Luiza Helena Amorim Coelho Cavalcante


A HISTÓRIA ORAL COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO IDENTITÁRIA: QUANDO O MUSEU INVADE A SALA DE AULA
  

A introdução dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1999, apresentou temas transversais a serem abordados em sala de aula trazendo valores referentes à cidadania, dentre o quais foram sugeridos: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo e Pluralidade Cultural. Essas temáticas deveriam ser colocadas de uma forma holística e interdisciplinar. De acordo com o texto, cada escola teria a possibilidade de estabelecer seus próprios critérios de seleção ou acrescentar questões que fossem de encontro com as suas especificidades, seu currículo e os seus programas de transformação da realidade educacional para os alunos do 1º ao 9º ano. Sendo, portanto, uma forma de tornar as disciplinas mais conectadas a realidade vivida pelos discentes tornando-os sujeitos históricos, inserindo a História em seus cotidianos para que percebam que ela não é algo inacessível.

É de grande importância que os estudos de História estejam constantemente pautados na construção da noção de identidade, através do estabelecimento de relações entre identidades individuais, sociais. O ensino de História deve permitir que os alunos compreendam-se a partir de suas próprias representações, da época em que vivem, inseridos num grupo, e, ao mesmo tempo resgatem a diversidade e pratiquem uma análise crítica de uma memória que é transmitida”. (PACHECO, PEREIRA, p.2)

Destarte, acrescentar no currículo escolar conteúdos que explorem a metodologia das histórias de vida ou história oral é uma alternativa interessante para incluir conceitos importantes como identidade. “(...) o relato pessoal pode assegurar a transmissão de uma experiência coletiva e constituir-se numa representação que espelha uma visão de mundo” (FERREIRA, AMADO, p.XXIII). Segundo Pelegrini (p.32), “(...) a preservação das memórias e das identidades é uma demanda social tão importante quanto qualquer outra”. É uma maneira de manter vivo o patrimônio afetivo composto das histórias simples e anônimas que se perdem ao longo do tempo ou até mesmo levar os discentes a uma jornada de conhecimento de suas raízes, por meio das vivências de suas famílias e comunidades.

 “(...) o ensino de História pode fazer escolhas pedagógicas capazes de possibilitar ao aluno refletir sobre seus valores e suas práticas cotidianas e relacioná-los com problemáticas históricas inerentes ao seu grupo de convívio, à sua localidade, à sua região e à sociedade nacional e mundial.

Uma das escolhas pedagógicas possíveis, nessa linha, é o trabalho favorecendo a construção, pelo aluno, de noções de diferença, semelhança, transformação e permanência. Essas são noções que auxiliam na identificação e na distinção do eu, do outro e do nós no tempo; das práticas e valores particulares de indivíduos ou grupos e dos valores que são coletivos em uma época; dos consensos e/ou conflitos entre indivíduos e entre grupos em sua cultura e em outras culturas; dos elementos próprios deste tempo e dos específicos de outros tempos históricos; das continuidades e descontinuidades das práticas”. (BRASIL, p.34)

Partindo dessas observações ressaltamos o papel que a Fundação Bernardo Feitosa, sediada no município de Tauá, na mesorregião dos Sertões Cearenses, desenvolve nos últimos 26 anos e o quanto ele pode ser significativo para a educação cidadã da comunidade em geral e, principalmente a estudantil. Convém ressaltar que a Fundação está localizada em uma área que detém um rico patrimônio natural e cultural, englobando importantes achados paleontológicos e arqueológicos que remontam a história da terra e dos primeiros povos que habitaram o sertão dos Inhamuns, bem como de sua colonização e estabilização. A Fundação é a gestora, mantenedora e guardiã do Museu Regional dos Inhamuns, que desde 1992, abriga em sua estrutura a Biblioteca Joaquim de Castro Feitosa (uma homenagem ao seu fundador) e uma Sala de Arqueologia. Ela atua ativamente na preservação da memória do patrimônio cultural como fonte para o conhecimento histórico, buscando sempre projetos de forma a dinamizar o acervo e aproximar a população com o museu por meio de exposições, cursos, seminários, saraus e outros eventos.

