e como ele se modificou ao longo do tempo.

Toda pessoa, de cada grupo, compartilha com seus próximos histórias e memórias coletivas, e a cultura é parte substancial nesse processo. É partir dos lugares que os indivíduos constroem suas relações ao longo do tempo.
Um indivíduo pode pertencer a variados grupos e ter um desempenho de sua cultura e de sua identidade de modo sazonal, exercendo ora uma característica de modo contundente, ou, como é comum, aprender ou performar outro aspecto que, não nascendo dentro de seu grupo, passa a fazer parte do seu, a partir do contato que é criado com outros, numa relação que podemos chamar de trocas culturais. A partir disso, podemos “reconhecer que todos os povos produzem cultura e que cada um tem uma forma diferente de se expressar é aceitar a diversidade cultural. Ou seja, é reconhecer que não existem culturas mais importantes, ou melhores que outras, e sim culturas diferentes!” [BRAYNER, 2007, p. 9], sendo um dos aspectos constituintes das identidades culturais o patrimônio, nas suas esferas material e imaterial, basilar.

Ao longo da história, como alguns autores mostraram [CHOAY, 1999; PELEGRINI, FUNARI, 2013] a palavra patrimônio passou por mudanças e teve seus sentidos alargados, a partir do Renascimento europeu, quando falamos na perspectiva ocidental, foi ligada a arquitetura e a estatuária e, com o trabalho de recolhimento do acervo das culturas antigas (grega e romana, principalmente), teve seus significados, pouco a pouco, alterados.

Com o advento do século XIX e a construção dos estados-nações modernos, passou a ganhar outros contextos e, lentamente, políticas públicas para catalogação e escolha do que seria o acervo patrimonial de uma nação foram sendo construídas.

Ao longo do século, há uma transformação e outro alargamento do conceito, o qual passa a abranger, a partir da influencia da influência de uma visão antropológica, toda e qualquer produção humana, material ou imaterial. Com essa influência, para o IPHAN, órgão responsável pela conservação do patrimônio brasileiro, que começou ligado a proteção do patrimônio arquitetônico, atualmente, o conceito de patrimônio cultural pode ser entendido da seguinte maneira: “O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à identidade desse povo” [BRAYNER, 2007, p. 9].

Os sentidos que uma comunidade dá ao mundo que a cerca, não são os mesmos. Sua visão sobre determinada prática, o modo de fazer certo objeto de uso diário e os significados que dá ao espaço em que vive, mudam ao longo do tempo.

“Isso implica numa busca contínua por soluções negociadas que permitam a preservação e a valorização dos bens e práticas culturais, em meio a conflitos e disputas de interesses e de valores: qual história deve ser lembrada e contada, quais belezas devem ser valorizadas e preservadas, quais costumes são mais significativos para as pessoas do lugar” [BRAYNER, 2007, p. 15].

Assim, a memória, as práticas e as representações de um grupo sobre si e sobre o lugar onde vive, criando, assim, uma identidade própria e que muda ao longo do tempo, podem ser compreendidas como elementos básicos do patrimônio dos mesmos, que necessariamente precisam se materializar para existir.

Em 1972, nos documentos oficiais da Unesco, aparece uma nova conceituação, que mesmo não utilizando a palavra “imaterial” já deixou perceber a mudança na concepção daquilo que deve ser cuidado, elementos para além da materialidade de edifícios e espaços físicos.

Assim, termos como “culturas populares”, “patrimônio cultural”, “identidade cultural”, “culturas tradicionais”, começam a aparecer nos documentos do órgão. Leal e Borges [2012], em artigo na “Revista Caminhos da Geografia”, demonstram esse processo, apontando que algumas políticas de países como Coréia do Sul e Japão antecederam e influenciaram o órgão a reposicionar sua visão sobre patrimônio, estendendo, assim, para algo mais amplo como pode ser visto no trecho do documento da Convenção para salvaguarda do patrimônio imaterial.

“Entende-se por ‘patrimônio cultural imaterial’ as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Para os fins da presente Convenção, será levado em conta apenas o patrimônio cultural imaterial que seja compatível com os instrumentos internacionais de direitos humanos existentes e com os imperativos de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, e do desenvolvimento sustentável” [UNESCO, 2003]. 

