Filipe Matheus Marinho de Melo e Jairo Fernandes da Silva Junior


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DA LITERATURA NO ENSINO DE HISTÓRIA: DESAFIOS, PROBLEMAS E PROPOSTAS



Os desafios diários que são postos aos profissionais de educação são dos mais variados; as suas soluções devem seguir a imensa variedade de questões para que seu enfrentamento se dê de forma sustentável e plena, causando impactos irreversíveis na forma de como a educação deve ser encaminhada no Brasil. Uma das problemáticas mais dramáticas que encontramos na educação brasileira diz respeito ao letramento e alfabetização dos indivíduos.

De 2014 a 2017, notícias apontam o Brasil ocupando uma posição entre os dez países com os maiores índices de analfabetismo no mundo. Em matéria, a Folha de São Paulo no final do ano de 2016, afirmou que o analfabetismo caiu em 2015, encerrando o ano com cerca de 12,9 milhões de analfabetos, não cumprindo as metas estipuladas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Ainda em 2016, o Valor Econômico, publicou matéria contendo os mesmos dados, diz a manchete: “Brasil tem 12,9 milhões de analfabetos, aponta Pnad”. Em outubro de 2017, o G1 afirmou em matéria que: “Brasil tem 13 milhões de analfabetos e não consegue redução há três anos, diz Unesco”. Os dados publicados pelo G1 fazem parte dos relatórios da Unesco de monitoramento da educação e, segundo a redação da mesma página, de acordo com os relatórios, “faltam incentivos para a educação profissionalizante e para o aluno terminar o ensino médio”.

Pensar a questão de como ensinar História a partir de sua relação com a literatura, levando em consideração os números acima, é desafiadora. Desta feita, a proposta deste trabalho se pauta em discutir o uso da literatura como uma ferramenta fundamental nas aulas de História, apelando para a questão interdisciplinar, para que História e Literatura não sejam campos de discussão independentes, mas marcados de cruzamentos elementares para transcender a problemática do letramento e alfabetismo no Brasil, pois, o enfrentamento de tais problemáticas deve abarcar todos os níveis da educação formal, não formal e informal.

A literatura e as políticas públicas para educação
Tanto a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) quanto o Plano Nacional de Educação (PNE) discutem sobre a questão da leitura e da alfabetização como elementos primordiais dentro do sistema educacional brasileiro. Além de ambos se referirem a difusão da cultura e da formação da cidadania nos educandos. Entretanto, o sistema de educação no Brasil, além de ser apresentado muitas vezes como somente nos moldes da educação formal, é atravessado por contradições que são encontradas tanto dentro do ambiente escolar, como fora. Por mais que se almeje uma educação que transcenda tais contradições, estas são inerentes ao sistema capitalista que visa uma competição acirrada entre os estudantes e entre as próprias instituições de ensino em busca de resultados e números. Em contrapartida, devido a tal situação, o conhecimento humano e cultural acaba se banalizando, promovendo uma deseducação da sociedade brasileira.

De acordo com o artigo 2º do PNE, o sistema educacional deve almejar a “erradicação do analfabetismo”, além de “formar para o trabalho e para cidadania”. Entretanto, a formação escolar no Brasil nos últimos anos tem se voltado para a produção de indivíduos aptos para o mercado de trabalho e alienados de sua situação enquanto trabalhadores e seres humanos. Como afirma István Mészáros,
“uma vez que o significado real de educação, digno de seu preceito, é fazer os indivíduos viverem positivamente à altura dos desafios das condições sociais historicamente em transformação – das quais são também os produtores mesmo sob as circunstâncias mais difíceis – todo sistema de educação orientado à preservação acrítica da ordem estabelecida a todo custo só pode ser compatível com os mais pervertidos ideais e valores educacionais”. (István Mészáros, p. 83)

Dessa maneira, a formação de sujeitos críticos deve ser a meta primordial do sistema de educação, pois, além de formar seres humanos dotados de sensibilidade social, deve almejar formar cidadãos capazes de questionar seus direitos, deveres e papeis na sociedade.

