A HISTÓRIA ORAL COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO
IDENTITÁRIA: QUANDO O MUSEU INVADE A SALA DE AULA
A introdução dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN), em 1999, apresentou temas transversais a serem abordados em sala de aula
trazendo valores referentes à cidadania, dentre o quais foram sugeridos: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho e
Consumo e Pluralidade Cultural. Essas temáticas deveriam ser colocadas de uma
forma holística e interdisciplinar. De acordo com o texto, cada escola teria a
possibilidade de estabelecer seus próprios critérios de seleção ou acrescentar
questões que fossem de encontro com as suas especificidades, seu currículo e os
seus programas de transformação da realidade educacional para os alunos do 1º
ao 9º ano. Sendo, portanto, uma forma de tornar
as disciplinas mais conectadas a realidade vivida pelos discentes tornando-os
sujeitos históricos, inserindo a História em seus cotidianos para que percebam
que ela não é algo inacessível.
“É de grande importância que os
estudos de História estejam constantemente pautados na construção da noção de
identidade, através do estabelecimento de relações entre identidades
individuais, sociais. O ensino de História deve permitir que os alunos compreendam-se
a partir de suas próprias representações, da época em que vivem, inseridos num
grupo, e, ao mesmo tempo resgatem a diversidade e pratiquem uma análise crítica
de uma memória que é transmitida”. (PACHECO, PEREIRA, p.2)
Destarte,
acrescentar no currículo escolar conteúdos que explorem a metodologia das histórias
de vida ou história oral é uma alternativa interessante para incluir conceitos
importantes como identidade. “(...) o relato pessoal pode assegurar a
transmissão de uma experiência coletiva e constituir-se numa representação que
espelha uma visão de mundo” (FERREIRA, AMADO, p.XXIII). Segundo Pelegrini (p.32),
“(...) a preservação das memórias e das identidades é uma demanda social tão
importante quanto qualquer outra”. É uma maneira de manter vivo o patrimônio
afetivo composto das histórias simples e anônimas que se perdem ao longo do
tempo ou até mesmo levar os discentes a uma jornada de conhecimento de suas
raízes, por meio das vivências de suas famílias e comunidades.
“(...) o
ensino de História pode fazer escolhas pedagógicas capazes de possibilitar ao
aluno refletir sobre seus valores e suas práticas cotidianas e relacioná-los
com problemáticas históricas inerentes ao seu grupo de convívio, à sua
localidade, à sua região e à sociedade nacional e mundial.
Uma
das escolhas pedagógicas possíveis, nessa linha, é o trabalho favorecendo a
construção, pelo aluno, de noções de diferença, semelhança, transformação e
permanência. Essas são noções que auxiliam na identificação e na distinção do
eu, do outro e do nós no tempo; das práticas e valores particulares de indivíduos
ou grupos e dos valores que são coletivos em uma época; dos consensos e/ou
conflitos entre indivíduos e entre grupos em sua cultura e em outras culturas;
dos elementos próprios deste tempo e dos específicos de outros tempos
históricos; das continuidades e descontinuidades das práticas”. (BRASIL, p.34)
Partindo
dessas observações ressaltamos o papel que a Fundação Bernardo Feitosa, sediada
no município de Tauá, na mesorregião dos Sertões Cearenses, desenvolve nos
últimos 26 anos e o quanto ele pode ser significativo para a educação cidadã da
comunidade em geral e, principalmente a estudantil. Convém ressaltar que a
Fundação está localizada em uma área que detém um rico patrimônio natural e
cultural, englobando importantes achados paleontológicos e arqueológicos que
remontam a história da terra e dos primeiros povos que habitaram o sertão dos
Inhamuns, bem como de sua colonização e estabilização. A Fundação é a gestora,
mantenedora e guardiã do Museu Regional dos Inhamuns, que desde 1992, abriga em
sua estrutura a Biblioteca Joaquim de Castro Feitosa (uma homenagem ao seu
fundador) e uma Sala de Arqueologia. Ela atua ativamente na preservação da memória do patrimônio cultural
como fonte para o conhecimento histórico, buscando sempre projetos de
forma a dinamizar o acervo e aproximar a população com o museu por meio de
exposições, cursos, seminários, saraus e outros eventos.