Mesmo que o patrimônio seja imaterial, intangível, há certa materialidade em algumas de suas formas, como roupas, artes de fazer, de comer etc. Envolvem a transformação de algum elemento físico em algo importante de uma comunidade autocentrada.

O conceito de patrimônio tem aparecido em obras didáticas, mas ainda, como vamos observar a seguir, a questão se conecta em visões antiquadas sobre esses processos.

Representações de patrimônio em capas de três obras didáticas
A obra didática é, talvez, um dos principais símbolos do saber escolar e os seus usos acabam direcionando, como um currículo oculto, parte importante das relações de ensino-aprendizagem nas escolas. No caso dos livros didáticos de História o discurso é, digamos assim, bastante ruidoso. Estão presentes nas obras didáticas uma profusão de colunas, destaques em balões, citações de outros suportes didáticos e uma profusão, cada vez maior, de imagens, que servem para ancorar o texto. Nem sempre sendo problematizadas dentro do processo de leitura e de atividades das obras. Esses elementos e outros destaques são utilizados para quebrar a “monotonia” do texto-base e proporcionar uma experiência múltipla e tentar ser o mais palatável possível para o público consumidor.

Vamos utilizar nesse texto, três coleções e de cada uma delas as capas dos três volumes.  As coleções que iremos analisar as suas capas serão: “História Global – Brasil e Geral”, de Gilberto Cotrim (Saraiva); “História – Integralis”, de Divalte Garcia Figueira (IBEP) e “História: sociedade e cidadania”, de Alfredo Boulos (FTD). Salientamos que as três obras foram bem avaliadas no PNLD, no tocante a sua organização temática, utilização de imagens e proposta pedagógica. As quais estavam disponíveis no PNLD 2014.

Assim, a escolha das capas aparece como método central para essa análise que relaciona livro didático e patrimônio, pois, tendo em vista a lógica da linguagem da obra escrita e, principalmente, sendo pertencentes ao universo da disciplina histórica, há infinitos símbolos e signos escolhidos pelas editoras para ilustrar suas coleções, remetendo ora aos conteúdos abordados no livro ora ao tipo de visão historiográfica da qual a obra é tributária.





Figuras 1, 2 e 3: Capas dos primeiros volumes das obras didáticas analisadas no corpo do artigo. Fonte: Guia do PNLD 2014 – Ensino Médio.

No caso das fotos que aparecem nas obras, o que é de nosso interesse vem a ser o modo como as fotografias de monumentos e peças de obras de arte, atrelados ao patrimônio cultural material e também itens de ordem imaterial aparecem nas mesmas.

Nas coleções, as capas acabam dando uma espécie de síntese do modo como se constrói a narrativa ao longo dos escritos. Em relação a análise, selecionamos os primeiros volumes de cada uma, de um modo geral, nesses primeiros capítulos, aparecerem as visões teóricas que guiam as obras didáticas. Portanto, de maneira quase unanime nas coleções o viés culturalista, demonstra a influência do simbólico que invadiu a produção historiográfica nas últimas décadas aparece fortemente, tendo em vista que muitas coleções selecionam símbolos atrelados a determinados períodos ou civilizações, seja do patrimônio material ou imaterial para assim construir suas representações.

As capas normalmente não são escolhidas ou feitas pelos autores, tendo em vista que, cada vez mais, as editoras utilizam grandes equipes de editores de arte e finalizadores que, muitas vezes, fazem a maior parte da organização da parte imagética e do layout das obras. No entanto, elas acabam sendo sintomáticas do tipo de abordagem que a mesma toma.

Na “Coleção Integralis - História: ensino médio” de Figueira [2014], temos no primeiro livro uma capa que sobrepõe elementos da cultura material grega antiga, nela temos um busto feminino voltado para a esquerda; uma ânfora grega com uma pintura de um soldado em uma briga e uma estátua helênica de um homem carregando um bezerro. Diferente dos outros livros não há indicação de autoria, local de origem ou nome da estátua na página da ficha catalográfica. As três figuras são representadas descoladas de um contexto, como que autossuficientes e autoexplicativas, estão ali pelo que são, não por seus usos no passado ou no presente.

Já o segundo volume apresenta um recorte da obra de Michelângelo, a criação do mundo, com a representação de Deus aparecendo a esquerda “tocando” a imagem da direita, que é um dos profetas de Aleijadinho. Assim, o patrimônio cultural material europeu, encontra o seu congênere brasileiro na figura barroca.