Nesse contexto, o papel das escolas e dos educadores, levando em conta o contexto sócio-político no Brasil, é instigar das mais variadas formas percepções críticas sobre o mundo. E a literatura, sendo herança cultural da humanidade, promove nos indivíduos o desenvolvimento da reflexão, do questionamento, além da consciência de si e da sociedade que nos cerca. Assim, o uso da literatura na Escola não deve se reduzir somente as aulas de Gramática, Literatura e Artes, mas deve ir além e se relacionar com as variadas disciplinas que compõe o currículo escolar. Em História especialmente, o uso de literatura é capaz de romper as barreiras temporais, étnicas, culturais, etc. e promover uma compreensão dos sujeitos como históricos e humanos. Além disso, a produção de consciência, inerente a História, e a sociedade.   
História, literatura e interdisciplinaridade
A relação interdisciplinar que se apresenta entre a História e a Literatura pode, por vezes, apresentar limites que se manifestam com certas imprecisões, porque a literatura é um discurso que muitas vezes apresenta uma realidade que lhe é própria e não uma realidade criada a partir do nada, mas feita a partir hibridismos entre o ficcional e o real (Rachadel; Feliberto; Venera, p. 2). Portanto, há uma necessidade de “destrinchar”, como afirma o historiador (Carlo Ginzburg, p. 14), “o entrelaçamento de verdadeiro, falso, fictício”. Ou seja, tornar esses limites que perfazem a literatura e a história mais claros em sua utilização, trazendo, de um lado, o real e histórico, do outro, o ficcional.

Assim, a literatura expressa questões que são próprias de sua época como os conflitos sociais, políticos e até mesmo econômicos e ideológicos que se mostram latentes em seu determinado período histórico porque o autor se baseia em sua realidade para expressar tais conflitos. Dessa maneira, para a utilização da literatura como fonte histórica há a necessidade de historiciza-la, pois, não basta apenas desvendar seu conteúdo, como também as formas estéticas que estão presentes, a receptividade da obra, o grupo ao qual ela representa, a posição social do autor, entre outras, pois, a vivência dos indivíduos e o desenvolvimento de suas relações com a sociedade não se dão de forma neutra, mas marcadas por particularidades. Dessa maneira, como afirma Valdeci Rezende Borges, “se todo documento é uma construção que se pauta de regras próprias de escrita (...) tanto o literato como a literatura, estão aprisionados nas teias da cultura e do tempo”. (Valdeci Rezende, p. 103) Assim, o ato de historicizar é imprescindível para o trabalho do profissional de história porque traz questionamentos necessários para se investigar aquilo que se está trabalhando.

O papel do professor, que usa a literatura como abordagem de ensino interdisciplinar, também se pauta na historicização. Portanto, ao selecionar um texto literário e aplicá-lo em sala de aula, o professor deve levar em consideração algumas questões que são demasiadamente pertinentes para que as aulas de história se deem de maneira construtiva e não comprometa o desenvolvimento do conteúdo estudado.

O primeiro elemento fundamental se pauta em conhecer a turma. Por mais que o professor tenha inúmeras ideias de como trabalhar um determinado conteúdo da disciplina, ele deve conhecer a turma com a qual está lidando. Portanto, conhecer a turma não se restringe a saber o nome de todos os alunos, mas compreendê-los enquanto sujeitos, o que implica ouvir suas visões de mundo, suas dificuldades e conquistas, em suma, é dar ao aluno a possibilidade de ele expressar-se enquanto sujeito. E mais do que sujeitos dentro de uma sala de aula, sujeitos dentro da própria História, pois, como afirma Selva Guimarães, “a história tem como papel central a formação da consciência histórica dos homens” (Selva Guimarães, p. 89) porque possibilita pensar sobre identidades, diferenças, cidadanias, etc. Desse modo, a educação deve seguir os ensinamentos de Paulo Freire e buscar constantemente o diálogo.

O segundo ponto que se mostra necessário na interdisciplinaridade entre a História e a Literatura, se pauta na relação que a obra deve possuir com o conteúdo a ser trabalhado em sala. É necessário compreender que a literatura atrelada ao ensino não é uma mera ilustração de um período histórico ou entretenimento, mas uma ferramenta necessária para a compreensão do período em questão. Como afirma Rafael Ruiz, “a análise de textos literários permite relacionar e estabelecer conexões entre muitas áreas do conhecimento” (Rafael Ruiz, p. 82) e cabe ao professor estabelecer essas conexões para que os alunos não se sintam prejudicados ou com alguma falha na compreensão, mas consigam ricos resultados no processo de aprendizagem.