A Fundação Bernardo Feitosa
realizou em 2011, dentro da programação da 9ª Semana de Museus - Museu e
Memória, promovida pelo Ministério da Cultura, a exposição “Mulheres...
Histórias... Memórias” organizada a partir de uma pesquisa feita pela curadora
Maria Salete Vale e pelo historiador Antonio Alves Bezerra, ambos membros da
Fundação. O objetivo foi promover o resgate das memórias das mulheres cujas
trajetórias não foram oficializadas, portanto não registradas nos livros que
tratam de assuntos sobre a região. Uma perspectiva que remonta o trabalho dos
historiadores orais de 1960, que trata de temas da vida cotidiana,
surpreendendo por suas fontes, bem como por seus objetos e problemáticas. E
mais ainda por conceber a história oral não apenas como uma “simples fonte
complementar do trabalho escrito, e sim ‘de um outra história’, afim da
antropologia, que dá voz aos ‘povos sem história’, iletrados, que valoriza os
vencidos, os marginais e as diversas minorias (...)” . (JOUTARD, p.43)
De acordo com o perfil escolhido
enquadraram-se costureiras, donas de casa, botadeiras d´água, varredeiras de
ruas, cozinheiras, parteiras, professoras e líderes comunitárias, entre outras
que tenham contribuído de alguma forma com o desenvolvimento ou para a história
do município. De acordo com o texto do folder da exposição assinado pela Presidente
da Fundação Bernardo Feitosa, Maria Dolores de Andrade Feitosa:
“Não houve intenção de privilegiar
qualquer categoria de atividades, pois entendemos que a sociedade que hoje
ocupa o município de Tauá foi construída por retalhos de todas as histórias
cujas memórias homenageamos aqui, e que contaram principalmente com a participação
de familiares e amigos e especialmente com as pesquisas sobre as memórias orais
executadas (...)”.
Ao analisarmos a seleção das
homenageadas na exposição, percebemos uma preocupação de deixar para a posteridade
a memória de mulheres que durante muitas décadas, permaneceram ou ainda
permanecem no imaginário popular. Algumas que viviam na margem da sociedade e
que com esta ação do historiador passaram
ao status de sujeitos significativos no movimento da história, uma forma de
conferir-lhes dignidade. O que as levou a esse patamar? A atitude do
pesquisador que entre muitas possibilidades de estudo as escolheu, afinal para
Edward H. Carr, “O historiador é necessariamente um selecionador” (p. 39). Apresentar
suas histórias é também um ato revolucionário de provocar na população um olhar
de respeito às diferenças seja devido às classes sociais, ideologias ou
escolhas profissionais.
No folder da exposição, o texto
assinado por Antonio Alves Bezerra justifica da seguinte forma o recorte das
mulheres que foram objetos de estudo:
“Mulheres... Histórias...
Memórias... Em razão da diversidade das experiências vivenciadas e de forma
como a sociedade tauaense lidou com mulheres que tinham uma “atmosfera
psíquica” organizada de maneira distinta entre nós. Apesar, porém de tais características
delineadas em cada uma dessas mulheres é fundamental considerar que foram
mergulhadas no mesmo campo de ação e de interação, desfrutamos da companhia
delas muitas vezes direta e indiretamente, das suas reações individuais,
sutilezas e das imperfeições.
A respeito dessa questão é
oportuno lembrar o rosto “asqueroso” da Isabel
da Coroa, quanto medo causava a crianças e adultos. A Mercê Calixto com suas roupas extravagantes, de linguagem
eloquente, suas pulseiras, óculos, anéis, enfeites em geral, em especial na
missa dominical. A Luiza Moca,
entendendo tudo ao contrário e revidando de forma grosseira. A Ana Evangelista, com seus vestidos de
cintura e dois bolsos, quando era abordada por aqueles que não entendiam as
diferenças, dizia repetidamente “caiu! Caiu tudo!” Como era singular as
conversas da Maria Cococi. A
humildade sofrida no rosto da Maria
Garupa, que apedrejava quando era molestada. A Arara – Cira Barros, com vestidos longos e exóticos, caracterizados
por uma idumentária histórica, militar e cristã, era pacífica, conversadeira,
possuidora de uma lógica própria. Lembramos também, da Rita Carritel, e tantas outras.