A Fundação Bernardo Feitosa realizou em 2011, dentro da programação da 9ª Semana de Museus - Museu e Memória, promovida pelo Ministério da Cultura, a exposição “Mulheres... Histórias... Memórias” organizada a partir de uma pesquisa feita pela curadora Maria Salete Vale e pelo historiador Antonio Alves Bezerra, ambos membros da Fundação. O objetivo foi promover o resgate das memórias das mulheres cujas trajetórias não foram oficializadas, portanto não registradas nos livros que tratam de assuntos sobre a região. Uma perspectiva que remonta o trabalho dos historiadores orais de 1960, que trata de temas da vida cotidiana, surpreendendo por suas fontes, bem como por seus objetos e problemáticas. E mais ainda por conceber a história oral não apenas como uma “simples fonte complementar do trabalho escrito, e sim ‘de um outra história’, afim da antropologia, que dá voz aos ‘povos sem história’, iletrados, que valoriza os vencidos, os marginais e as diversas minorias (...)” . (JOUTARD, p.43)

De acordo com o perfil escolhido enquadraram-se costureiras, donas de casa, botadeiras d´água, varredeiras de ruas, cozinheiras, parteiras, professoras e líderes comunitárias, entre outras que tenham contribuído de alguma forma com o desenvolvimento ou para a história do município. De acordo com o texto do folder da exposição assinado pela Presidente da Fundação Bernardo Feitosa, Maria Dolores de Andrade Feitosa:

“Não houve intenção de privilegiar qualquer categoria de atividades, pois entendemos que a sociedade que hoje ocupa o município de Tauá foi construída por retalhos de todas as histórias cujas memórias homenageamos aqui, e que contaram principalmente com a participação de familiares e amigos e especialmente com as pesquisas sobre as memórias orais executadas (...)”.

Ao analisarmos a seleção das homenageadas na exposição, percebemos uma preocupação de deixar para a posteridade a memória de mulheres que durante muitas décadas, permaneceram ou ainda permanecem no imaginário popular. Algumas que viviam na margem da sociedade e que com esta ação do historiador passaram ao status de sujeitos significativos no movimento da história, uma forma de conferir-lhes dignidade. O que as levou a esse patamar? A atitude do pesquisador que entre muitas possibilidades de estudo as escolheu, afinal para Edward H. Carr, “O historiador é necessariamente um selecionador” (p. 39). Apresentar suas histórias é também um ato revolucionário de provocar na população um olhar de respeito às diferenças seja devido às classes sociais, ideologias ou escolhas profissionais.

No folder da exposição, o texto assinado por Antonio Alves Bezerra justifica da seguinte forma o recorte das mulheres que foram objetos de estudo:

“Mulheres... Histórias... Memórias... Em razão da diversidade das experiências vivenciadas e de forma como a sociedade tauaense lidou com mulheres que tinham uma “atmosfera psíquica” organizada de maneira distinta entre nós. Apesar, porém de tais características delineadas em cada uma dessas mulheres é fundamental considerar que foram mergulhadas no mesmo campo de ação e de interação, desfrutamos da companhia delas muitas vezes direta e indiretamente, das suas reações individuais, sutilezas e das imperfeições.

A respeito dessa questão é oportuno lembrar o rosto “asqueroso” da Isabel da Coroa, quanto medo causava a crianças e adultos. A Mercê Calixto com suas roupas extravagantes, de linguagem eloquente, suas pulseiras, óculos, anéis, enfeites em geral, em especial na missa dominical. A Luiza Moca, entendendo tudo ao contrário e revidando de forma grosseira. A Ana Evangelista, com seus vestidos de cintura e dois bolsos, quando era abordada por aqueles que não entendiam as diferenças, dizia repetidamente “caiu! Caiu tudo!” Como era singular as conversas da Maria Cococi. A humildade sofrida no rosto da Maria Garupa, que apedrejava quando era molestada. A Arara – Cira Barros, com vestidos longos e exóticos, caracterizados por uma idumentária histórica, militar e cristã, era pacífica, conversadeira, possuidora de uma lógica própria. Lembramos também, da Rita Carritel, e tantas outras.