O terceiro ponto se pauta na seleção das obras. Por mais que o professor tenha predileções por determinadas obras literárias, o momento da seleção é de importância vital. É possível historicizar uma grande quantidade de obras, mas nem toda obra é própria para ser trabalhada em sala de aula. Para tanto, deve ser levado em consideração a realidade dos alunos, a faixa etária, a linguagem, a série, as dificuldades, etc. Um professor que opta pela utilização de Os Miseráveis, obra escrita na França em meados do século XIX, por Victor Hugo, deve levar em consideração a densidade da obra, tanto do ponto de vista da discussão, como pelo número de páginas. Dessa maneira, hoje o Brasil conta com editoras que se propõe a promover adaptação na linguagem de certas obras para facilitar o entendimento dos indivíduos e os aproximar das leituras. O professor deve estar atento a tais adaptações e refletir sobre seus usos na sala de aula. Além disso, para além das adaptações na linguagem, há as obras em formato HQ, como por exemplo, ‘Grande Sertão: Veredas’, ‘O Velho e o Mar’, ‘Morte e Vida Severina’ que devem ser levadas em consideração, como também contos, novelas e poemas.

O quarto ponto se refere ao processo de interpretação. Saber ler não deve se restringir ao simples ato de juntar as palavras e formar frases, mas saber o que o texto significa em sua totalidade. Por isso se faz necessário cautela por parte do professor no momento de selecionar o texto que será trabalhado em sala de aula. Além disso, nas aulas de História, saber interpretar a obra literária em questão é também exercer as associações que a obra possui com o contexto a ser estudado em sala. Se se trabalha, por exemplo, com uma adaptação da obra ‘Cândido’ de Voltaire ou mesmo a própria obra integral, elementos típicos do período Iluminista devem ser identificados e interpretados por parte dos alunos para que o discurso do Iluminismo fique cada vez mais claro aos alunos. Para além disso, é de suma importância o professor criar rodas de leitura, promover a formação de grupos e pesquisas para que a haja debates na turma e que diferentes pontos de vista sejam exaltados a fim de que os alunos exponham suas questões sobre a obra lida, mas sempre se atendo ao conteúdo histórico.

Por fim, a questão da problematização deve ser um dos elementos fundamentais nesse processo. É próprio do ofício do historiador elaborar questões, interrogações, problemas ao objeto de estudo em questão. A questão da problematização deve estar desde o começo de uma aula, em atividades, na forma de avaliar os alunos ou até mesmo no uso da literatura como ferramenta nas aulas de história. A História é uma disciplina produtora de consciência histórica e a problematização deve servir não apenas como um meio de desconstrução, mas como uma maneira de tornar os alunos sujeitos de pensamento crítico e produtores de saberes. Dessa maneira, como afirma Maria Amélia Dalvi, os usos da literatura na sala de aula
“reinventam e potenciam, sob todos os pontos de vista, as línguas, as memórias, as experiencias ou vivências sócio-histórico-culturais, os povos e as comunidades (...) sendo, portanto, meio e fim de nosso processo infindável de humanização”. (Maria Amélia Dalvi, p. 80)

Assim, usar a literatura como ferramenta possibilita ao professor discutir uma variedade de temas transversais como feminismo, racismo, questões políticas, religiosas, de gênero, entre outras, e assim possibilitar o rompimento espacial e temporal que os alunos, muitas vezes, possuem com as aulas de História.
Considerações Finais
Tendo em vista o alto número de analfabetos no Brasil, é latente a necessidade de instigar a leitura. A ferramenta para tal pode ser a literatura, sobretudo atrelada a matéria de história. Juntas, principalmente a primeira, auxiliam no aumento pelo interesse pela leitura e na compreensão de processos históricos.

A relação história e literatura tem crescido não só no campo da investigação, mas já são claras as investidas no campo do ensino, através de projetos de intervenção efetuados por grupos de investigação voltados para educação das Universidades Públicas pelo país. Entretanto, ainda falta a quebra de barreiras entre os profissionais da educação com as muitas possibilidades que o texto literário é capaz de oferecer.

Se por um lado, as políticas públicas voltadas para educação têm diminuído os espaços de reflexão, por outro, propuseram um amplo espaço de interdisciplinaridade que pode ser explorado através dessas relações mútuas entre as matérias de ciências humanas nos currículos do ensino básico. Assim, a insistência e a organização pedagógica do profissional deve ser latente e, se persistente, pode colaborar para a diminuição dos índices de analfabetismo e aumentar o senso crítico dos estudantes a longo prazo. Estudantes estes que são agentes ativos da sociedade do Tempo Presente.