No terceiro volume a questão patrimonial sai de cena e temos uma colagem representando um globo terrestre em uma mão na parte direita e na esquerda um satélite de comunicação e um soldado. Temos um recorte e colagem que remetem a símbolos conectados as experiências da contemporaneidade, a globalização, a comunicação em alta velocidade e os conflitos inerentes aos embates pela hegemonia. Essa seria a síntese dos conteúdos que o volume apresentaria. Desse modo, o livro como mercadoria, adotando a lógica da bricolagem, elemento tão associado a arte pós-moderna tem espaço nessa obra. Retirar símbolos de contextos distintos e, assim, recriar um outro. Necessariamente sem o mesmo sentido das origens. Como Jameson demonstra:

“Agora a referência e a realidade desaparecem de vez, e o próprio conteúdo  – o significado  – é problematizado. Resta - nos o puro jogo aleatório dos significantes que nós chamamos de pós-modernismo, que não mais produz obras monumentais como as do modernismo, mas  embaralha sem cessar os fragmentos de textos preexistentes, os blocos de  armar da cultura e da produção social, em uma nova bricolagem potencializada: metalivros que canibalizam outros livros, metatextos que fazem colagem de pedaços de outros textos – tal é a lógica do pós-modernismo em geral” [2002, p. 118].

Dessa maneira, as ideias que guiam a coleção, presentes nas capas, escancaram, ainda mais, o livro como realmente ele é encarado pela editora: como um produto. Pois, dentro da indústria cultural na qual está inserida a obra didática acaba replicando as características de um bom produto para ser vendido e consumido.

Em “História Global - Geral e Brasil” de autoria de Cotrim [2013], nos três volumes, temos capas que representam de um modo bem interessante a relação entre passado e presente.  Quando observamos os três volumes, identificamos na parte de cima das mesmas a representação passado e na parte de baixo o presente. No primeiro volume temos uma representação de uma cena de caça de uma tumba encontrada em Tebas e que data do ano 1.450 a.C. e na parte de baixo a figura de um homem egípcio atual, trabalhado na restauração do Templo de Karnak, não são dados, porém, os créditos de autoria das duas fotos. O modo como foram sobrepostas sendo sintomática na relação das duas temporalidades, demonstrando cenas de um mesmo espaço, no caso o Egito, em dois momentos distintos, identificando a diferença e utilizando o patrimônio material como referência. A cena de caça, por conta do local onde está, representa um casal, possivelmente de uma classe social alta, numa cena colorida e demonstrando bastante fartura e, abaixo, o trabalho da arqueologia na manutenção desse passado material.

Já no segundo volume, temos acima uma gravura do século XVIII, do cotidiano do Brasil colonial e na parte de baixo uma foto de uma roda de capoeira. E no terceiro livro, duas cenas de colheita, uma do quadro “As respigadoras”, de Jean-Fraçois Millet e, a outra trás a cena de uma máquina de colheita moderna. Assim, a relação passado presente demonstra a continuidade, em alguns aspectos, e a ruptura em outros marca a apresentação da coleção. No caso do segundo volume, representa-se a população negra ainda dentro dos estereótipos a ela conectados a questões apenas de razão cultural, como a dança e a capoeira, demonstram ainda um viés bastante antiquado acerca dos afro-brasileiros presentes no livro didático. Já no terceiro volume, em relação a representação de cenas de colheita, temos presente uma visão que pode ser lida como evolutiva, ou seja, da colheita manual, para a colheita a mão. As temporalidades estão separadas, representadas como um antes e um depois.

Na “Coleção História: sociedade & cidadania”, de autoria de Boulos [2013], uma relação passado e presente similar aparece. Vemos no primeiro volume uma capa com uma fotografia representando a dança do dragão chinês e na parte de trás da imagem um imenso arranha-céu moderno de Hong Kong. O segundo registra uma pessoa da tribo massai do Quênia pulando, um costume de seu grupo. Em ambas temos um enfoque em um patrimônio imaterial, no caso do primeiro uma dança sugerindo a convivência entre a modernidade arquitetônica e a tradição chinesa lado a lado, enfatizando a globalização e o choque entre a tradição e a modernidade, pois o arranha-céu é mostrado na parte de trás, desfocado, enquanto que o primeiro plano enfatiza o colorido e a grande cabeça da figura, além das pessoas que fazem o dragão se movimentar. No segundo volume a presença na contemporaneidade de uma tribo com costumes antigos. Já no terceiro volume, trás a fotografia de uma das manifestações das chamadas Jornadas de Junho no Brasil, de 2013.  Vemos manifestantes na porta da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, com várias faixas e vassouras, em sua luta contra a corrupção. Assim, nessa capa, uma questão do presente aparece ganhando destaque, mesmo que na obra o espaço para a história contemporânea brasileira tenha pouco ênfase, com apenas algumas páginas ao final do livro.