De fato essas mulheres especiais foram diferentes das demais, elas pensaram de forma diferente, agiram de forma diferente, enxergaram a vida e o mundo de forma diferente.
Elas usaram vocabulário rebuscado e complexo, falaram e agiram com simplicidade e tiveram foco em tudo que fizeram.
Daí a DIFERENÇA”. (grifos do autor)

A metodologia de trabalho consistiu na coleta de informações, primeiramente com a pesquisa de campo a fim de mapear as possíveis mulheres a serem estudadas e coleta de materiais que pertenceram a elas. Depois por meio da história oral, quando foram feitas entrevistas com o uso de um gravador. A exposição foi realizada no Museu Regional dos Inhamuns, cuja abertura aconteceu no dia 20 de maio com um sarau Lítero Musical, na Praça do Museu, seguida da visita à sala onde foram expostos painéis com as biografias das setenta homenageadas e dos objetos pessoais.

Ao dar visibilidade a estas personalidades, a Fundação criou um sentimento de orgulho na comunidade, fosse por identificação com algumas dessas narrativas de luta, ou pelo sentimento maior de perceber-se enquanto integrante da história de Tauá. A produção de entrevistas gerou documentos que podem servir de objetos de análise para pesquisas posteriores que possam debruçar-se sobre importantes aspectos sócioculturais, despercebidos anteriormente pela academia.

“O uso sistemático do testemunho oral possibilita à história oral esclarecer trajetória individuais, eventos ou processos que às vezes não têm como ser entendidos ou elucidados de outra forma: são depoimentos de analfabetos, rebeldes, mulheres, crianças, miseráveis, prisioneiros, loucos... São histórias de movimentos sociais populares, de lutas cotidianas encobertas ou esquecidas, de versões menosprezadas; essa característica permitiu inclusive que uma vertente da história oral se tenha constituído ligada à história dos excluídos”. (FERREIRA, AMADO, p.xiv)

O Museu Regional dos Inhamuns trabalha uma mudança de paradigmas, formando uma nova compreensão do que é história e busca complementar seus sentidos envolvendo novos sujeitos na construção do fazer histórico dando atenção também aos feitos das camadas mais populares da sociedade.

“O historiador sem seus fatos não tem raízes e é inútil; os fatos sem seu historiador são mortos e sem significado. Portanto, minha primeira resposta à pergunta “Que é história?” é que ela se constitui de um processo continuo de interação entre o historiador e seus fatos, um diálogo interminável entre o presente e o passado”. (CARR, p.54)

A iniciativa da Fundação Bernardo Feitosa inspirou, em 2018, a criação do projeto interdisciplinar “Mulheres nos Inhamuns: narrativas e silêncios”, que será desenvolvido por alunos do Ensino Integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), do campus Tauá. A proposta é além de incentivar a pesquisa, facilitar a compreensão de novas formas de perceber o lugar onde vivem sob a ótica das mulheres da região, dando-lhes visibilidade e representatividade. Abrindo assim um diálogo acadêmico sobre história de mulheres, feminismo e invisibilidades.

A pesquisa será realizada com o apoio de projeto professores das disciplinas de Sociologia, História, Geografia, Filosofia, Artes e Projeto de Acompanhamento ao Aluno (PAA). A metodologia constará, inicialmente, da formação de grupos que farão uma pré-seleção de mulheres que considerem importantes e depois uma escolha coletiva das que forem julgadas mais importantes dentro do contexto. Depois, os discentes terão visitas de campo onde coletarão dados por meio, principalmente, da história oral. Os resultados finais deverão ser apresentados na I Semana de Humanidades do Campus de Tauá, no mês de junho.