Referências
Filipe Matheus Marinho de Melo é graduado em História pela UPE, e membro do grupo em História do Tempo Presente;
Jairo Fernandes da Silva Júnior é graduado em História pela UPE, mestrando em História pela UFRPE, e membro do grupo em História do Tempo Presente;

BORGES, Valdeci Rezende. História e Literatura: algumas considerações. Revista de Teoria da História, Goiás, ano 1, Nº 3, p. 94-109, junho/2010;
CARTA CAPITAL. Brasil está entre os dez países que concentram a maior parte do número de analfabetos, 2014. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/taxa-mundial-de-analfabetismo-cai-1-em-11-anos-mostra-relatorio-5540.html >, acesso em fevereiro de 2018.
DALVI, Maria Amélia. Literatura na escola: propostas didático-metodológicas. In: DALVI, M. A.; REZENDE, N. L.; JOVER-FALEIROS, R. (orgs.). Leitura de Literatura na Escola. São Paulo, SP: Parábola, 2013.
FOLHA DE SÃO PAULO. Analfabetismo cai em 2015, mas Brasil não cumpre meta de educação, 2016. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/11/1835525-analfabetismo-cai-em-2015-mas-brasil-nao-cumpre-meta-de-educacao.shtml >, acesso em fevereiro de 2018.
FONSECA, Selva Guimarães. Didáticas e práticas de ensino de história: experiências, reflexões e aprendizagens. Campinas, SP: Papirus, 2003.
G1. Brasil tem 13 milhões de analfabetos e não consegue redução há três anos, diz Unesco, 2017. Disponível em: < https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-tem-13-milhoes-de-analfabetos-e-nao-consegue-reducao-ha-tres-anos-diz-unesco.ghtml >, acesso em fevereiro de 2018.
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2ª ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Plano Nacional de Educação (PNE). Brasil: Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino, 2014.
RACHADEL; FELIBERTO; VENERA. Desafios da Educação na Contemporaneidade: multidisciplinaridade entre Literatura e Ensino de História. Revista Percursos. Florianópolis, v. 11, nº 01, jan./jul., 2010.
RUIZ, Rafael. Novas formas de abordar o ensino de História. In: KARNAL, L. (org.) História na Sala de Aula. 6ª ed. São Paulo: Contexto, 2015.
VALOR ECONOMICO. Brasil tem 12,9 milhões de analfabetos, aponta Pnad, 2016. Disponível em: < http://www.valor.com.br/brasil/4787959/brasil-tem-129-milhoes-de-analfabetos-aponta-pnad >, acesso em fevereiro de 2018.

8 comentários:

  1. Eu ministro a disciplina História do Nordeste, na graduação em História da UFCG. Todo período letivo realizamos seminários de romances do regionalismo nordestino. São em geral muito proveitosos e os alunos aprendem muito sobre questões e conceitos que por vezes não havia sido bem assimilada quando da leitura nos textos teórico. Mas ainda tenho dificuldades em convencer os alunos a se aprofundarem no questionamento e problematização da obra literária como fonte para a História. De modo que assimilam bem a narrativa da obra, algumas passagens mais propícias às discussões de aspectos econômicos, sociais e culturais... Mas por vezes me fica a impressão de que tendem a perceber a atividade mais como ilustrativa de questões conceituais e históricas do que como a Literatura pode ser um campo de amplas possibilidades para o conhecimento da História. Vocês, autores,quando de suas graduações, tiveram a oportunidade de fazer estudos de literatura/história para alguma das disciplinas que cursaram?
    Rosilene Dias Montenegro.

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    1. Boa noite, Rosilene

      Infelizmente essa questão do texto literário ser uma "ilustração" é bastante problemática e segue nos mais variados níveis do corpo de alunos, seja no ensino superior, seja no ensino básico. Acho interessante que Chartier propõe entender "o mundo do texto" e o "mundo do leitor" e daí traçar questões pertinentes para contrução de sentido do texto. Acho que essas duas questões são essenciais para se traçar perguntas e problemáticas e entender que a literatura possui um espaço, possui uma rede de sentido, possui um discurso, etc. e, portanto, pode ser considerada como uma fonte histórica.

      Respondendo a sua pergunta, infelizmente, em minha graduação, poucas foram as disciplinas que possuiam obras literárias na ementa. E apesar de ter cursado disciplinas optativas voltadas para o uso da literatura como fonte, disciplinas como estas não estavam disponíveis todo semestre. O que é uma pena porque a literatura faz parte de uma herança cultural da humanidade e temos que nos apropriar dela.

      Para finalizar, em "A Literatura em Perigo", mais especificamente no capítulo "além da escola", T. Todorov traça uma busca para entender o por quê de a literatura estar sendo tão "esquecida": "como aconteceu de o ensino de literatura na escola ter-se tornado o que é atualmente?" (p. 35). A resposta para essa pergunta vai desde questões sociais, escolares, políticas, correntes filosóficas, etc. Acho válido ler a obra e trazer as questões para o contexto brasileiro a fim de resgatar - se é que precise - a leitura de literatura.

      att.,
      Filipe Matheus Marinho de Melo

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    2. Olá, Rosilene! Tudo bem?