No caso das três obras, há ao longo das mesmas, nos três volumes, a utilização do conceito de cultura e de patrimônio. Fica patente a presença de um alargamento na visão que se tem sobre os aspectos simbólicos de cada civilização, mas ainda persistem problemas, que vão além das capas.
Em nenhum momento dos livros as capas são problematizadas ou explicadas de modo mais explicito. Cabendo, assim, aos professores e professoras fazerem esse papel de utilizar, ainda mais, a obra didática com uma perspectiva crítica, entendendo a linguagem presente ali e contextualizando, juntamente aos seus alunos e alunas, a visão que as obras didáticas utilizadas carregam. Além disso, compreender as várias dimensões do conceito de patrimônio e de seus usos.

Conclusão
No caso das capas vemos múltiplos usos para o passado e para o patrimônio, seja material ou imaterial, e nos modos como representá-los. Uma coleção de visão mais tradicional escolhe estátuas, desconectadas de sua origem, flutuando num layout verde, enquanto as outras duas dão novos sentidos e movimento ao passado. Mesmo que em seus conteúdos, alguns lugares comuns ou representações equivocadas, como pretendemos demonstrar em outras oportunidades. Certamente que as capas não escondem nem diminuem os problemas das obras ou cada livro deixa de ter alguma virtude por conta delas, mas são sintomáticas do modo como a obra lida com as temáticas da disciplina e, certamente, como objetos da indústria cultural, os livros didáticos devem, obrigatoriamente, ter uma embalagem atrativa e de fácil compreensão para quem o consome, pois, normalmente, muitos discentes nomeiam o livro por sua cor ou pelo o que tem estampado na capa, elas criam uma identidade para a coleção e ajudam a vender o produto.

Referências
Esdras Carlos de Lima Oliveira é doutorando em História na Universidade Federal de Uberlândia e professor do Instituto Federal do Amazonas, Campus Tefé.

BORGES, Maristela Corrêia; LEAL, Alessandra. Patrimônio cultural imaterial: leis e documentos. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 13, n. 44, dez., 2012 p. 221–234.

BOULOS, Alfredo. Coleção História: sociedade & cidadania. 3 vol. São Paulo: FTD, 2013.

JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 2002.

UNESCO. Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. Paris, 17 de outubro de 2003. In: http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540por.pdf, 2017.

BRAYNER, Natália Guerra Patrimônio cultural imaterial: para saber mais Brasília, DF: IPHAN, 2007.

CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. Lisboa: Edições 70, 2000.

COTRIM, Gilberto. História Global - Geral e Brasil. 3 vol. São Paulo: Saraiva, 2013.

FIGUEIRA, Divalte Garcia. Coleção Integralis - História: ensino médio. 3 vol. São Paulo: IBEP, 2013.

PELEGRINI, Sandra C. A.; FUNARI, Pedro Paulo. O que é patrimônio cultural imaterial. São Paulo: Brasiliense, 2013.

6 comentários:

  1. Olá Esdras! Achei interessante em seu texto, pensar autoria para além do nome do autor que assina a coleção didática, ou seja, existe o envolvimento de inúmeros atores sociais que tornam esta construção extremamente complexa. O seu texto me fez lembrar a dissertação de Adriana Souza Ralejo (Autoria de livros didáticos: desafios e possibilidades de produção do conhecimento escolar), que justamente vai desdobrar este aspecto em sua pesquisa.
    Sobre a obra de Boulos Júnior especificamente, como a organização (a disposição) dos capítulos apresentada pelo sumário de cada um dos três volumes que compõem a respectiva coleção pode se relacionar com a análise realizada por ti? Já pensastes em comparar as capas de tal obra de Boulos Júnior com a obra homônima dele para o ensino fundamental II?
    Elizete Gomes Coelho dos Santos