Multiplicadores Culturais

Em 2013, a Fundação Bernardo Feitosa realizou o projeto “Inhamuns: Identidade e Preservação Patrimonial”, com uma proposta ampliada, incluindo além de Tauá, os municípios vizinhos de Arneiroz e Parambu. As informações antes buscadas apenas pela equipe do Museu ganhou o apoio de outros sujeitos ativamente participantes: comunidade escolar, lideranças comunitárias e religiosas, bem como moradores dos bairros e distritos. O objetivo central era fazer o resgate das histórias regionais e locais, partindo das famílias e tornar a iniciativa sustentável por meio da formação de multiplicadores da cultura, tento como público preferencial os professores. Contudo, os perfis dos participantes foram bem diversificados, desde jovens estudantes, a universitários, artesãos e agricultores, entre outros.

“(...) a exploração coletiva de histórias de vida em projetos participativos pode ajudar as pessoas a reconhecer e valorizar experiências que foram silenciadas, ou a enfrentar aspectos difíceis e dolorosos de suas vidas. Para alguns, esse processo será extremamente polêmico; para outros, será gratificante: as novas histórias podem contribuir para divulgar as experiências vividas por indivíduos ou grupos que foram excluídos ou marginalizados em narrativas históricas anteriores”. (HAMILTON, p.65)

Segundo a facilitadora das oficinas, Olga Paiva, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste, de 02 de abril de 2013, o intuito era “fortalecer a relação das pessoas envolvidas direta ou indiretamente, por meio de suas heranças culturais, trazendo à percepção de cada um a responsabilidade comunitária pela valorização e preservação dos patrimônios culturais material e imaterial”. Pretendia-se atingir especialmente, as novas gerações sensibilizando-as para esta importante tarefa de disseminar a cultura e os valores éticos e sociais da região dos Inhamuns.

A metodologia desse projeto foi diferenciada tendo início com a promoção de uma série de ações para capacitar os pesquisadores, das quais podemos citar oficinas, palestras, entre outros eventos. Durante as oficinas, os formadores conscientizavam sobre diversos temas, como a importância das fontes históricas para o conhecimento sobre determinadas épocas e culturas. Os participantes foram instigados a trazer objetos que pudessem “contar” histórias, desta feita, todos foram analisados, identificados e catalogados para realização de uma exposição aberta. Logo, espera-se que passado o evento, tais sujeitos tenham sido sensibilizados a identificar na prática, objetos ou tudo aquilo que eles considerem que tenham um valor histórico cultural. Essa consciência é fundamental para, por exemplo, manter a preservação das pinturas rupestres presentes na região ou os achados arqueológicos.

Duas oficinas destacaram-se pela riqueza de materiais coletados.  No bairro Alto Brilhante, a facilitadora Olga Paiva e Salete Vale tiveram um público com sessenta pessoas.  A partir do levantamento de informações sobre a formação do bairro e visitas às famílias, conseguiram reunir 150 fotografias antigas de famílias que residiram e residem no bairro, além de 64 objetos antigos que pertenceram e pertencem a diversos moradores. O resultado foi  a exposição “O Brilho do Alto”. Já a comunidade de Poço da Onça, Distrito de Carrapateiras terá uma ação duradoura, pois,  a ação culminou com a constituição da “Casa da Memória Cultural de Carrapateiras”, em edificação alugada pela Prefeitura Municipal de Tauá.