De fato essas mulheres especiais
foram diferentes das demais, elas pensaram de forma diferente, agiram de forma
diferente, enxergaram a vida e o mundo de forma diferente.
Elas usaram vocabulário rebuscado
e complexo, falaram e agiram com simplicidade e tiveram foco em tudo que
fizeram.
Daí a DIFERENÇA”. (grifos do
autor)
A metodologia de trabalho
consistiu na coleta de informações, primeiramente com a pesquisa de campo a fim
de mapear as possíveis mulheres a serem estudadas e coleta de materiais que
pertenceram a elas. Depois por meio da história oral, quando foram feitas entrevistas
com o uso de um gravador. A exposição foi realizada no Museu Regional dos
Inhamuns, cuja abertura aconteceu no dia 20 de maio com um sarau Lítero
Musical, na Praça do Museu, seguida da visita à sala onde foram expostos
painéis com as biografias das setenta homenageadas e dos objetos pessoais.
Ao dar visibilidade a estas
personalidades, a Fundação criou um sentimento de orgulho na comunidade, fosse
por identificação com algumas dessas narrativas de luta, ou pelo sentimento
maior de perceber-se enquanto integrante da história de Tauá. A produção de
entrevistas gerou documentos que podem servir de objetos de análise para
pesquisas posteriores que possam debruçar-se sobre importantes aspectos sócioculturais,
despercebidos anteriormente pela academia.
“O uso sistemático do testemunho
oral possibilita à história oral esclarecer trajetória individuais, eventos ou
processos que às vezes não têm como ser entendidos ou elucidados de outra
forma: são depoimentos de analfabetos, rebeldes, mulheres, crianças, miseráveis,
prisioneiros, loucos... São histórias de movimentos sociais populares, de lutas
cotidianas encobertas ou esquecidas, de versões menosprezadas; essa característica
permitiu inclusive que uma vertente da história oral se tenha constituído ligada
à história dos excluídos”. (FERREIRA, AMADO, p.xiv)
O Museu Regional dos Inhamuns trabalha
uma mudança de paradigmas, formando uma nova compreensão do que é história e
busca complementar seus sentidos envolvendo novos sujeitos na construção do fazer
histórico dando atenção também aos feitos das camadas mais populares da
sociedade.
“O historiador sem seus fatos não
tem raízes e é inútil; os fatos sem seu historiador são mortos e sem significado.
Portanto, minha primeira resposta à pergunta “Que é história?” é que ela se
constitui de um processo continuo de interação entre o historiador e seus
fatos, um diálogo interminável entre o presente e o passado”. (CARR, p.54)
A iniciativa da Fundação Bernardo
Feitosa inspirou, em 2018, a criação do projeto interdisciplinar “Mulheres nos Inhamuns:
narrativas e silêncios”, que será desenvolvido por alunos do Ensino Integrado
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), do
campus Tauá. A proposta é além de incentivar a pesquisa, facilitar a
compreensão de novas formas de perceber o lugar onde vivem sob a ótica das
mulheres da região, dando-lhes visibilidade e representatividade. Abrindo assim
um diálogo acadêmico sobre história de mulheres, feminismo e invisibilidades.
A pesquisa será realizada com o apoio de projeto professores
das disciplinas de Sociologia, História, Geografia, Filosofia, Artes e Projeto
de Acompanhamento ao Aluno (PAA). A metodologia constará, inicialmente, da
formação de grupos que farão uma pré-seleção de mulheres que considerem
importantes e depois uma escolha coletiva das que forem julgadas mais importantes
dentro do contexto. Depois, os discentes terão visitas de campo onde coletarão
dados por meio, principalmente, da história oral. Os resultados finais deverão
ser apresentados na I Semana de Humanidades do Campus de Tauá, no mês de junho.