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  2. Obrigada pela leitura do texto Elizete. Gostaria de dizer que é importante este retorno dos leitores para que outros olhares diferentes dos nossos que elaboramos os textos, possam dar outros caminhos para a continuidade das análises.
    Em relação à questão das capas e organização de conteúdos, observo de modo geral que, especialmente na coleção do Boulos e das condições das grandes vitórias, têm o tratamento interessante e organiza novamente identidade visual a partir da escolha de um signo que tenta representar a ideia no caso do livro de história a ideia que organiza os conteúdos.
    Dessa maneira, a capa acaba sendo uma âncora em todo o processo de organização de conteúdos do livro, embora na correção do Boulos, seja ela na versão anterior ou na atual, nós temos uma tentativa de seguir o que a Escola dos Annales demonstra a partir da questão do foco na multi-temporalidade e na lógica do uso de diversas fontes, dialogando com outras linguagens durante o livro.
    Ao longo dele, nós iremos verificar indicações de leituras de filmes e também a presença de indicações de obras historiográficas. Em muitos capítulos, ele vai ancorar em autores(as) que são da área de história como a capa de livros e sucintamente percebe-se que aquele livro foi base para aquele capítulo.
    Sim, é interessante o estudo comparativo das capas nas duas coleções, eu não tinha pensado em realizar este processo, mas certamente agora com essa sua observação, buscarei atentar em outra oportunidade, para este estudo comparativo, talvez até para toda a organização do layout das duas coleções.
    Agradeço as observações e espero ter respondido sues questionamentos.

    Esdras Carlos de Lima Oliveira

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  3. Boa tarde! Surpreendente seu trabalho. Eu como professir de Historia e utilizador de livros didaticos de dezenas de autores num tinha para para pensar na importancia das capas. Apos a leitura do seu artigo comecei a ver as capas com outros olhos.Minha pergunta é a seguinte: Você acredita que as capas dos livros, nao só os didáticos, podem funcionar como atrativo para seus leitores?

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    1. Boa tarde

      Obrigado pela leitura, é gratificante receber esse retorno dos leitores. Sim, a capa, e toda identidade gráfica da obra didática, tem como função agradar aos olhos dos leitores e tornar a obra mais atrativa. Mas, além disso, faz parte da visão que guia a coleção didática. De um modo geral, se observamos as capas dos livros, não apenas os didáticos, dos anos 50 em diante, veremos uma enfase no uso de cores e imagens, algo que antes não ocorria. As capas eram simples, apenas com autoria e título da obra. Certamente que o desenvolvimento da tecnologia de impressão colaborou para isto. Mas, não esqueçamos, todo livro é parte da industria cultural.

      Esdras Carlos de Lima Oliveira

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  4. Olá, Esdras.
    Que estudo mais rico. Fiquei impressionado com a problematização a respeito das capas. Tão impressionado que precisei comentar. Após sua exposição retornei as descrições do primeiro livro “Coleção Integralis - História: ensino médio”, percebi que nesta coleção a temporalidade é tratada com maior distanciamento, gasta-se todo o primeiro volume em tempos antigos; o terceiro trata da globalização e tempos mais recentes; e o segundo, se refere à história entre a transição do primeiro até o terceiro livro. Você ainda ressalta que as capas “criam uma identidade para a coleção”. Em pesquisa publicada pela UFRJ, por Luciana Campos Miranda e Carmen Maria De Caro Martin, intitulada “Critérios de escolha e formas de uso dos livros didáticos de química pelos professores do Ensino Médio” (pode ser lida em: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p493.pdf), a Capa do livro foi o item de menos prestigio dos docentes, sendo avaliado como sem nenhuma importância por quase metade dos entrevistados. Em contraponto, a “linguagem dos textos”, “abordagem que privilegie a contextualização” e “qualidade das ilustrações” são as melhores aceitas. Dito isto, me questiono e estendo a você, caso queira comentar, como não confrontamos ainda a Linguagem dos textos, a contextualização e ilustrações em relação às capas? De fato, a capa do livro estimula a atração ao conteúdo, existe uma relação de consumo. Mas ditados populares, como o “não julgue o livro pela capa”, tendem a nos deixar mais descrentes da importância da capa. Assim, parabenizo por sua reflexão, me fará problematizar mais este aspecto nas próximas escolhas e compartilharei a sua produção com os meus pares. Novamente, muito obrigado pela contribuição.

    Fábio Júnio Mesquita.

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