Conclusão


O trabalho realizado pela Fundação Bernardo Feitosa, em especial, os dois projetos analisados, nos mostram a relevância sócio- cultural de dedicar-se a coleta de dados e objetos que transmitam informações sobre a história de vida de indivíduos históricos e principalmente dos denominados comuns. É uma forma de mobilizar a comunidade e os estudantes em uma busca pelas suas identidades. Memória e história se entrelaçam, tendo a história oral um papel fundamental, “(...) não tanto por seus produtos, mas mais por seus processos: pelo envolvimento maior na recuperação e na reapropriação do passado” que ela possibilita. (HAMILTON, p.78)

A união entre o conhecimento de diferentes grupos e pessoas, no resgate da memória dos antepassados, seus valores culturais, éticos e sociais, é algo vivo através dos projetos da Fundação. E que nos inspira enquanto discentes em vias de preparação para o trabalho docente. Como trabalhar essa temática em sala de aula?  Nossa proposta é convidar os alunos a formarem uma exposição ou até um museu na escola apresentando a história de suas famílias ou de seus bairros. Com poucos recursos financeiros é possível realizar essa experiência que terá um ganho essencial na formação cidadã. Encerramos com uma reflexão de D. Dolores Feitosa, registrada pela reportagem ‘Projeto Debate Identidade Cultural’, do jornal Diário do Nordeste de 02 de maio de 2013:

“Vemos hoje que as pessoas estão muito desagregadas, os vizinhos, as famílias, por isso nosso trabalho busca também elevar a autoestima das pessoas e agrupá-las em torno de sua própria identidade histórica; nossa região conta com uma riqueza histórica imensa por ser uma das mais antigas do estado do Ceará. Buscamos a preservação patrimonial não como um fim em si mesmo, mas cada vez mais com uma preocupação com as pessoas e com a qualidade de interação entre patrimônio e sociedade”.



Referências
 Luiza Helena Amorim Coelho Cavalcante é estudante do curso de graduação em História da Universidade Estadual do Ceará / Universidade Aberta do Brasil (UECE/UAB), pólo Fortaleza, e jornalista

Bibliografia

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : história / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC / SEF, 1998.

CARR, Edward Hallet. O que é história? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina; (org). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: ed. Fundação Getúlio Vargas, 2006.
THOMSON, Alistair; FRISCH Michael; HAMILTON, Paula. Os debates sobre memória e história: alguns aspectos internacionais. In: FERREIRA, M. M.; AMADO, J. (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006.
JOUTARD, Philippe. História oral: balanço da metodologia e da produção nos últimos 25 anos. In: FERREIRA, M. M.; AMADO, J. (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006.

PEREIRA, Jean Carlos C.; PACHECO, Lilian Miranda B. O Ensino de História nas Séries Iniciais.  Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada10/_files/VOvTHqqQ.pdf

PELEGRINI, S. C. A. Patrimônio cultural: consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009.

RENÊ, Carlos. Projeto Debate Identidade Cultural. Diário do Nordeste, Fortaleza, 02 maio de 2013. Caderno Regional. Disponível em:






10 comentários:

  1. Boa tarde Luiza Helena,
    seu artigo me trouxe a lembrança do filme Narradores de Javé e com isso gostaria de saber se ao entrevistar essas mulheres percebeu-se a intenção de algumas deles se tornarem protagonistas dessas histórias contada, se houve dualidade e falta de seletividade por parte de quem as contavam?

    JIULIANO RODRIGUES DE ABREU
    Aluno Licenciatura em História - UECE.

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    1. Boa tarde, Caro Jiuliano!
      O filme Narradores de Javé é um exemplo muito didático das dificuldades que o pesquisador que opta pela metodologia da História Oral enfrenta. Como se posicionar diante de tantas versões e como fazer a seleção do material coletado, a confrontação das fontes? Contudo, no filme, havia um interesse de produzir uma pesquisa sobre o mito fundador de Javé, demonstrar a importância do povoado. Nas pesquisas que citei, realizadas pelos integrantes do Museu Regional dos Inhamuns e seus colaboradores, o interesse estava nas narrativas individuais, e não menos importantes para o contexto histórico do município. Não havia o objetivo de chegar a um consenso sobre um acontecimento ou outro e sim valorizar as histórias de vidas das personagens e os aspectos sócio-culturais presentes nesses depoimentos. Quanto a exaltação de afirmar a si mesmo como protagonista, acredite: acho que é natural do ser humano. Sendo que uns são mais sutis e outros mais exacerbados.