Multiplicadores
Culturais
Em 2013, a Fundação Bernardo Feitosa realizou o projeto
“Inhamuns: Identidade e Preservação Patrimonial”, com uma proposta ampliada,
incluindo além de Tauá, os municípios vizinhos de Arneiroz e Parambu. As
informações antes buscadas apenas pela equipe do Museu ganhou o apoio de outros
sujeitos ativamente participantes: comunidade escolar, lideranças comunitárias
e religiosas, bem como moradores dos bairros e distritos. O objetivo central
era fazer o resgate das histórias regionais e locais, partindo das famílias e tornar
a iniciativa sustentável por meio da formação de multiplicadores da cultura,
tento como público preferencial os professores. Contudo, os perfis dos participantes
foram bem diversificados, desde jovens estudantes, a universitários, artesãos e
agricultores, entre outros.
“(...) a exploração coletiva de histórias de vida em projetos
participativos pode ajudar as pessoas a reconhecer e valorizar experiências que
foram silenciadas, ou a enfrentar aspectos difíceis e dolorosos de suas vidas.
Para alguns, esse processo será extremamente polêmico; para outros, será
gratificante: as novas histórias podem contribuir para divulgar as experiências
vividas por indivíduos ou grupos que foram excluídos ou marginalizados em
narrativas históricas anteriores”. (HAMILTON, p.65)
Segundo a facilitadora das oficinas, Olga Paiva, em
entrevista ao jornal Diário do Nordeste, de 02 de abril de 2013, o intuito era
“fortalecer a relação das pessoas envolvidas direta ou indiretamente, por meio
de suas heranças culturais, trazendo à percepção de cada um a responsabilidade
comunitária pela valorização e preservação dos patrimônios culturais material e
imaterial”. Pretendia-se atingir especialmente, as novas gerações sensibilizando-as
para esta importante tarefa de disseminar a cultura e os valores éticos e
sociais da região dos Inhamuns.
A metodologia desse projeto foi diferenciada tendo
início com a promoção de uma série de ações para capacitar os pesquisadores,
das quais podemos citar oficinas, palestras, entre outros eventos. Durante as
oficinas, os formadores conscientizavam sobre diversos temas, como a
importância das fontes históricas para o conhecimento sobre determinadas épocas
e culturas. Os participantes foram instigados a trazer objetos que pudessem
“contar” histórias, desta feita, todos foram analisados, identificados e catalogados
para realização de uma exposição aberta. Logo, espera-se que passado o evento,
tais sujeitos tenham sido sensibilizados a identificar na prática, objetos ou
tudo aquilo que eles considerem que tenham um valor histórico cultural. Essa
consciência é fundamental para, por exemplo, manter a preservação das pinturas
rupestres presentes na região ou os achados arqueológicos.
Duas oficinas destacaram-se pela riqueza de materiais
coletados. No bairro Alto Brilhante, a
facilitadora Olga Paiva e Salete Vale tiveram um público com sessenta
pessoas. A partir do levantamento de
informações sobre a formação do bairro e visitas às famílias, conseguiram
reunir 150 fotografias antigas de famílias que residiram e residem no bairro,
além de 64 objetos antigos que pertenceram e pertencem a diversos moradores. O
resultado foi a exposição “O Brilho do
Alto”. Já a comunidade de Poço da Onça, Distrito de Carrapateiras terá uma ação
duradoura, pois, a ação culminou com a
constituição da “Casa da Memória Cultural de Carrapateiras”, em edificação
alugada pela Prefeitura Municipal de Tauá.
Conclusão
O trabalho realizado pela Fundação Bernardo
Feitosa, em especial, os dois projetos analisados, nos mostram a relevância sócio-
cultural de dedicar-se a coleta de dados e objetos que transmitam informações sobre
a história de vida de indivíduos históricos e principalmente dos denominados comuns.