      Sim, tive a oportunidade de trabalhar com literatura na graduação. Ter contato com a relação história/literatura foi fundamental para entender questões teórico-metodológicas do fazer história e o papel do historiador diante das narrativas em seus tempos. Trabalhei junto com os professores em disciplinas como História Antiga, Medievo Ocidental, América Colonial e Contemporânea. Hoje, como professor em formação, faço o possível para associar a literatura com os clássicos acadêmicos sobre o tema desenvolvido em sala de aula.

      atenciosamente,

      Jairo Fernandes

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  2. Boa noite. inicialmente, parabéns pelo texto. Achei muito interessante a ligação entre uso da literatura na aula de história como forma de contribuir para a diminuição dos analfabetos funcionais que correspondem uma grande massa dos alunos que estão no sistema educacional.
    Além de gerar questionamentos que exigem uma postura reflexiva do aluno, o uso da literatura permite a compreensão que a rotina e os eventos que uma sociedade vivencia é o que constitui a história. Acredito que isso gera uma maior significação e intimidade com a história, a medida que o aluno se identifica e se reconhece na problemática. Devido a isso, defendo o uso de história, mesmo que um tanto romantizadas, em sala de aula. Com um enredo mais atrativo é possível atingir os objetivos de compreensão de texto e de contexto histórico. Logicamente, todo esse processo deve ser mediado pelo professor para que se possa extrair e privilegiar o real. Aproveito o espaço para pedir sugestões de literaturas para trabalhar com o ensino fundamental, ensino médio e E.J.A a medida que cada um tem suas especificidades e complexidades. Obrigada!
    att. Simoniely Serathiuk

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    1. Boa noite, Simoniely

      Primeiramente obrigado pelo comentário. Realmente vivemos em uma sociedade em que ler romance, conto, poesia, é um desafio na correria da vida moderna.

      Com relação questão da romantização de uma obra, há uma relação entre romantico e Romantico que deve ser desmistificada. O Romance de fins do século XVIII é mais que uma corrente artistica, mas uma corrente de pensamento demasiadamente política. Traz questionamentos sobre o âmago indivíduo que até então não eram postos de forma clara, objetiva, como, por exemplo, a questão da igualdade. Lynn Hunt (p. 23) em "Invenção dos Direitos Humanos" afirma que "os romances apresentavam a ideia de que todas as pessoas são fundamentalmente semelhantes". Além disso, o romance é prosaico porque traz o cotidiano de forma clara e não mais dentro de rigores poéticos. Tais questões devem ser levadas em consideração para nós historiadores também e não só para o professor de artes, de literatura. Aqui nos defrontamos com o que Chartier chama de "mundo do texto" e o "mundo do leitor" que nos faz interrogar sobre uma determinada sociedade e as formas suas representação.

      Com relação a sugestões, gostaria que você fosse mais específica no pedido (período histórico, conteúdo trabalhado em sala, etc.), até porque existem as adaptações que podemos, hoje, contar com uma grande quantidade inclusive voltada para os quadrinhos. Além de contos, poesias, cordéis, etc.

      att.,

      Filipe Matheus Marinho de Melo

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    2. Olá, Simoniely! Tudo bem?

      É bem complexo essa realidade da leitura nas escolas brasileiras. Quanto as indicações, concordo com Filipe, seria ideal especificar alguns pontos importantes, como ele já citou.

      Atenciosamente,

      Jairo Fernandes da Silva Júnior

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  3. olá
    sou graduanda em história pela universidade estadual do vale do acaraú -UEVA. e na leitura realizada, fiquei pensando na relação estabelecida entre o 2° artigo do PNE e o pensamento citado de Istvan Mészáros sobre a educação como elemento preparatório para o mercado de trabalho; se levarmos essa discurssão e a aplicarmos ao atual cenario socio-educacional de supervalorização do ensino proficionalizante, como se encaixaria o uso da literatura (como, alem, de uma possibilidade ludica,tanbem uma forma de despertar o senso critico no aprendizado histórico) nas escolas proficionalizantes?
    Maria Marciene Andrade de Oliveira

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  4. Olá, Marciene! Tudo bem? O uso da literatura em sala de aula tem características para além da alfabetização. A depender da forma como será trabalhada com os estudantes, pode sim ser um instrumento de formação humanada (construção de um senso crítico.

    Atenciosamente,

    Jairo Fernandes da Silva Júnior

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