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  2. Boa tarde Luiza Helena,

    Você acha que além dos professoras tomarem essa iniciativa de utilizar história oral, a escola também deveria dar um certo suporte para que esse tipo de atividade ocorra? Como por exemplo, convidar pioneiros da cidade para contar sua história de vida aos alunos, organizar visitas, entre utras.

    Parabéns pelo seu texto. Abraços.

    Ass: Karina Honorio de Almeida

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  3. Boa tarde, Karina!

    Agradeço seu gentil comentário... Trabalhar a História Oral e as Histórias de Vida dos pioneiros é algo tão fascinante que quem compreende essa importância acredito que apoia um projeto dessa modalidade. Algo que nem necessita de muitos recursos e será tão valiosa para a comunidade estudantil quanto para aquele que fala. A escuta é muito importante, principalmente, para as pessoas da melhor idade, eles se sentem valorizados e temos muito o que aprender com suas experiências de vida. Quantos temas transversais podem ser tratados em uma simples conversa, desde cidadania, identidade, a aspectos culturais e outros que envolvam a singularidade do entrevistado. Já pensou os alunos realizando exposições ou até criando um memorial sobre essas personalidades?

    Um abraço!

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  4. Nada mais prazeroso do que conhecer e praticar. Os estudos já afirmam que quando temos a possibilidade de ter contato com algo na teoria e na pratica, esse conhecimento fica registrados de forma mais consolidada. Então, nada mais justo e mais interessante do que permitir que os alunos conheçam, construam e transmitam suas historias, conforme descortinou a colega Luiza Helena.

    Podemos chamar esse processo descrito como: Aprendizagem Cooperativa?

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    1. Hudianny,

      Muito pertinente sua observação. Ao redigir este ensaio, muitas vezes, me vi pensando em como deve ter sido para esses alunos participarem de tal empreendimento. Será que tinham consciência que naquele, movimento nas comunidades, estavam construindo o conhecimento histórico ? E ao mesmo tempo valorizando as narrativas de sua comunidade? Acredito que isso tenha sido provocado/estimulado pela equipe do Museu Regional dos Inhamuns nos participantes desse projeto, pois, vejo eles uma sensibilidade, um cuidado com a valorização da cultura local.
      Colocar os alunos como protagonistas nesse processo deve ter sido incrível. Infelizmente, não tive oportunidade de entrevistá-los para verificar, cientificamente, como foi participar dessa experiência. Um Museu chamar a escola e comunidade local para fazer uma investigação desse porte é um primoroso trabalho de aprendizagem cooperativa. Um ensino que vai além dos conhecimento digamos “oficiais” cobrados em sala de aula, traz lições de cidadania, de respeito às diferenças, até os temas específicos direcionados pela singularidade de cada entrevistado.
      O trabalho do Museu Regional dos Inhamuns me encanta por não se tratar de um local meramente quase que estático, mas assume a característica de ser um organismo vive que se move, se junta a comunidade local e escolar para construir o conhecimento histórico, para trazer o público a resgatar e valorizar a cultura da região.

      Obrigada pelo seu comentário!

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    2. Grata e parabéns!!!

      joana hudianny almeida mendes

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  5. Olá, boa tarde. Texto muito bom. Como sugestão bibliográfica, há uma obra de Ricardo Santiago e Valéria Barbosa entitulada História Oral na Sala de Aula, acredito que possa ter ainda mais subsídios para suas pesquisas. Abs.

    At.te

    Esdras Carlos de Lima Oliveira

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    1. Caro Alex,

      Agradeço seu comentário e sua atenção em presentear-me com esta contribuição bibliográfica. Muita gentileza a sua! Momentos como este do Simpósio são muito propícios a esta troca de informações, conhecimentos... Aproveitemos então cada minuto!
      Um abraço!

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