É uma forma de mobilizar a comunidade e os estudantes em uma busca pelas suas
identidades. Memória e história se entrelaçam, tendo a história oral um papel
fundamental, “(...) não tanto por seus produtos, mas mais por seus processos:
pelo envolvimento maior na recuperação e na reapropriação do passado” que ela
possibilita. (HAMILTON, p.78)
A união
entre o conhecimento de diferentes grupos e
pessoas, no resgate da memória dos antepassados, seus valores culturais, éticos
e sociais, é algo vivo através dos projetos da Fundação. E que nos inspira
enquanto discentes em vias de preparação para o trabalho docente. Como trabalhar
essa temática em sala de aula? Nossa
proposta é convidar os alunos a formarem uma exposição ou até um museu na
escola apresentando a história de suas famílias ou de seus bairros. Com poucos
recursos financeiros é possível realizar essa experiência que terá um ganho
essencial na formação cidadã. Encerramos com uma reflexão de D. Dolores Feitosa,
registrada pela reportagem ‘Projeto Debate Identidade Cultural’, do jornal
Diário do Nordeste de 02 de maio de 2013:
“Vemos
hoje que as pessoas estão muito desagregadas, os vizinhos, as famílias, por
isso nosso trabalho busca também elevar a autoestima das pessoas e agrupá-las
em torno de sua própria identidade histórica; nossa região conta com uma
riqueza histórica imensa por ser uma das mais antigas do estado do Ceará.
Buscamos a preservação patrimonial não como um fim em si mesmo, mas cada vez
mais com uma preocupação com as pessoas e com a qualidade de interação entre
patrimônio e sociedade”.
Referências
Luiza Helena Amorim Coelho Cavalcante é estudante
do curso de graduação em História da Universidade Estadual do Ceará /
Universidade Aberta do Brasil (UECE/UAB), pólo Fortaleza, e jornalista
Bibliografia
BRASIL.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais :
história / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC / SEF, 1998.
CARR,
Edward Hallet. O que é história? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina; (org). Usos e abusos da história oral. Rio
de Janeiro: ed. Fundação Getúlio Vargas, 2006.
THOMSON, Alistair; FRISCH Michael; HAMILTON, Paula. Os
debates sobre memória e história: alguns aspectos internacionais. In: FERREIRA,
M. M.; AMADO, J. (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 2006.
JOUTARD, Philippe. História oral: balanço da metodologia e da
produção nos últimos 25 anos. In: FERREIRA, M. M.; AMADO, J. (Org.). Usos e
abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006.
PEREIRA, Jean Carlos C.; PACHECO, Lilian Miranda B.
O Ensino de História nas Séries Iniciais. Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada10/_files/VOvTHqqQ.pdf
PELEGRINI, S. C. A. Patrimônio cultural:
consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009.
RENÊ, Carlos. Projeto Debate Identidade Cultural.
Diário do Nordeste, Fortaleza, 02 maio de 2013. Caderno Regional. Disponível
em:
Boa tarde Luiza Helena,
ResponderExcluirseu artigo me trouxe a lembrança do filme Narradores de Javé e com isso gostaria de saber se ao entrevistar essas mulheres percebeu-se a intenção de algumas deles se tornarem protagonistas dessas histórias contada, se houve dualidade e falta de seletividade por parte de quem as contavam?
JIULIANO RODRIGUES DE ABREU
Aluno Licenciatura em História - UECE.
Boa tarde, Caro Jiuliano!
ExcluirO filme Narradores de Javé é um exemplo muito didático das dificuldades que o pesquisador que opta pela metodologia da História Oral enfrenta. Como se posicionar diante de tantas versões e como fazer a seleção do material coletado, a confrontação das fontes? Contudo, no filme, havia um interesse de produzir uma pesquisa sobre o mito fundador de Javé, demonstrar a importância do povoado. Nas pesquisas que citei, realizadas pelos integrantes do Museu Regional dos Inhamuns e seus colaboradores, o interesse estava nas narrativas individuais, e não menos importantes para o contexto histórico do município. Não havia o objetivo de chegar a um consenso sobre um acontecimento ou outro e sim valorizar as histórias de vidas das personagens e os aspectos sócio-culturais presentes nesses depoimentos. Quanto a exaltação de afirmar a si mesmo como protagonista, acredite: acho que é natural do ser humano. Sendo que uns são mais sutis e outros mais exacerbados.
Boa tarde Luiza Helena,
ResponderExcluirVocê acha que além dos professoras tomarem essa iniciativa de utilizar história oral, a escola também deveria dar um certo suporte para que esse tipo de atividade ocorra? Como por exemplo, convidar pioneiros da cidade para contar sua história de vida aos alunos, organizar visitas, entre utras.
Parabéns pelo seu texto. Abraços.
Ass: Karina Honorio de Almeida
Boa tarde, Karina!
ResponderExcluirAgradeço seu gentil comentário... Trabalhar a História Oral e as Histórias de Vida dos pioneiros é algo tão fascinante que quem compreende essa importância acredito que apoia um projeto dessa modalidade. Algo que nem necessita de muitos recursos e será tão valiosa para a comunidade estudantil quanto para aquele que fala. A escuta é muito importante, principalmente, para as pessoas da melhor idade, eles se sentem valorizados e temos muito o que aprender com suas experiências de vida. Quantos temas transversais podem ser tratados em uma simples conversa, desde cidadania, identidade, a aspectos culturais e outros que envolvam a singularidade do entrevistado. Já pensou os alunos realizando exposições ou até criando um memorial sobre essas personalidades?
Um abraço!
Nada mais prazeroso do que conhecer e praticar. Os estudos já afirmam que quando temos a possibilidade de ter contato com algo na teoria e na pratica, esse conhecimento fica registrados de forma mais consolidada. Então, nada mais justo e mais interessante do que permitir que os alunos conheçam, construam e transmitam suas historias, conforme descortinou a colega Luiza Helena.
ResponderExcluirPodemos chamar esse processo descrito como: Aprendizagem Cooperativa?
Hudianny,
ExcluirMuito pertinente sua observação. Ao redigir este ensaio, muitas vezes, me vi pensando em como deve ter sido para esses alunos participarem de tal empreendimento. Será que tinham consciência que naquele, movimento nas comunidades, estavam construindo o conhecimento histórico ? E ao mesmo tempo valorizando as narrativas de sua comunidade? Acredito que isso tenha sido provocado/estimulado pela equipe do Museu Regional dos Inhamuns nos participantes desse projeto, pois, vejo eles uma sensibilidade, um cuidado com a valorização da cultura local.
Colocar os alunos como protagonistas nesse processo deve ter sido incrível. Infelizmente, não tive oportunidade de entrevistá-los para verificar, cientificamente, como foi participar dessa experiência. Um Museu chamar a escola e comunidade local para fazer uma investigação desse porte é um primoroso trabalho de aprendizagem cooperativa. Um ensino que vai além dos conhecimento digamos “oficiais” cobrados em sala de aula, traz lições de cidadania, de respeito às diferenças, até os temas específicos direcionados pela singularidade de cada entrevistado.
O trabalho do Museu Regional dos Inhamuns me encanta por não se tratar de um local meramente quase que estático, mas assume a característica de ser um organismo vive que se move, se junta a comunidade local e escolar para construir o conhecimento histórico, para trazer o público a resgatar e valorizar a cultura da região.
Obrigada pelo seu comentário!
Grata e parabéns!!!
Excluirjoana hudianny almeida mendes
Olá, boa tarde. Texto muito bom. Como sugestão bibliográfica, há uma obra de Ricardo Santiago e Valéria Barbosa entitulada História Oral na Sala de Aula, acredito que possa ter ainda mais subsídios para suas pesquisas. Abs.
ResponderExcluirAt.te
Esdras Carlos de Lima Oliveira
Caro Alex,
ExcluirAgradeço seu comentário e sua atenção em presentear-me com esta contribuição bibliográfica. Muita gentileza a sua! Momentos como este do Simpósio são muito propícios a esta troca de informações, conhecimentos... Aproveitemos então cada minuto!
Um abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir